quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Museus na luta!


Numa anedota, o aristocrata inglês mostra sua propriedade para seu colega visitante, começando pela estrebaria.
- Aqui você pode ver meus cavalos Puro Sangue. Logo adiante, meus pomares premiados. Lá, ao longe, meus campos de caça. Aqui é a minha mansão. Este é o meu vestíbulo, em estilo Tudor. Esta é minha escadaria de Jacarandá esculpido do século 17 que leva aos meus aposentos. E aqui estão eles. Aquela é a minha cama em estilo vitoriano. Aquela na cama com a camisola de seda de Madagascar sobre a cabeça é minha esposa. E aquele transando com ela sou eu.
Podem notar que nesta anedota, seu amigo visitante também era, possivelmente também, um aristocrata inglês, que deve ter respondido, na última frase:
- Obviamente!
Pois muito mais importante do que a evidencia de que o anfitrião não podia estar ao lado do visitante, transando com Stephanie (esposa do anfitrião) ao mesmo tempo, que um não podia ser o outro. Mesmo porque se fosse, teria ao menos tirado suas botas, era manter a etiqueta. A etiqueta deve ser mantida acima de tudo, inclusive das leis da física.
Os reles literais, veem que os museus estão sendo entregues ao capital, ao mercado, justificando a pressa, pela precarização existente nas instituições pelo Brasil. Esquecem, que eles mesmos sucatearam durante anos as mesmas instituições, preparando um golpe final, aguardando uma brecha. Não havia nunca verba possível, mas quando houve a tragédia do incêndio no Museu Nacional, logo surgiram verbas para reconstrução. O escândalo da proposta de privatização dos museus, fere a etiqueta internacional e mostra que a população abraça a causa dos museus e não dos governantes Neoliberais. Já os realistas retrógrados não entendem que não importa o que Stephanie esteja fazendo, e com quem. Isto é apenas verdade. Importa é o que foi dito durante anos e anos a fio. Que o museu público é ruim, não serve, está caindo aos pedaços. O certo é privatizar, como dizem. Sendo que tudo que foi privatizado no Brasil, apenas serviu para a exploração de cada consórcio e não para os objetivos com a qual foram lançados. Tem país, que até está estatizando tudo novamente. E museu não é mercadoria e nunca deve ser tratado como mercadoria – Uma séria ameaça aos lances do capital ilusionista.
A máxima sempre foi do que os que tem dinheiro definem a etiqueta. Desta vez não. A poucos dias da eleição, estão desmontando tudo quanto possível e tentando vender a preço de banana qualquer coisa. No tocante dos museus, haverá resistência. Como o bom exemplo das ações do Museu de Arqueologia de Itaipu, associado a vários órgãos de amparo ao público, comunidade, artistas, cientistas, professores e intelectuais, que sensibilizados, abraçaram a causa. Abraçaram a resistência do Museu e estão comprometidos com mais ações no futuro.
A ocupação teve como desdobramento:
Buscar formas de acionar a justiça contra a MP850; Enviar aos deputados as cartas dos servidores, notas de repúdio contra o retrocesso que representa; Criar um núcleo de apoio ao MAI pra organizar as ações de protesto; Elaboração de um texto único de todas as iniciativas sociais da região oceânica em apoio aos museus federais e contra a MP, incluindo nesse texto as iniciativas, ações e realizações que o MAI promove junto à comunidade do seu entorno, o Programa de Educação Socioambiental, o Inventário Participativo de Histórias de vida, as parcerias diversas, entre outras; Solicitar aos vereadores de Niterói a elaboração de uma nota de repúdio à MP; Tornar público por meio de placares qual o posicionamento de deputados e vereadores quanto ao conteúdo da MP850.
Para aqueles que estão vendendo tudo e querem definir a etiqueta, assim como na anedota, não existe pecado maior que o levantar de voz.

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