quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

No âmago


O ser humano é um predador voraz! Não necessariamente estou falando em relação a saciar sua fome literal, mas saciar sua fome de dinheiro, sua fome em se aproveitar do próximo, sua fome de só olhar para seu umbigo. Estive participando no domingo e segunda de dois eventos diferentes, mas com o mesmo propósito: A atenção para nossos bens (arqueológicos, museológicos e ambientais) e sua permanência no planeta.
Participei de um evento de ocupação cultural dos museus, levando a arte e intervenção para as crianças e comunidades, uma aproximação com o desenho de forma lúdica criando peças coloridas de peixes de papel presas em um sarrafo verdadeiro, montado no museu. Antes dessa experiência, tivemos um tour em volta de Duna Grande (Sítio arqueológico de sambaqui em Itaipu) e parando na lagoa de Itaipu. Com o sítio, aprendemos, as formas de vandalismo praticadas a algo relacionado ao nosso passado. Que nos diz respeito. Duna Grande, que em um passado não distante tinha a altura de um prédio de três andares, nos males menores era usada para prática de surf na areia até a praia, teve a grande parte de sua areia levada para aterramento por construtoras. Tudo foi parado porque um cachorro avisou seu dono, que havia um achado arqueológico de quase oito mil anos ali. Para proteger e salvar o achado arqueológico, foram plantados cactos para uma proteção sutil. Mas os moradores retiravam os cactos para proveito próprio. Hoje é cercada por arame, que tem pontos de entradas também. Lá, foram achados os mais importantes achados pré-históricos de uma família intacta em bom estado, que foram destruídos no incêndio do Museu Nacional. Os outros sambaquis achados em Camboinhas, foram totalmente destruídos pelas construtoras na terraplanagem, para construção de corredores de construções para os mais ricos.
Para a lagoa de Itaipu, o assoreamento está crescendo vertiginosamente. Existia uma área de lagoa que era enorme e que está sumindo. Tudo influenciado pela ação humana. Lixo que compromete a reciclagem de número de aves como o colheireiro, o caranguejo e a flora nas margens que foram totalmente modificadas. O interesse em construir nessas áreas é muito grande faz muitos anos e a queda de braço da especulação contra a natureza não tem tréguas. O novo plano diretor da cidade, admite construções na lagoa, e pode construir 220 prédios de 6 pavimentos, que tem um planejamento pronto desde 2002. A luta é incorporar a área ao setor de preservação permanente do parque da Tiririca, mas a força do dinheiro é sempre muito grande. E é sempre a base de passar por cima de qualquer um como um trator. Além dos óbvios problemas ambientais, aprovaram o Plano Diretor sem anuência da comissão de habitação. Por isso foi na calada da noite.
Nós expulsamos todas as tribos indígenas da cidade, sem direito a um pedaço de terra. Tradições como de Araribóia, que era canoísta, se perderam. Uma tribo tentou reivindicar um pedaço, mas foi transferida para Maricá. E lá, por interesses econômicos, estão lutando contra um grupo hoteleiro.
Por conta disso, procurei um trecho no livro Filosofia do gosto, de Brillat-Savarin, que fala que os índios antropófagos daqui notavam a diferença no sabor dos índios catequisados e nos não-catequisados. Ou seja, os índios convertidos adquiriam um gosto que os outros não tinham. Então, pode-se atribuir um gosto da alma cristã. Além do fato de um registro, na literatura, que existe uma prova da existência da alma através da percepção do sabor, deve-se saber não só o gosto da alma, mas a alma do gosto. Era bom? Melhor que o pagão? Eles poderiam desejar um padre, como alguns desejam a carne mais nobre do zebu.
Ainda bem que o desejo seria tentar buscar o santo graal, que seria um santo no espeto, do que provar o nosso cidadão contemporâneo. Com certeza, era motivo para indigestão!

Lançamento revista Gotinha D'água





Segunda dia 03/12, foi o lançamento da revista em quadrinhos Gota D'água, na Escola Municipal Dario em Itaipu. O Professor Carlos Eugênio, criador do movimento, deu uma palestra sobre proteção dos mananciais da Lagoa, com minha presença como ilustrador da cartilha de proteção ambiental e uma representante da Concremat que editou o trabalho.

Ocupação dos Museus


Domingo foi dia de ocupação artística nos Museus, em defesa de sua autonomia cultural. Proporcionei uma experiência para as crianças, em intervenção plástica. Criamos um espaço com o arrasto de peixes dos pescadores e criamos um mural interessante de peixes feitos de papel e pintados por todos aqueles que quiseram participar. O mural está fixo e foi muito bacana ver o interesse por todos em participar