quinta-feira, 25 de maio de 2017

Fabula

Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.
A lebre era um grande empresário, trabalhava no maior prédio de Botafogo. Possuía uma Ferrari F458, um tríplex em Ipanema, um Moto Z Play, uma Harley-Davidson 1915 11F e de quebra, viaja todo ano para a Europa. O tempo era corrido para a lebre. Não tinha tempo para seus filhos. Sua ex-mulher, quando levava suas crias para o seu final de semana SIM, muitas vezes tinha que pegar mais cedo, levando a Lebre-fêmea a ter que desistir de vários compromissos e com isso, lavando ao tribunal por negligência. Nada que tirasse a lebre de seu foco empresarial, conservador e cristão. Por conta de delações premiadas, seu nome foi jogado para a imprensa e o nervosismo toma conta do seu ser.
A tartaruga, mais humilde, está passando por um momento difícil. Desempregada, está enviando currículo a pelo menos dois meses. Apesar disso, divide o pouco que tem, na participação do coletivo de caridade que tem em seu bairro. Não deixa de participar do churrasco dos amigos, onde não colabora no racha das despesas, mas é presente no preparo das carnes. Vegetariano, não se opõe em trabalhar com churrasco, mas faz questão de encontrar com os amigos. Apesar de ter casa própria, se preocupa com o bem-estar de todos seus amigos.

A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga.
Toda manhã, os dois se encontravam no cruzamento da Uruguaiana com Alfândega. Ele na sua imponente Ferrari e ele no seu modesto Volks 97. A lebre aproveitava suas frustrações e raiva, naquele momento, naquele perímetro e sabendo que a tartaruga demorava 3 minutos para começar a retrucar, aproveitava e partia quando o sinal abria no verde, fazendo aquele barulho característico de quem pode acelerar de 0 a 100 em segundos. Quando conseguia pronunciar a primeira palavra já ouvia o som das buzinas clamando para que andasse...nunca a tartaruga lhe dirigiu a palavra. Por que isso acontecia com frequência?
Quem tem pressa quer sempre acabar com quem está na frente devagar. Isso é chamado de síndrome senhor volante. Pode ser aplicada também para aqueles senhores andantes nas ruas. Somente quem teve Chycungunya e fica na situação inversa pode entender como os apressadinhos se sentem, mas e o enfermo? Ninguém quer pensar nele. 

Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, decidiu desafiar a lebre para uma corrida. Não de carro, pois a diferença era muito grande. Uma corrida a longa distância a pé, como nos clássicos da Grécia antiga. No dia seguinte, no encontro das ruas, como de habitual, a lebre foi caçoar da tartaruga, quando esta entregou seu desafio por escrito. Letra de forma, com horário, dia e prendas e ganhos, respectivamente ao perdedor e ganhador. Lendo aquilo rapidamente, deu de prontidão um pequeno sorriso no canto da boca.
A lebre muito segura de si, aceitou prontamente.
No dia e hora marcados, os dois estavam lá. Não perdendo tempo, a tartaruga pôs-se a caminhar, de forma lenta, porém, firmes. Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, fácil, parou e resolveu olhar a bolsa de valores através do celular. Empolgada com o pregão e seus administradores do outro lado da linha, não viu a tartaruga que a ultrapassou e começou a correr. 

Na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada, toda sorridente. A tartaruga ganhou a Ferrari da lebre e a lebre deveria usar seu Volks antigo. Agora, todos os dias, os dois se encontram no cruzamento. A tartaruga não precisa dizer nada a lebre que tendo como prenda usar o carro por pelo menos 10 anos, também não se dispõe a cruzar olhares. A única liberdade da tartaruga é acelerar de 0 a 100 quando o sinal abre, deixando o buzinaço para seu colega fitness, a lebre.

Moral: Não faça do seu carro uma arma, a vítima pode ser você.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Eu, Robô?

Meu amigo jornalista, companheiro de trabalho do saudoso Jornal do Brasil, João Erthal, escreveu um post curtinho e muito interessante e peço licença para desenvolver um pouco mais sobre o assunto, pois também fiquei muito intrigado sobre o assunto recorrente:
Prove que você não é um robô.
Ultimamente, alguns sites exibem essa frase, onde para continuar o acesso, precisa provar que você não é um robô. Como assim? Prove você primeiro! Vejam bem: é um robô mandando você provar que NÃO É UM ROBÔ. Geralmente um poste mijado de cachorro, Carros desfocados ou placas que você tem que colocar exatamente todos os cantos.
Montanhas Placas de ruas Carros Rios Não sou um robô!
Sabemos que é uma maneira de evitar spams. Antes, tínhamos apenas que ser sagazes ao identificar o que estava escrito em fotos desfocadas e reproduzir. E antes era pior, não sei se lembram, mas o texto ficava no meio de rabiscos, muito pior de visualizar e geralmente se errava mais...
Prove que você não é um robô.
A frase é difícil de digerir. Estamos cada vez mais adentrando aos meandros da inteligência artificial. É um passo importante para a humanidade, no sentido de viajar pelo universo atrás de um outro planeta para a humanidade se desenvolver, trabalhar para os humanos e fazer atividades mais complexos. Mas ao mesmo tempo que vislumbramos grandes avanços para nossa sociedade, nos remete aos nossos maiores medos: O robô se voltar contra nós, como no livro de Isaac Asimov, passando por cima das leis fundamentais de sua programação.
Ou pior, a Skynet se revoltar e criar condições de luta para eliminar a raça humana. E se não existir no futuro um John Connor? Existiu um super-ataque mundial na rede no final de semana que abateu grandes empresas pelo mundo todo ao mesmo tempo. Está certo que foi orquestrada por grandes hackers, mas até quando a inteligência artificial não será melhor que nós nesse aspecto? Será que estamos longe dessa realidade?
Maior ataque cibernético da história afetou mais de 200.000 vítimas em 150 países. O mundo virou um episódio de The Good Wife. Foram efeitos que ainda estão sendo diagnosticados, algumas pessoas ainda serão atacadas pelo vírus, mas já deu para perceber mudanças na bolsa elevando os valores das empresas digitais. Podemos minimizar esse medo? É vigilância contínua? Não existe nenhuma garantia de segurança total e se formos pensar que muito em breve a auto reprodução automática de sistemas será algo corriqueiro, ai meu amigo, Houston we have a problem.
Prove que você não é um robô.
Quando passa as 20 páginas de um termo de uso, onde duvido que algum ser humano gaste um tempo lendo ponto por ponto, ninguém me pergunta se sou um robô quando clico em CONCORDO. - Coisa que só um robô faria com essa rapidez. Ahrrá! Xeque mate!

Belchior cantava em “Velha Roupa Colorida” que o passado é uma roupa que não nos serve mais…Talvez seja o cuidado com as palavras não importa aos mais novos, ou até trabalhar sem desconfiança de nada uma virtude da juventude, mas sempre vou questionar e ficar atento aos passos que a humanidade está dando, afinal muitos são Sensíveis como um robô, mas eu sei a diferença entre vida e viver...

Música Reluz


Foi lançado na última sexta o hit repaginado Reluz. "Reluz", de Marcos Sabino, é o hit nacional repaginado por ANDRE BARROSO E BANDA. Recém-lançado pelo selo Café ForteMúsica Digital/Sony Music, com participação da cantora Maria Tereza. Produção de Gilber T e Bruno Marcus, na Tomba Records. Agradecimentos especiais a Felipe De Paula Ferreira -- que também toca bateria na faixa

Disponível:
Spotify - 
https://www.bit.ly/ReluzSpotify
Google Play - 
https://www.bit.ly/ReluzGooglePlay
Deezer - 
https://www.bit.ly/ReluzDeezer
Itunes - 
https://www.bit.ly/ReluzItunes
Youtube - https://www.youtube.com/watch?v=VUwIH2WaYPE&t=3s

Letra e Música: Marcos Sabino
Produção: Gilber T e Bruno Marcus
Gravado, Mixado e Masterizado por Bruno Marcus no estúdio Tomba Records
Distribuição: Café Forte Musica Digital / Fonoastronauta / Sony
Lançamento: 2017

Produção web: RM Mídias

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Thomas Jefferson e sua libido

O povo sempre é fascinado pelas curiosidades que envolvem celebridades. Das mais inocentes as mais picantes, tudo é motivo para aquele início de papo com os amigos ou como trunfo naquela conversa que não desenvolve. É impossível guardar um segredo qualquer, principalmente nos dias de hoje. Está comprovado que na nossa atual sociedade tecnológica, nada escapa dos olhares de câmeras das mais variadas lentes e pixels. Tirando as filmagens de Óvnis que sempre tem a pior gravação, todo restante está bem documentado. Sabe-se tudo a respeito dos famosos. Chega-se ao ponto de saber qual calcinha a modelo escolheu para o vestido de gala. As próprias redes de espionagem estrangeira têm papéis invertidos, passaram de espiãs a espionadas por hackers.
Agora, um personagem que sempre tem holofotes de grandes proporções, são os presidentes de países. Floriano Peixoto, era bastante severo, chegando até transferir o carnaval de fevereiro para junho de 1892. Rodrigues Alves era dorminhoco, Juscelino Kubitschek gostava de tirar os sapatos em reuniões e Itamar não usava terno marrom; não viajava em janela de avião e não usava meias ou sapatos pretos durante os vôos para qualquer parte. Mas talvez a vida sexual dos presidentes seja a mais lembrada como nos casos de Bill Clinton (Com o famoso caso com Monica Lewinsky) e Kennedy e seus amores (de acordo com Richard Thomas Condon – no livro Winter Kills -, onde acompanhou tudo de perto, entre eles a linda Marlyn Monroe). Mas poucos acompanharam a vida sexual de Thomas Jefferson, terceiro presidente americano e um dos fundadores da nação. O próprio Kennnedy, o rei das amantes, idolatrava o iluminista. Teria declarado com paixão, quando recebeu quase 50 prêmios Nobel na Casa Branca:  "acredito que esta é a mais extraordinária reunião de talento e conhecimento humano que já foi reunida na Casa Branca – com a possível exceção de quando Thomas Jefferson jantava aqui sozinho." Larry Flynt, teria afirmado que não soltou os escravos de suas condições, por ter preferencias eróticas por eles. Inclusive, sua amante mais conhecida era Sally Hemings, sua escrava, onde teria tido não um filho com ela, mas sete.
Thomas era chamado de degustador sexual e se tivesse a chance de viajar pelo mundo, com certeza iria passando a régua por onde passasse. Não sobraria ucraniana, ganesa ou Vladsvostokense.
Uma história que dizem atribuída a ele, faço aqui um pequeno desenvolvimento para mostrar como aconteceu. Jefferson estava com uma amante, na residência dela, quando subitamente chega o marido. Flagrado pelo companheiro traído, Jefferson, descolado e já acostumado com a situação, não se perturbou e já jogou na lata:
- Calma meu filho! É uma questão de segurança nacional! – Bradou Jefferson – preciso estar 24hs do dia com alguém perto de mim!
- Perto demais, não é Senhor Presidente!
- Sempre vou a fundo nas minhas determinações!
- Mas senhor presidente, o senhor tem uma segurança particular enorme, mais a Agencia de inteligência e a polícia municipal! ...
- Não se iluda! Napoleão sofreu várias tentativas de assassinato e ele tinha alguns sósias para despistar. E George Washington? Sofreu nas mãos médicas e morreu lentamente!
- O Senhor precisa que eu chame a segurança neste momento?
- Não é preciso meu filho! Inclusive estou engatado neste momento, não podendo me desvencilhar para qualquer ação externa!
- Precisa de algum conselheiro?
- Não. Na verdade, preciso de um Tabelião.
- Está sentindo inseguro?
- Não. Preciso registrar uma posição sexual nova. Não consegui encontrar essa no Tantra. Devo chamar talvez de posição Jeffersoniam!
 - Senhor! Isso me ofende tremendamente!
- Como assim? Sabe com quem está falando? Sou o presidente dos Estados Unidos! Você tem que ficar ofendido é com as altas taxas das mercadorias no comércio, com as atividades sísmicas e as delações premiadas! Isso sim!
- Desculpe senhor! Nisso você tem razão. Mas não vai se safar por comer a minha esposa! Exijo retratação!
- Veja bem, não me furto de um caso mal resolvido. Mas creio que não exista um, pois veja o sorriso de ponta a ponta de sua companheira. Fiz um bem neste local, com a chancela presidencial!
- Tenho que limpar minha honra!
- Você sabe onde moro! Não vou fugir. Moro naquela casa branca ali! Se quiser ajuda de meus escravos, fique à vontade. Você merece por botar mais uma garota na minha contagem oficial. Todos lembrarão deste momento daqui a várias gerações! De como Jefferson estava sempre de bom humor com seus eleitores! Deu até vontade de criar uma Universidade...
De qualquer maneira, Jefferson precisou da ajuda de sua segurança particular para escolta-lo do quarto da amante até a residência oficial. Um escândalo na época, mas contado com o fato que a população esquece os fatos muito rapidamente e tudo passou de um fato, para uma história e logo depois para um folclore. E com o passar dos anos, tudo virou história obscura e seus atos mais importantes foram marcados para as futuras gerações.

O fato de ter tido uma vida sexual muito ativa, sempre beneficiando suas taras e desjos ocultos, talvez explique sua morte, que mesmo adiantada, teria sido cercada de controvérsias entre alguns estudiosos que apontam que Jefferson e John Adams (Também ex-presidente e amigo), que morreram na mesma data, tenham tido juntos sua última experiência erótica e morreram de mãos dadas. Dizem as más línguas.  Principalmente as purpurinadas.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Pânico e circense


Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui. Se mede em metros? Sistema geométrico? Unidade Schrödinger? Nada disso. É o seu caráter, suas idéias e a nobreza dos seus ideais. Você poderia me perguntar sobre Napoleão por exemplo. Aquele baixinho invocado, tinha por volta de 1,69m. A média dos europeus naquela época era de 1,64m e seu maior (Maior?) Inimigo era Horatio Nelson que tinha seus ridículos 1,62m. Ou seja, pasmem, Napoleão era um gigante. Um gigante na altura e seus desejos de domínio mundial. Hoje, quantos gigantes em comparações mundiais conhecemos? Hoje, tirando o dream team do Los Angeles Lakers de 1980, consigo pensar apenas no Golias (que lutou contra David). Este teve uma passagem rápida na história e perdeu de um baixinho! Algumas figuras, de grande valor crítico, emocional, caráter, podem até não ter existido como no caso de Pitágoras ou Homero. Vários cientistas afirmam que suas obras foram feitas a várias mãos ao longo da história.
Seria bom em alguns momentos, podermos chegar a alguém de baixa estatura e falar para ela: “Acredito que você tenha uns três metros e quarenta! ” Isso, você contando a altura métrica dele mais a grandeza de seu ser, sua iluminação, seu caráter, amizade. Mas para isso acontecer, necessariamente, devemos conhecer a pessoa a ser medida. Precisamos de um certo tempo, convivência, risadas com cervejas artesanais. Uma dessas medições, poderia ser a hora do Pânico!
A hora do pânico. Ah esse momento único! É um recorte muito especial da pessoa. Esse momento de pavor que mexe com os nervos e parece que muda o comportamento de cada ser vivo no planeta, pode crescer ou apequenar. Seu momento derradeiro, onde cada um demonstra suas fraquezas e põe a prova decisões que podem significar a própria vida. Mesmo aquele camarada, que tem sua voz potente a lá Darth Vader, pode nesse momento gritar como uma menininha de 6 anos. Alguns chegam até a quebrar copos de cristal, a pelo menos quatro quilômetros. Imagine só!
Para não ficar apenas apontando o dedo para outras figuras, vou me incluir nesta explanação, contando um momento recente por que passei.
Estava eu em uma viagem ao norte do Rio, aprazível local no meio das matas, em uma confortável pousada, lotada de pessoas conhecidas. A cidade era pequena. Uma grande avenida era o local mais importante. É claro que você em um local novo, quer andar e conhecer o que podem oferecer de novidade para você. O detalhe a ser colocado, é que estava a pelo menos duas semanas com Chycungunha. Essa doença que impede sua vontade de se aventurar até mesmo para pegar o controle remoto na mesa logo a sua frente. Pois bem, andando com dificuldades pelas ruas da cidade turística, percebi que duas pessoas estranhas estavam logo atrás de mim. Em cidades estranhas você reconhece imediatamente que é local e visitante. Os locais são sempre impávidos com a paisagem. O visitante é sempre deslumbrado, andam como tartarugas e sempre estão vestidos de maneira inapropriada ao meio ambiente. Não chega a ser aquele americano vermelho com câmera a tira colo e bermuda de florzinha no calçadão do Rio, mas fica bem evidente sua vestimenta, não precisando ser uma Lilian Pacce para perceber a situação.
Pois bem, num instante para o outro, sem que se possa dizer a razão, surgiram outras figuras estranhas seguindo a minha figura. Quando vieram mais 3 ou 4 na minha frente, gelei. Deu aquele frio na espinha subindo até a nuca e o suor frio. Me pus imóvel, como na maioria das situações para não desaguar qualquer reação imediata. No total pareciam uns 7, mas na minha visão de temor eram 40.  A princípio todos se entreolhavam. Tinham semblantes de nordestinos que estavam imigrando para ganhar a vida de alguma forma em outro estado. De qualquer forma, me senti como a galinha do Cidade de Deus. Conseguia ouvir até a trilha sonora de Antônio Pinto na minha cabeça.
Respirei um pouco nesse meio tempo e consegui averiguar que eram apenas 7 e não 40. Consegui perceber que algumas pessoas corriam ou atravessavam a rua. Meu coração parecia que pulava pela boca, mas o silencio era mais alto.
Tudo foi muito rápido. Mas é claro que posso estar enganado, afinal, nesse momento tudo passa muito rápido ou como Neo se desviando das balas em Matrix. De qualquer forma, pensem: Interior bucólico de um vilarejo no Rio, eu com Chycungunha, 7 estranhos em volta, ninguém nas redondezas, feno rolando na Avenida principal, olhares espantados nas casas entre as persianas e pânico.
E aí tomei a decisão.

Comprei todas as lembrancinhas do local que estavam vendendo, inclusive rede de dormir para dois.