quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Oscar em boas mãos


Finalmente um Oscar digno. Os novos tempos, de empoderamento, de luta por igualdade, de solidariedade estavam refletidas na grande festa do cinema. Minha mãe, assim como eu, gostamos e concordamos que foi uma festa muito bonita. De um jeito ou de outro, os novos líderes de extrema-direita nos EUA e Brasil, foram os alvos da maior festa mundial. Além disso, a cerimonia acertou em vários momentos, que até então, não acertavam. Limar os apresentadores humoristas, foi uma. Nunca achei graça ou achei uma figura necessária. Colocaram logo três mulheres humoristas apenas para dar o ponta pé inicial. E as figuras de Maya Rudolph, Tina Fey e Amy Poehler, atrizes que foram do Saturday Night Live, foram sintéticas em suas participações iniciais. E entraram após a apresentação de abertura do Queen com Adam Lambert e na sequencia arrebatou vários prêmios por Bohemia Rhapsody.  Quem disse que o rock morreu? Ele está mais forte que nunca, mas a indústria fonográfica no Brasil acha que não...
A diversidade e uma expressão de mais realidade nos votos dos prêmios foi um ponto muito interessante nas escolhas. Atores negros, técnicos negros, atores e diretores mexicanos e mais mulheres deram um tom mais real da verdadeira condição do mundo atual. Como foi bom um filme como Pantera Negra ser ovacionado na festa. Não só por ser um filme de herói, como deveria ser, mas por exaltar a cultura negra e africana. Foi lindo e muito justo.
O discurso de vários atores migrantes, assim como do vencedor de melhor ator, Rami Malek, falaram sobre a importância deles na construção da cultura americana e protestaram contra a demência de se construir um muro na fronteira dos Estados Unidos e México. Valorizaram sua língua falando em espanhol e se estabeleceram como fenômeno dos últimos anos. Guillermo del Toro com muita alegria deu o prêmio a Alfonso Cuarón, seu amigo e compatriota. O discurso da extrema direita do mundo tem como uma das bases, fechar as portas para os imigrantes e na festa foi provado o contrário. Devemos acolher nossos irmãos. Afinal, o mundo quer optar por amor ou ódio, como salientou Spike Lee em seu discurso para receber o prêmio de melhor roteiro adaptado. Quem melhor do que ele, para ter um discurso ativista sobre a história dos negros nos EUA? Falando de seus antepassados que chegaram como escravos e a longa luta que foi travada e ainda é. Tinha razão aquele abraço dele efusivo com Samuel L. Jackson, Nisso, a presença de Tom Morello foi o melhor indicativo de que o protesto contra a política de Trump é equivocada. Morello é um dos grandes ativistas no mundo da música nos dias de hoje. "Os limites de nosso mundo são os limites de nossa linguagem." Disse certa vez Wittgenstein.
Umas surpresas aconteceram como o curta confuso de animação BAO, da Pixar e o melhor documentário de longa-metragem Free Solo. Também o prêmio de melhor longa-metragem, com Homem-Aranha no Aranhaverso, apresentando técnicas inovadoras, foi bastante merecido. Lady Gaga também mereceu vencer a melhor canção, que não só compôs como interpretou. Isso não é pouco para uma artista visual como ela.
Mas realmente a cereja do bolo, foram os discursos contra as políticas de Trump e por que não, de seu filhote no Brasil. Isso me lembra dos conselhos que recebemos de nossas mães. E minha mãe não é diferente da sua ou de qualquer outro no planeta. Antigamente, elas tinham pavores como de pegar em dinheiro, porque eram viveiros de germes. Corrimão. Quantas mães não falavam para não correr a mão em corrimão. Mas quando você cresce e vai evoluindo com o mundo, estuda, vai descobrindo que algumas coisas ditas por sua mãe são parte de um período e muita coisa que ela falava que fazia bem, faz mal, como: Sol, carne vermelha, vento encanado, manga com leite..., mas com certeza, muitas delas estão vendo que a vitória nas urnas foi um engodo para elas e estão arrependidas de ter desgastado as relações familiares e agora podem aconselhar:
- Vamos tesouro. Não se misture a essa gentalha!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

FEBEAPÁ importado


Os brasileiros de classe média gostam de importar qualquer coisa para não ter a sensação de que faz parte de uma colônia, afinal ele quer se sentir pertencente a algo que ele julga bom. Só que como não tem leitura ou estudo suficiente, seu julgamento começa a ficar perdido. Foi assim quando éramos oficialmente colônia de Portugal, depois tivemos influencias europeias da França e Itália e faz um bom tempo, dos Estados Unidos. Todos acham lindo importar tudo de lá. Mas acabamos que temos que importar tudo, até o que de pior dos EUA. Para aqueles que não lembram ou nem chegaram a ser apresentados, a sigla FEBEAPÁ, foi criada pelo genial escritor e humorista Stanislaw Ponte preta (Sérgio Porto), que significa -  O Festival de Besteira que Assola o País. Uma série de 3 livros, falando sobre a insanidade que se vivenciava na época da ditadura (algo que vivenciamos nos dias de hoje novamente). Algumas pérolas:
“O General Olímpio Mourão Filho doava ao Museu Mariano Procópio, de Juiz de Fora, a espada e a farda de campanha que usava como comandante das forças que fizeram a ‘redentora’ de 1º de abril. Isso é que foi revolução; com pouco mais de dois anos já estava dando peças para museu.”
“Foi então que estreou no Teatro Municipal de São Paulo a peça clássica Electra, tendo comparecido ao local alguns agentes do DOPS para prender Sófocles, autor da peça e acusado de subversão, mas já falecido em 406 A.C..”
A ilustração que ornamenta esse texto, participou da exposição mundial chamada TRUMPISM, em Teerã. Chargistas do mundo inteiro mandaram suas impressões sobre o Trump. Minha preocupação era com a incitação a próxima guerra mundial, seja ela para pegar o petróleo Venezuelano, seja ela para vender armas em algum outro país do terceiro mundo. Outros trabalhos chamavam a atenção por trazerem à tona, de assuntos polêmicos relacionados a Trump, como o seu machismo, racismo e preconceito contra latinos, imigrantes, muçulmanos e refugiados.   Isso conseguimos importar com nosso Trump tupiniquim.
O que me surpreende é a truculência e ódio que fazem como um rolo-compressor. A idéia de construir um muro para separar os Estados Unidos e o México parecia, como alguns falavam: “loucuras e delírios inocentes de uma pessoa com sentimentos fortes. ” Agora, depois de muito desgoverno americano, temos a imposição desta idéia. Era preciso bilhões de dólares para a construção desse muro. No começo, Trump dizia que quem tinha a obrigação de construir o muro com seus recursos, seria o presidente do México, que se limitou a ridicularizar a figura, que tentou ir a órgãos internacionais para realizar isso. Depois, foi ao Congresso pedir a verba e foi negado sem discussão. Agora recorre ao Estado de emergência para pegar à força a verba. Mas essa verba que o presidente tem direito, só pode retirar realmente em casos de catástrofes, furacão, terremoto. O que não é o caso.
Minha previsão: Na fronteira EUA e México, vai acontecer um assassinato em grandes proporções e vão arranjar uma maneira de culpar os mexicanos, convenientemente na primeira gestão do Trump. Muitos vão morrer, mas ele terá apoio enfim para a construção dessa aberração. Anotem minhas palavras.
Na época de Chirac (direita) e Jospin (esquerda), teve em seu encalço, o candidato de extrema-direita -Jean-Marie Le Pen. O programa político de Le Pen é racista, xenófobo e neofascista. Ele prega a volta dos imigrantes para seus locais de origem. Tudo o que conhecemos na atualidade dos líderes que estão assumindo o poder no mundo. Entre Chirac e Jospin, sobraram beijos. Beijos agradecidos e sonoros.
Quanto aqui, que mais de ruim, do que estamos vivendo poderemos importar?
Previsão no Brasil: Bolsonaro está cada vez mais isolado pelos seus apoiadores e dificilmente terá facilidades de aprovar projetos. A imprensa cada vez exalta Mourão, como sendo um político ponderado, justo e conciliador. Bolsonaro morre de Câncer repentinamente e Mourão assume. Primeiras providencias é a terrível reforma da previdência (que está acabando com a população no Chile) e privatizar as universidades e aproveitar e colocar o Haddad na cadeia, de qualquer jeito, para acabar de vez com uma liderança forte de esquerda. E não se enganem. Ele é mais truculento que o atual.

Homenagem Boechat e Bibi Ferreira


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Gambitos no Rio de Janeiro


Gambitos no xadrez, significa você sacrificar peças menores para pegar as maiores. Esse termo sempre me vem à tona, quando somos acometidos por tragédias. Sempre após mortes e destruição, é que se endurece, criam-se leis e arranja-se verbas do nada para cobrir os danos. Nunca se pensa em prevenção. Nunca se pensa no bem comum. O dinheiro fala mais alto sempre. Como no caso de Brumadinho, em que prenderam a parte mais frágil da corda, para saciar a sociedade, mas justamente esses presos, que foram engenheiros que assinaram laudos corroborando a segurança da barragem, foi coagido pela empresa. Além disso, deputados afrouxam as leis para vistorias, se faz contenção com preços mais baratos possível, então as irregularidades são cometidas de cima para baixo, mas nunca serão atingidos, pela proximidade com o poder.
A verdade é que entra governo e sai governo, a situação das enchentes devidos as chuvas, não para! O Rio de janeiro, foi construído em grande parte nos mangues e ocupação do solo desordenada. As condições urbanísticas derivado de uma composição medieval, as tubulações arcaicas e o lixo acumulado também não ajudam. Todo ano, no período mais intenso de chuvas, a situação se repete. E todo ano, os governantes repetem as desculpas falando que investem milhões em prevenção, mas não foi possível evitar a tragédia.
Faz 53 anos, que tivemos uma das piores enchentes na cidade com 250 mortes e 50 mil desabrigados. A cidade ficou sem água, energia e sistema de transporte. Foram feitas prevenções desde então? Não. Aliás, temos registros de enchentes desde séculos passados. Em 1711, um sítio foi completamente inundado e o caos se instalou na cidade. Em 1756, depois de três dias de temporal, canoas eram o meio de transporte mais usado; em 1811 a chuva foi tão forte, que desmoronou uma parte do Morro do Castelo e em 1987 os desmoronamentos na Região Serrana fizeram o Estado decretar pela primeira vez Estado de calamidade pública.
Eu tive a experiência terrível com a chuva de 2010. Comecei a pegar a chuva na descida de Petrópolis para o Rio, que foi bastante forte, mas não tinha a noção real do que ainda estaria por vir. Chegando em Niterói, como a chuva estava fraca, aproveitei para fazer as compras da semana. Ao sair, não tinha notado o quanto tinha vindo aquela tempestade no tempo em que me entretinha com o setor alimentício. Encontrei o caos, como nunca tinha visto na vida. Ruas com águas até o meio dos carros, rotas de trânsito desrespeitadas, destruição nas ruas com árvores caídas. Minha saída foi ir para um lugar plano e longe de tudo. Fui para São Francisco e fui jantar no único bar funcionando. Nesse momento, parado e vendo o cenário ao redor, com enchentes, transbordamento de rios, explosões de energia, falta de luz e gritaria é que tive uma pequena noção. Tentei por duas vezes voltar para casa, mas foi impossível e tive que dormir no carro. O detalhe era que iria fazer um bolo para antecipar o aniversário de minha filha. Não aconteceu. Por sorte, se a madrugada precisasse de água ou comida, eu teria. No retorno para casa, no dia seguinte, vendo o rescaldo na minha cidade, é que vi a notícia da queda do morro do Bumba, que vitimou em 264 mortos.
Tiramos alguma lição dessas tragédias todas. Não. Continuaremos com problemas hoje, amanhã e depois de amanhã. Estudos, prevenções e alertas são sempre ignorados e só chegam ao público, no momento da tragédia, para mostrar o quanto foi omisso o governo em não evitar as mortes. Depois de cada tragédia, vem a segunda tragédia de enterrar os mortos e dar assistência social aos desabrigados, que no histórico é postergado ao máximo, enquanto para essas pessoas o sofrimento continua até a próxima crise.
Deixo minha solidariedade aos atletas jovens do Flamengo, que tiveram suas vidas ceifadas pelo fogo e que de enchente, foram as lágrimas que caíram sobre minha face por mais um descaso.

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Banca de defesa da pós-graduação



Muito feliz com a minha banca de defesa de pós graduação em Arte e Patrimônio histórico, pela UNB. Foi tudo muito bom e tendo essa banca excelente de avaliação

Design gráfico para a cervejaria Dead Dog



Fiz os rótulos novos das cervejas da marca Dead Dog, que possuem o mesmo design de identidade visual do local

Infográficos de janeiro