quinta-feira, 25 de julho de 2019

No mundo da lua


Uma data redonda. Os cinquenta anos da conquista da Lua pelo homem são um marco muito importante para a grande aventura da humanidade, acostumada a desbravar e conquistar. Ela marcou o início da conquista espacial no nosso inconsciente, mesmo que as poucas conquistas tenham sido ínfimas aos olhos da população, são um grande passo para humanidade. O jargão que foi usado por Armstrong, vai marcar para toda vida, mas seu passo é marcado entre alegrias e expectativas assim como mistérios e teorias da conspiração. Particularmente, tenho essas dualidades bem marcadas na minha mente.
Se formos ver a corrida espacial simplesmente pela ótica de uma timeline, temos a Rússia com mais capacidade de chegar ao objetivo final. Depois de ver os russos lançando o primeiro satélite Sputnik, de serem os primeiros a lançar um ser vivo (Laika) ao espaço e levou o primeiro homem ao espaço – Yuri Gagarin. Se mordendo todo, os americanos fizeram de tudo e elevaram o stress de toda a equipe para ganharem essa disputa de qualquer forma, em uma data em que os russos não pudessem ganhar e mostrassem ao mundo quem realmente era a mais potente nação. Sacramentaram com a conquista da lua, televisionada para o mundo todo e registraram com pompa a bandeira americana fincada em solo lunar.
Senão vejamos. Desde que os EUA jogaram a bomba atômica em Hiroshima, estabeleceram a marcar de domínio pela força no mundo. O mundo começa a se dividir e mais tarde se estabelece essa divisão com a chamada Guerra fria, que apenas estava estabelecida na sociedade e meios de comunicação. Americanos e russos tinham parcerias na conquista espacial e continuaram desta forma, mesmo a indústria americana taxando seus parceiros de “comunistas que comem criancinhas” e sendo os bandidos da vez em todas as películas. Os americanos tinham problemas na economia e principalmente na sociedade, pois o acirramento das tensões raciais estavam fortes e em 1968 foi marcado pelos assassinatos de Martin Luther King e do senador Robert Kennedy, além dos diversos protestos em todo o país contra a Guerra do Vietnã. Nixon queria uma vitória norte-americana para apaziguar os ânimos. Na américa latina, as ditaduras militares avançavam com toda brutalidade, tendo apoio do próprio EUA para manter suas colônias firmes. Para o resto do mundo, A União Soviética foi a verdadeira vencedora desta disputa. E é a conclusão do documentário produzido pela BBC "Astronautas: como a Rússia venceu a corrida espacial".
O histórico de manipulações americanas é uma grande mancha para a nação, o que não tira o mérito de avanços tecnológicos, científicos e para várias outras implicações na sociedade. A forma de ganhar a todo custo é um problema para quem tem que afirmar o capitalismo e o dinheiro como mais importante visão de vida no planeta. Para isso, teve ajuda luxuosa do engenheiro alemão Wernher von Braun e sua equipe. O alemão, depois da derrota nazista, foi trabalhar nos Estados Unidos, no programa de divisão que os dois países rivais ficaram com os cientistas fascistas em seus programas de desenvolvimento. Os americanos ainda não tinham capacidade interna de chegar a essa conquista. Os americanos com certeza chegaram a Lua mais de uma vez. Talvez, e que muitos ainda contestam, é que talvez não tenha sido naquela data específica. O famoso diretor de cinema Stanley Kubrick, que havia feito "2001: Uma Odisseia no Espaço", fez um vídeo confessional, post-mortem, afirmando que ele filmou a descida do homem à lua naquela época e contou como foi o convite do governo naquela época.  Tudo para vencer essa hegemonia perante o planeta.
Muitos no Brasil, principalmente moradores no interior e de pouco acesso, ainda não acreditam nessa ida e que São Jorge não teria permitido, mas os piores são aqueles que acreditam que a Terra é plana. Ou seja, demos um avanço enorme, um salto tecnológico de infinita grandeza rumo ao espaço, mas ficaram aqui, muitos mimados, tagarelas e sem nenhum avanço social convivendo em nossa seara.

Prêmio


Mais uma indicação ao prêmio Arte em movimento. Obrigado pela indicação

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Chega de saudade. Não chega!


Para o gênio que sempre pediu silencio da plateia, desta vez ganhará um sonoro aplauso. E de pé. Não há palavras para descrever o quanto João Gilberto foi importante para a música brasileira. Parafraseando Dostoievski (se Deus não existe tudo é permitido), digo: se João Gilberto existe tudo é permitido. Ele conseguiu a proeza de ser cultuado no mundo inteiro, com uma música simples, mas complexa ao mesmo tempo. Criou uma batida, uma forma de cantar e deu oportunidade de alguém que tinha um violão de também tocar, sem vergonha de alguma comparação com cantores de formação. Fora o fato de ter influenciado toda música brasileira desde o lançamento de seu disco Chega de Saudade.
Meu depoimento pessoal, também como músico, pode ser registrado como minha forma de cantar. Graças ao João Gilberto e sua forma quase de falar ao invés de cantar, faço o mesmo com minha música pop contemporânea. Essa herança musical, faz com que não precise se profissionalizar e exagerar nos vocalizes como os americanos. É mais elegante e moderno. Imagine, até hoje, João Gilberto é moderno. Costumo viajar de carro e no meu pen drive, sempre está o disco Getz/Gilberto. Um dos meus Top 10 de discos. Para viajar então...mas posso citar também Chega de Saudade, que foi o divisor de águas da música. Outro disco que adoro é o intitulado João Gilberto. Tem a minha música preferida dele chamada É preciso perdoar. Uma daquelas que fica na cabeça durante o dia. Nesse disco ainda tem as magnificas: Eu vim da Bahia e Eu quero um samba.
Bela trajetória de quem amava Orlando Silva, mas procurou a batida perfeita e mudou radicalmente a música, como diria Ruy Castro, 1 minuto e 59 segundos que definiram de antes e depois. Nada mal ser o influenciador de músicos como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Chico Buarque, entre outros. Maravilhoso ser responsável por toda música brasileira em todos os estilos. Tudo que temos na modernidade, devemos a ele. Podia ser um ícone com mais alcance, mas sua reclusão a lá Howard Hughes, o impediu. Poderíamos falar que era generoso com os outros músicos e adorava conversar ao telefone de madrugada, mas seu gesto de querer sempre seu anonimato preservado, transformava cada aparição em um grande acontecimento. Como um troféu a ser exibido. Foi capa do JB, quando fez uma aparição surpresa para tocar Noel Rosa na rádio, deixando o locutor sem palavras. Mesmo assim, influenciou também artistas do exterior como Andy Summers, do The Police ou sendo um desejo de tocar, como com Eric Clapton. Caetano disse: "Eu, você, João/ Girando na vitrola sem parar/ E o mundo dissonante que nós dois/ Tentamos inventar”.
Teve a dimensão única como artista. Acho que nem ele sabia a dimensão de seu trabalho para o mundo. Foi o primeiro artista não americano a ganhar o Grammy de álbum do ano, em 1965. Essa marca só foi repetida de novo, pelos Beatles. Mas não só na área musical. Toda uma geração se arrebatou com sua batida. O cinema foi povoado com Bossa Nova. A pele que habito (Almodóvar), Prenda-me se for capaz (Spielberg), Boyhood, Os irmãos Cara-de-pau, Um homem e uma mulher, entre muitos outros. Seu ouvido absoluto e sua busca pela perfeição levaram ao estilo que flertava as vezes com a desafinação e homenageado na música Desafinado. Foi um momento de exportação de uma alegria brasileira que João Gilberto proporcionou além das notas musicais. Um músico que conseguiu colocar seu nome na história da música, que vai perpetuar por séculos. Muitos passarão, ele é eterno.
Ele, mesmo tentando dissipar a ideia de tristeza das músicas até então, criou músicas que o país se identificou e se identifica até hoje, como: Lá vem o Brasil descendo a ladeira. João Gilberto montou o imaginário do Brasil alegre, no qual nunca vivemos e sempre temos saudade.

Esquenta do clipe Diante do Amanhã


Já está disponível o esquenta do clipe Diante do Amanhã. Aguardem em breve o clipe na íntegra

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Viva os 50 anos do Pasquim


Nióbio. Nióbio é o que temos para hoje. Seria um prato cheio para o velho Pasquim. Na semana passada, o jornal completou 50 anos de seu lançamento. E dá muita saudade. Hoje, se estivesse ainda ativo, teria um prato cheio, não só pelas sucessivas e diárias derrapadas do governo, mas por ter um conhecimento de causa dos eventos que chegamos até aqui. Senão vejamos. O golpe de 1964 foi uma articulação política golpista feita por civis e militares. Por causa da relação de Jango com o sindicalismo e sua idéia de fazer Reforma Agrária, levaram os conservadores a chama-lo de comunista. E Também incomodava também os Estados Unidos, que consideravam João Goulart “muito à esquerda” e passou a financiar os movimentos golpistas no Brasil, principalmente grupos como Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais, e o Ibad, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática. Os grandes jornais uniram-se em uma articulação golpista. A conspiração dos grupos da extrema-direita estava de vento em popa, quando as manifestações de grupos conservadores tomavam as ruas com discursos pela família, tendo a Marcha da Família com Deus pela Liberdade a mais famosa. No final, no dia 31 de março, uma grande rebelião feita por Olympio de Mourão deu início ao golpe civil-militar. Alguma semelhança com os dias de hoje?
Tenho muito orgulho de ter participado um pouco dessa história do Pasquim, de resistência ao sistema, começada por Tarso de Castro, Sérgio Cabral e Jaguar. O nome foi sugestão do cartunista, vendo que seriam difamados pela ala de direita, então assumiram de uma vez o nome Pasquim, que significava texto satírico colado em local público; pasquinada; jornal de pouca importância. Surgiu inicialmente como jornal comportamental que falava sobre sexodrogasfeminismo, entre outros temas. Com o tempo, virou político e teve figuras como Ziraldo, Millôr, Claudius, Fortuna, Paulo Francis, Ivan Lessa, Ruy Castro, Fausto Wolfe e Borjalo.
Foi um sucesso estrondoso. Algo nunca esperado. Vendeu 100 mil exemplares, sem anúncios, que no período foi algo de muito sucesso. Se sustentava apenas nas vendas nas bancas. Millor costumava dizer que para um jornal underground, duraria 6 meses e se passasse disso, não seria mais underground. O sucesso não foi apenas pelos cartuns ácidos e poderosos dos maiores cartunistas do momento, mas as entrevistas sem retoque, inovadoras no jornalismo e casual para eles. Grandes entrevistas foram feitas, entre elas Cazuza, Jânio Quadros, Chico Buarque, Dina Sfat e Leila Diniz, com participação da redação e sempre com o olhar atento de Rick Goodwin e registrado recentemente na série para televisão das Grandes entrevistas do Pasquim, direção do documentarista André Weller e uma interpretação maravilhosa de Augusto Madeira, no papel do Jaguar.
As inovações não foram apenas para a imprensa brasileira, que depois adotaram a fórmula de fazer entrevistas, assim como encheram suas redações de cartunistas, mas criaram modismo também em comportamentos e da língua, como as expressões: Duca, Põ, Quimera e É Ford.  Tiveram o melhor plantel de ilustradores da época, com a participação incrível de Henfil que era da ala mais política do jornal, e trouxe personagens significativos como a série O Cemitério dos Mortos-Vivos, em que "enterrava" que eram favoráveis a ditadura. Muitos deles não queriam sair na sessão. Elis Regina foi tirar satisfação pessoalmente com o cartunista. Isso mostrava a força do trabalho dele. Outros passaram por lá, com contribuições geniais e em início de carreira, como Miguel Paiva, Reinaldo, Lapi, assim como os geniais cartunistas de São Paulo, Angeli e Laerte, que achavam os trabalhos cariocas mais light do que os de São Paulo.
Foram bons ventos que passaram nesse período e sobreviveram por muitos anos até o século 21. Mais uma vez, o clima ficou sombrio no país com clima seco, nos remete talvez a uma nova resistência juntando forças mais uma vez dos cartunistas e novos conceitos digitais. Isso porque todos os indícios apontam para um único culpado: O vento.