quinta-feira, 26 de março de 2020

Lançamento do ebook Não fale mal até vinte dias




Não fale mal até vinte dias

Lançado no dia de hoje, o livro "Não fale mal até vinte dias", de André Barroso, pela Amazon. O livro de contos, estórias, opiniões e prosa é o primeiro livro virtual do escritor, que atualmente escreve para colunas de portais, como o Eu, Rio! Já trabalhou para diversos diários do Rio de Janeiro, entre eles, O Fluminense, O Dia, Jornal do Brasil, Extra e colaborou com a Folha de São Paulo e Pasquim. Artista plástico e escritor que se posiciona como o mestre Millor Fernandes, possui um trabalho floreado com as palavras, sem abandonar o humor inteligente. André Barroso também faz quadrinhos, charges, ilustrações e é artista plástico. Também tem seu lado músico, sendo artista distribuído pela Universal Muisc.

Este livro, em tempos difíceis, é a alternativa cultural de quem produz cultura no país. Diz André: "Sempre temos que ler os clássicos, mas na cabeceira da cama, tempos que ter os contemporâneos, que são os mais intempestivos." A coleção de trabalhos unidos neste livro traz contos inéditos, recheados de opiniões publicadas, estórias engraçadas e uma miscelânea de formas diferentes de linguagem, para não cansar o leitor. O livro está sendo vendido na Amazon pelo link: 



 Para assinantes do Kindle é gratuito, para os não assinates está sendo vendido por R#24,99


Diário do confinamento


Queridos familiares:
Semana 1 do confinamento. Estou escrevendo para acalmar todos. Vamos combinar videoconferências para conversarmos vendo um ao outro. Matar saudades. Temos agora 24hs para dedicarmos um tempinho para cada um, que tal? É como segurar a mão de cada um pela internet. Sábado bateu um baita solzão e a vontade de ir à praia, faz como? No primeiro sábado foi um sofrimento. Lutando contra a vontade, contra ver aquele marzão sem fim, de ficar sem fazer nada na areia. Parece que ficar sem fazer nada em casa não é a mesma coisa. A crise de ansiedade, leva a comer um pouco mais de pão com manteiga. Eu sei. Não pode transferir para a comida essa sensação, mas vai dizer isso para o corpo. Ele conspira, mas situações mais difíceis.
Aí, na hora que a coisa tava indo, tem o momento em que vamos para a televisão. Mais de 100 canais, youtube, streaming, aplicativos, mas você vai cair sempre no noticiário. Reparou como tudo foi apertando, apertando para nos distanciar das ruas, mas você sempre precisa ver se é mesmo? Tipo São Tomé? Por que eu estou cumprindo minha parte no confinamento à risca. Sou um pouco assim. Não tem a ver com libriano. Aliás, nada a ver com libriano. Talvez seja TOC. Mas olhando pela janela e vendo alguns velhinhos, que são os que não deveriam de maneira nenhuma estar na rua, andando sem preocupação, assobiando, chutando pedrinhas, deixa uma ponta de debate no cérebro. E como é difícil fazer duas coisas ao mesmo tempo, o cérebro ganha. É sempre assim. Não sabemos assobiar e chutar bola ao mesmo tempo.
Confesso que meu tempo na internet aumentou, assim como o meu tempo de leitura está maior. Parece que o tempo e o espaço são diferentes. Um tempo maior. Preciso ler um pouco mais de Einstein. Deveria me regozijar desse tempo. Sim, verdade. Estamos em um período de encontro com nós mesmos, de reencontro com os amigos e de reorganizar nossas vidas. É perfeito. Ou seria perfeito se não estivesse chegando perto das contas para pagar. Olha a vibe negativa sempre chegando para estragar a paz interior! Ao invés de Gozijar mais de uma vez no dia, damos espaço para preocupação, principalmente por que pensar que o dinheiro não chegará não dá sossego.  Mas sou persistente. Regozijar vem do espanhol regocijo, que vem anteriormente do latim gaudire. No francês vem de jouir quedeu no inglês rejoice. No final, tudo acaba em alegria. E me propus isso para eliminar essa tensão da chegada do dia primeiro de abril.
Mas sabe o que me dá mais tensão? É a distância imposta de todos para salvar todos. O sacrifício que fazemos por todos, enquanto alguns ainda querem fazer festas e provocar contatos, minimizando a força da pandemia. Até o meio da semana, muitos estavam trabalhando, se encontrando em bares e tudo mais. Não era para ser quanto mais cedo nos recolhermos, mais cedo sairemos? Pois então? Parece que a gente era besta, a gente era bobão. Mas o futuro sempre acerta as contas, não é verdade?
Leio e releio livros que antes estavam de lado por falta de tempo, ou com a desculpa de falta de tempo. Rejoyce, de Anthony Burgess, uma releitura de Joyce, é um exemplo que imaginem, tem coincidências interessantes. Em Finnegans Wake, mostra o tempo reduzido a um dia, história da humanidade reduzida, numa redução de um texto. Esse sim foi um regozijo da vida. Todos os ciclos reiterados que transformam qualquer quarentena num arquétipo universal, reduzida a sua moradia de 60 metros quadrados. Olha que bom! Somos um universo dentro de um universo, com suas complexidades que são interessantes também. Veja como pude viajar e esquecer os problemas do boleto, com bônus de exercitar a mente. 
Dessa vez ninguém vai me fazer ficar contra o compromisso de melhora interior e exterior, por conta de uns e outros que querem esticar a quarentena. É verdade que me faz muita falta as minhas corridas de 10km, três vezes por semana, mas e o apelo da família para ficar em casa, como fica? Fico! Suar em casa é diferente, mas o compromisso com tudo e todos é maior.  O compromisso é de todos, assim como a mudança interior é de cada um! Sairemos muito melhores do que entramos, eu acredito.
Bênção,


quinta-feira, 19 de março de 2020

Corona no Brasil


Como na música da banda Corona, "The Rhythm of the Night", começamos a enfrentar a pandemia mundial no nosso país, fazendo o certo que é termos um isolamento social total para que a curva de ascensão da doença não tenha um pico como nos países mais afetados. A resolução do Ministério da saúde foi corretíssima, apesar do povo brasileiro, acostumado a abraços e beijos, a ter uma atitude mais de recolhimento. O que evidentemente não foi levado a sério pelo presidente que ignorou as recomendações de seu ministro, e mesmo estando ao lado de um representante da Anvisa, e de sua comitiva ter toda testada para Corona vírus, saiu do isolamento imposto e foi cumprimentar os poucos manifestantes na frente do palácio da Alvorada.
As crianças tiveram que doar suas férias para conter o avanço da doença. Algumas iriam começar sua semana de provas, mas agora podem ficar sem perspectivas imediatas de quando vão retornar e se vão conseguir completar o ano letivo. Outros, tinham viajem marcada para o exterior, foram pela ansiedade, estão pagando o preço tendo que ficar nos hotéis em isolamento. De uma forma ou de outra, é preciso não só o isolamento, mas outras medidas governamentais de enfrentamento, como incentivos fiscais para aqueles serviços chamados não essenciais, pois duas semanas podem agravar mais a economia já quebrada do país.
Agora curioso é o pensamento do cidadão médio, que está encarando realmente esse período como férias. Se foi pedido isolamento e sem contato com multidões, o povo vai à manifestação e vai à praia. Edir Macedo fala para sua legião de seguidores que é tudo balela, criando uma situação criminosa com seu rebanho, enquanto o Estado Islâmico pede a seus terroristas que se afastem da Europa com medo da pandemia. Que ironia. São os mesmos que achavam que nunca iriam se contaminar com AIDS no passado e proliferaram a doença no país. É um momento de responsabilidade coletiva. Você não estando em grupo de risco, não quer dizer que não será o transmissor para que é e se tornar cumplice com a propagação da doença e a quebra em todos os setores da economia. É momento de união para que essa curva de crescimento não aumente e possamos voltar as atividades normais em breve. O tempo voa e o mundo gira. Para alguns, a Terra plana capota.
Para a ala mais a extrema-direita, que expulsou os médicos cubanos, por ideologia e viram o rombo criado na medicina aos mais necessitados sem conseguir cobrir no próprio país, estão pensando em chama-los novamente para se juntar ao enfrentamento do novo vírus. Como os números divulgados são bastante baixos no momento, a população tem uma impressão errada do avanço dessa doença. Um amigo que trabalha no Souza Aguiar relatou que estão mascarando os números. Que os números são muito maiores. Ou não se expõe os números reais para não gerar o caos ou não estão dando a devida importância ao caos que pode levar o sistema de saúde da cidade. Aliás, nenhum sistema de saúde do mundo suporta um número de infectados tão grande. Só o Rio de Janeiro estará com mais de 24 mil infectados se não respeitarem as medidas. Niterói já decretou estado de emergência pública.
Estamos agindo como uma espécie de Sodoma e Gomorra, esperando que o castigo comece e atinja casos perto de cada um para começar a respeitar as recomendações de isolamento social. A internet vai ajudar você a não se sentir tão sozinho e ainda com operadoras de canal pago, abrindo seus sinais para você não se sentir tão triste. Boa atitude, por sinal. A arte estará presente para ajudar a passar por esse momento. Se não pessoalmente, mas virtualmente.
O espírito de Bezerra de Menezes, falado através de Divaldo Franco, relatou que foi necessária essa tomada de decisão para isolarmos as pessoas e nos uníssemos novamente como irmãos fraternos em prol do nosso próximo, pois caso contrário, seria uma nova guerra mundial de proporções terríveis. Aproveitemos essa benção e tratemos o caso com devido respeito e compaixão ao seu irmão.  No mais, evite aglomerações, lave bem as mãos frequentemente, use álcool em gel e treine sua garganta para cantar bonito na varanda como os italianos.

Campanha #vaificartudobem


quinta-feira, 12 de março de 2020

Cultura com Coronavírus



Está decretado: A cultura no Brasil está sofrendo de Coronavírus faz tempo! Regina Duarte que era o trunfo do presidente para que a classe artística esquecesse ele por um tempo, teve suas intenções frustradas logo com a nomeação e breve entrevista. Se não bastasse as irmãs Cajazeiras (a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, Michelle Bolsonaro e Regina Duarte) vestidas de bolinhas, o seu discurso foi o mais do mesmo deste governo, tirando a frase infeliz: “Cultura é aquele pum produzido com talco espirrando do traseiro do palhaço”. Triste ver o destino que é dado a cultura. Afinal, o que esse povo toma para falar essas barbaridades?
A cultura está com Coronavírus. Em um primeiro momento, você não sabe que está com a doença, que fica incubada no corpo e ela se distribui com muita facilidade a outros corpos. A cultura foi extirpada do status de ministério. Passou para comando do Ministério do Turismo. Teve Henrique Pires que se demitiu por não conseguir implementar um edital LGBT, Ricardo Braga exonerado, Ricardo Alvim demitido por apologia ao nazismo e agora, Regina Duarte. Não é surpresa que o presidente queira extinguir de vez a cultura no país. Tentou. Mas a pressão popular foi mais forte. Mas Regina Duarte aceitou o convite e já existe a hastag #Fora Regina, sendo que o mais impressionante é ter a maior parte de descontentes do próprio governo.
A cultura está com Coronavírus. O vírus pode causar síndromes respiratórias leves como a gripe, e uma febre alta. Estamos todos sofrendo com uma inexistência de política pública na área de cultura. Lembrando a ligação do cargo a administração pública como afirmou Ana Paula Paes de paula:
“A história da administração pública brasileira foi marcada pelo autoritarismo e por três tipos de patrimonialismo: o tradicional; o burocrático e o político. Vale ressaltar que os dois últimos moldaram a tecnocracia brasileira do regime militar, que sofisticou o uso patrimonial dos cargos públicos e reforçou o caráter centralizador do Estado. ” (Paula. 2005.p. 107).
Até o final da década de 1970 (período de idolatria do presidente) temos o paradigma do que era público como estatal, ou seja, o Estado se tornou o “dono” das questões públicas, o que contribui de serem atendidos os interesses dos grupos que dominam o Estado, como o que acontece neste governo. Política pública não é uma brincadeira, não é um cargo para ocupar, não é holofote. Política pública só ganham corpo através de planos, programas e ações.
A cultura está com Coronavírus. Ela precisa de contensão das autoridades para não espalhar e se tornar uma pandemia. Estamos assim na cultura. O governo federal que deveria governar para todos, já admitiu, com Regina Duarte que minorias não terão voz. Quer pacificar o setor, mas quem vai querer se associar atualmente com fascistas? A prática de condenar livros, determinar o que é arte degenerada, culpar artistas, foram utilizadas na Alemanha fascista.  Os heróis dessa nova cultura da qual querem exaltar, foram os mesmos ideais tratados naquela época. Em nome do “terceiro império romano”, pedia-se que a cultura fosse formada junto com as ideias fascistas. Em troca, o regime ofereceria, trabalho, instituições para controlar, solicitações de obras públicas para os arquitetos, lugares de exposição para os artistas e etc.. Enfim, o famoso toma lá, dá cá! Hoje, ainda não chegamos a esse ponto, por enquanto, porque nada consegue se sustentar na secretaria. Mas a despeito de tratar tudo como se fosse um circo, colocando humorista representando o presidente para falar com jornalistas, não estamos dando vozes ao fascismo tupiniquim e sim dando holofote ao circo dos horrores. A nova secretária defende a censura e quer diálogo. Muitos Querem acreditar nas pontes, mas os muros estão cada dia mais altos. Pausa para você pensar.
A cultura está com Coronavírus. O importante é saber que a doença passa e quando passar, precisamos primeiro descobrir se estamos vivos e tomar providências para não morrer de novo.