quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Precisamos de mais Semanas de 22 nos dias atuais

Sustento que precisamos mais de Semanas de 22 do que a liberação de porte de armas. A Semana de Arte Moderna representa hoje um marco na arte contemporânea do Brasil. É aquele momento em que a arte como um todo está de mãos dadas contra a sociedade colonialista de uma maneira geral, rompendo com tradições e inaugurando a sociedade moderna no país. Tudo era dilatado pela gradativa industrialização e inserção do país ao capitalismo. Pelo mundo, já estávamos vendo a aurora deste mundo moderno através de projetos arquitetônicos como os de Frank Lloyd Wright ou os trabalhos de Walter Gropius. Esse despojamento já estava em ascensão e ajudou a nos livrarmos de efeitos estilo bolo de noiva. Tanto na arquitetura quanto nas artes plásticas.

Mas apesar dos grandes nomes como Pedro Américo, Vitor Meirelles, Oswaldo Teixeira,  e embora de riqueza pictórica incrível, o Brasil se descobria através da literatura de Euclides da Cunha, com Os Sertões. Aquelas ditas artes históricas tinham um ar europeu, a literatura era parnasiana e nada combinava com as mazelas herdadas pelo fim da escravidão em poucos anos, que contrastava com o comodismo burguês. As novas  temáticas aos poucos iam interessando aos novos artistas. Rio de Janeiro, apesar de ter sido a casa de D. João, o neoclássico ainda era bastante presente na cidade, enquanto São Paulo estava pulsando crescimento urbano acelerado e era o local perfeito para um manifesto daquela magnitude.

Devemos falar da importância das mulheres ao sucesso deste evento. Tarcila do Amaral, que não participou da Semana de 22, mas era uma grande modernista, Gomide Graz, Guiomar Novaes, Zina Aita e principalmente Anita Malfatti. Anita foi aluna de Fritz Burger, Lovis Corinth e Bishoff Culn em Berlin. Sua exposição de 1917 foi duramente criticada em artigo por Monteiro Lobato. E por causa disto, Muitos artistas defenderam Malfatti, inclusive Oswald de Andrade que diante do impasse, tornou-se o elemento aglutinador de poetas, escritores, músicos inspirando o movimento de 22. A arte moderna acaba por quebrar os paradigmas existentes antes de arte masculina e feminina, tanto que escultura era uma arte dos homens. Quem chega para acabar com essas ideias na sociedade?  A ceramista Zina Aita.

A Semana de 22 foi chocante e importante. Mário de Andrade em uma conferencia sobre o movimento modernista, dizia que foi “essencialmente destruidor”. Era necessário derrubar os preconceitos, para elevar o país aos novos tempos de tolerância e ideias, acabando com preceitos e dogmas. Devemos perceber que o movimento de novos paradigmas não era restrito as artes, Einstein publicou em 1915 sua teoria geral da relatividade, ruindo com as antigas verdades na ciência, a revolução de 1917 na Rússia elevando os proletariados ao poder acabando com o antigo regime dos Czares e a primeira Guerra Mundial que deu um novo panorama no mundo.

Vista um século depois, a atitude do meio artístico para se firmarem as ideias de rompimento com o passado parece obra divina, pois historiadores querem sempre um marco para a mudança de valores e os próprios artistas suaram para que o movimento pudesse ter esse marco valorizado nos dias atuais, valendo-se de sempre algo a mais além do produto, como tomates jogados no palco de propósito, apresentação de Heitor Villa-Lobos de cuecas com suas obras opostas ao gosto popular de um Carlos Gomes, entre outros. Hoje temos os mesmos problemas com artistas da atualidade buscando romper com ideias conservadoras na cultura, aliada ao sofrimento de ameaças violentas desses mesmos conservadores.

Diria decepcionado que não existe mais Semanas de 22 como antigamente e que estamos precisando entrar na modernidade e na crença a ciência em pleno 2022.

“tupi or not tupi, that’s the question”, poderia ser substituido por  “Há mais coisas entre o céu e na terra Brasil, do que sonha a nossa vã filosofia”

Gravação da música Reluz

 


Yuanne resgatou as imagens de quando gravou a música Reluz, para meu EP digital Reluz, regravção do sucesso de Marcos Sabino. A participação dela é incrível.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Nazi lives don’t matter

"Vidas de nazistas não importam" é a frase estampada no show de Tom Morello, guitarrista do rage against the machine, graduado em Ciência Política por Harvard, que está em uma turnê solo de seu disco The Atlas Underground. Ela parafraseia a famosa frase “Black lives matter”. Se uma coisa não podemos tolerar, são atitudes nazistas, apologia ao nazistas e  falas nazistas. A lei federal 7.716 de antirracismo diz que é crime “veicular símbolos” do nazismo “para fins de divulgação”, além de enquadrar como criminosas as pessoas que produzem, vendem ou distribuem material. Apesar disso, o estímulo que a Ascenção da extrema-direita no Brasil e no mundo de 2017 para cá, levou a um crescimento de grupos Neonazistas a um patamar de 270%.

O apresentador do podcast do Flow, Monark, foi demitido numa ação rápida do programa, em função da sua fala sobre nazismo. É claro que haveria manifestações, mas ao ter cancelamento de patrocinadores, eles resolveram tentar uma saída de emergência. Nada justifica os comentários. Muitos bolsonaristas, confundem liberdade de expressão com apologia ao nazismo. E são os mesmos que gritam contra a vacina. Não podemos esquecer que o assessor presidencial Filipe Martins foi gravado fazendo com os dedos um sinal de ódio utilizado por supremacistas brancos dos Estados Unidos e no começo do mandato de Bolsonaro, a vergonhosa mensagem do então Secretário de Cultura, Roberto Alvim, que copiou falas do nazista Joseph Goebbels e utilizou todo cenário e música baseados em propagandas nazistas.

Nazismo é ideologia e em sua base está o ódio e a violência. Devemos extirpar esse problema, sempre que vier a tona de maneira rápida, mesmo em um país que resolveu apoiar o fascismo, isso tem que servir sempre de lição, para que as novas gerações entendam o horror que foi  o nazismo no mundo destruindo mais de seis milhões de Judeus de maneira torturante. Monark sempre dizia ter um programa de conversa de botequim liderada por dois idiotas, até o cantor Rogério Skylab repreende-lo: “A forma do programa é de conversa livre, ok, não tem problema. Mas tem uma multidão vendo! Então tudo que se fala aqui, tem responsabilidade,” Corretíssimo. Falar sobre times de futebol é opinião, nazismo, não.

Os Podcasts tiveram um Boom muito grande em pouco tempo, que é um serviço muito interessante de comunicação que reverbera nas redes sociais com trechos em pílulas, mas que também fazem um desserviço mal utilizado. Estamos vivenciando essas conduções, dando voz a antissemitas e todos aqueles que trabalham contra a sociedade, como também no caso do podcast The Joe Rogan Experience, patrocinada pelo Spotify, que são abertamente antivacinas e que passam receitar a invermectina. Agora, artistas como Neuil Young, Roxage Gay, Joni Mitchell, Crosby, Stills e Nash retiraram suas músicas da plataforma, levando a uma queda de mais de 25% em ações da empresa.

Sabemos que o espectro do fascismo/nazismo surge quando tem pouco pão para dividir com muita gente. Nazistas desprezavam os intelectuais, desprezam a ciência, desprezam o pensar. E ano passado, a ONU votou uma resolução: Combater a glorificação do nazismo, neonazismo e outras práticas que promovam o racismo, a xenofobia e a intolerância.

Lembro-me de um filme de Costa-Gravas: Atraiçoados. Uma agente do FBI vai investigar a morte de um radialista de origem judaica e acaba atraída por um membro de uma organização racista, que exterminam judeus e negros. Daí começa i paradoxo da intolerância. Será que ela toleraria o intolerante? Será que Monark é apenas um moleque, como se afirma, que se que se diz liberal, mas é o liberal coronealista de antigamente dono de escravos ou sim, ele sempre teve ideias antissemitas e que cumpra a pena prevista na legislação brasileira. Afinal, o nazista é aquele que tirou a escravidão do meio rural para dentro do sistema. Hanna Arendt dizia que o Holocausto aconteceu não por pessoas importantes, mas sim por pessoas comuns que apoiavam e cresciam a voz de maneira periférica na sociedade.

Por via das dúvidas, estudem história. Se Monark tivesse estudado história, saberia que ditadura tem um fim.

 

 

"VACINA SALVA" EXPOSIÇÃO DE CHARGES, CARTUNS, TIRAS E QUADRINHOS DA AQC-ESP E REVISTA PIRRALHA

 


"VACINA SALVA" EXPOSIÇÃO DE CHARGES, CARTUNS, TIRAS E QUADRINHOS DA AQC-ESP E REVISTA PIRRALHA. Venho com um cartum para essa mostra:

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Show de Ian Gillan na década de 90


Ian Gillan é meu cantor preferido. Já tinha assistido em São Paulo um show memorável com meus amigos durante um encontro no ENEA. Anos depois, ele foi fazer um show no Canecão, ao qual fui com um amigo. Seria um show como outro se o repórter da TV Educativa não tivesse invadido o palco. Pouco antes, tinha saído das cadeiras e ficado na platéia. Acabei aparecendo na filmagem.



 

Programa da Lili

 


Tempos atrás fazia desenhos ao vivo no Programa da Lili. Aqui está uma lembrança desta época

Participação na mafistação de apoio a Nando Mota


O cartunista nando mota publicou essa charge e foi processado pelo Veio da Havan. O grupo Pirralha apoiou o cartunista fazendo uma chargeada na internet. Aqui está minha contribuição