quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Última chance


Estamos nos encaminhando para a última chance real entre a força do dinheiro, dos grupos da elite e interesses americanos, contra mais de duzentos milhões de pessoas e suas liberdades. Desde o fim da ditadura, que o candidato do PSL diz que não aconteceu, tivemos uma evolução de controle de centro-direita até a de centro-esquerda. Tivemos uma evolução muito boa, até perante a comunidade mundial e depois do golpe de 2015, estamos entrando em um caminho como nunca imaginei que iria vislumbrar na vida.
Você tem a última chance de ter recuperado os direitos civis com a vitória de um candidato democrático. E posso dizer com toda certeza, e minha voz é a mesma de milhões, qualquer candidato que fosse contra o candidato #Elenão, eu daria meu voto. Em candidatos que fossem da direita, haveria democracia e luta pelos direitos. Como alguns dos projetos votados pelo governo Temer, que foram revistos pelas campanhas do povo na rua. O povo na rua é o grande medo dos governantes. Contra tiranias de um personagem que dita impropérios, batem cabeça, sempre recorrem a força no final, a conversa é diferente. Temos uma porcentagem grande da população que apoia. E esse é o pior cenário que poderia existir. Eu sou contra, você também pode ser!
Se começar pelo discurso homofóbico, misógino, racista e a favor da tortura, eu de cara não me identifico com absolutamente nada. O Bolsonaro ainda disse que se for eleito vai varrer do país pessoas que pensam diferente dele, esquerda e as minorias (Lembram do Ame-o ou deixe-o?). Deixou clara as opções: exílio ou extermínio. Um recado aos parentes e amigos eleitores desse fascista/ neonazista. Você, meu amigo, eleitor dele, você será cúmplice dos crimes políticos que virão. Se você é contra as minorias e apoia o crescimento por todo país de grupos neonazistas que já estão espancando livremente as pessoas, se declare que é contra os gays, ou mulheres, ou negros. Eu sou contra, você também pode ser!
O mesmo aconteceu com Hitler na Alemanha. Hittler foi eleito em 1932 mesmo com discurso de ódio aos gays, judeus, feministas e comunistas. Os alemães cansados de uma crise econômica e moral do país, buscavam um novo rosto. Nessa brecha, o elegeram dizendo que ele seria o salvador da pátria. Ele tinha um discurso fácil e uma postura raivosa, mas os alemães acreditavam que o seu discurso de ódio não passava de bobagens. Um jornal alemão estampou exatamente isso, que seu discurso era da boca para fora, que o congresso iria barrar tudo isso. Ele soube como usar a publicidade ao seu favor: Na véspera das eleições, foi baleado na perna e com seu vitimismo comoveu os alemães. Foi eleito. 6 milhões de judeus foram exterminados. 50 milhões de pessoas morreram na segunda guerra mundial. Eu sou contra, você também pode ser!
Isso sem falar do programa do governo, muito pueril e sem explicar absolutamente nada. Por isso não tem debate. Tudo muito grave, pois pessoas aliadas falam e são desautorizadas por ele, não existe clareza em sua fala. A economia vai ficar na mão de uma figura que deu uma fraude de bilhões, fora a corrupção, grande mote da sua fala, foi efetuada em compras por empresários ligados ao candidato, em caixa 2, que é proibido. Daria impugnação da candidatura imediatamente. Mas o TSE apenas deu um puxão de orelhas falando: “ Aiaiaia, menina arteiro! Não faça mais isso, hein? “ Como assim? Muitas pessoas na Europa veem que a ascensão do fascismo no Brasil é laboratório para os EUA e toda ascensão de ultradireita no mundo aprimorar golpes contra democracias. Brasileiros são os novos neofascistas e considerados como uma sociedade ignorante, com desprezo pelo conhecimento, uma vergonha internacional. Pode ter certeza que haverá boicote a produtos brasileiros e que não se dê emprego a brasileiros na Europa. Uma mistura de época de Sarney (Com falta de produtos no mercado nacional) e Collor (extinção da cultura, confisco da poupança e grande problema econômico) vai se configurar. Boicote também ao turismo no Brasil. Eu sou contra, você também pode ser!
Pode ser uma das últimas colunas, pois não sabemos como se dará esse processo. Jornais de sindicatos e jornais com editoriais contrários estão sendo recolhidos nos dias de hoje. Se antes as discussões eram futebol, cerveja, Game of Thrones, prisão do Lula, a pirâmide do Louvre e outros assuntos que podiam acabar em briga, agora vemos se você vai ficar vivo ou morto...pois não se trata de questão partidária e sim apoiar alguém despreparado, que semeia o ódio, preconceito e intolerância. Até o dia da eleição, vai ser um terror sem precedentes.
Deixo a lembrança da Data Limite de Chico Xavier como ponderação final....

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Fascismo Brasileiro


O que é o intolerável? O importante pensador francês Jacques Rancière, define sobre imagem pensativa: “é uma imagem que encerra pensamento não pensado, pensamento não atribuível a intenção de quem a cria e que produz efeito sobre quem a vê sem que este ligue a um objeto determinado” (Espectador emancipado, p.103).  Afirma também, que o deslocamento do intolerável na imagem para a imagem intolerável sempre esteve no centro das tensões da arte política. Se anteriormente via-se um choque entre imagens referentes às aparências e imagens que revelavam a realidade por de trás delas; atualmente, considera-se que não exista uma imagem referente à realidade que se oponha a aparências.
Pensemos no caso das pequenas fotografias tiradas de Auschwitz, mostrando um grupo de mulheres indo para a morte na câmara de gás, da exposição Mémoires des camps. As duas formas de conceber o intolerável aparecem nas críticas à exposição. A de Élisabeth Pagnoux ressaltava a realidade que as fotografias revelavam, dentro da idéia do intolerável na imagem. Já a crítica de Gérard Wajcman afirmava que eram aquelas imagens, por si, intoleráveis já que afastavam o espectador da realidade. Eu acho intolerável tudo que representa e toda a imagem incluindo bordas e molduras! É importante falar sobre o assunto sempre! Mas é intolerável!
O ódio que vivemos, que se eclodiu com a barbárie promovida por fakenews, e pelo modo de agir que deu a vitória a Trump, que está sendo utilizada por Bolsonaro, está saindo do armário, querendo sua parcela na sociedade. Já foram contabilizadas agressões, pichações de suásticas, ameaças a pessoas, grupos de ativistas, organizações e até serviços públicos que se dizem contrários ao fascismo, que estão fora de controle. Antes, a justiça puniria quem incitasse o mínimo de ódio. Agora foi institucionalizado com um candidato a presidente. E nada se faz. Essa ineficiência age como apoio brutal ao que está acontecendo, que até menospreza a marca deixada com canivete em uma vítima. É intolerável!
A cegueira pelo candidato revela mais sobre os eleitores do que o próprio candidato, do qual sabemos suas posições sobre minorias, adversários, deficientes e mulheres. Cada eleitor, se identifica com algum ponto dele. Muitos já não se envergonham de falar que é racista, outros escondem ainda essas atitudes, mas no fundo, desejam o mesmo. Não adianta os pensadores nacionais e mundiais, não adianta o ativismo na música de artistas como Roger Waters e Madonna, nem como a ultradireita internacional assustada com seu personagem na américa latina.
Na época de Hitler, o Brasil criou o integralismo, dentro das idéias de Hitler e Mussolini. O partido chegou a ter um milhão adeptos, bem no meio do nazismo pelo mundo. Quando o mundo combatia esse grande mal, o Brasil demonstrava admiração, pelo criador do partido, Plinio Salgado, filho de um coronel do exército, e com a chegada nada democrática de Vargas ao poder seus ideais foram ouvidos. O discurso sempre o mesmo que ouvimos até hoje, exaltando o nacionalismo, atacando o comunismo, defesa de um partido único nacional e sempre pregando antissemitismo e contra as minorias. Qual seu lema? “ O integralista é o soldado de Deus e da pátria, o homem-novo do Brasil que vai construir uma grande nação”. Você pode imaginar que com a derrota do Nazismo, o partido e seu ideais foram enterrados de vez por aqui, mas em 2004, foi formada a frente integralista brasileira, uma organização sem ligação a qualquer partido oficial, mas eu lema: Deus, pátria e família, está presente nos discursos que deixam a classe média pouco esclarecida, sempre exaltada em tempos e tempos.
Temos um histórico nada bonito, de problemas relacionados aos direitos humanos, e como disse Waters em entrevista, é meu dever como artista lutar por um mundo melhor, de igualdade e direitos humanos. Quero chegar ao fim desta eleição aliviado, como se fosse arejar uma casa e uma boa e vigorosa surra nos tapetes. Vamos meditar sobre a pretensão humana e os limites da arrogância e tentar nos banhar de vez, tendo a sensação no final de corpo limpo de vozes da intolerância!

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Balanço de domingo


Depois de resultados tão chocantes, há algo de enternecedor, como no chute de um pneu velho. A calmaria depois da tormenta. Aquele momento que sua cabeça começa a refletir com a razão. E é nesse momento, que é possível fazer esse balanço. Temos três cenários.
Para presidente, a vantagem larga de Bolsonaro frente a Haddad impressiona na primeira vista. Mas impressionou mais ainda, o PSDB e MDB que acharam que com o golpe, iriam tirar lucros políticos e foram os mais rejeitados. No final o PSDB tentou descolar de Temer, mas já era tarde. Pela primeira vez na história, o partido fica de fora da disputa, amargando um quarto lugar, depois de gastar rios de dinheiro, sendo que Cabo Daciolo gastou uma ninharia e foi mais votado que Marina e outros medalhões. A questão, não é verba. É entender oo processo. A velha política atuando apenas em TV, achando que nada estava acontecendo, esqueceu da força da internet. Nesse quesito, o #elenão foi mais audacioso tendo apoio do guru Steve Bannon, ex-editor do site de notícias da extrema direita americana Breitbart, um dos mentores intelectuais da campanha de Donald Trump, estrategista da campanha do Brexit, consultor dos partidos neo-fascistas de toda Europa, que foi chamado para ser consultor das campanhas do candidato do PSL à Presidência. A contratação de Steve Bannon foi aplaudida por nacionalistas e neo-fascistas americanos.
É a chamada “Ampliação do Caos”. Fake news e dar informação duvidosa ou polêmica. Não aceito qualquer outro resultado que o da vitória, disse antes das urnas abrirem. Isso tudo é projeto de Caos. Do começo ao fim. Não duvidem que isso vai aumentar e com muito medo de se transformar em guerra civil. Como o exemplo de ódio recente aos nordestinos e extremado no caso do bahiano Mestre Moa, que foi esfaqueado por que não votaria no Bolsonaro.
Para candidato ao segundo turno no Rio, vemos a disputa de um cacique conhecido, falado por Tiburi como Dudu das milícias, que foi comemorado a ida ao segundo turno com tiros na madrugada e o desconhecido do público Wilson Witzel. Ele foi o juiz envolvido na confusão do museu indígena no Maracanã. A surpresa, não foi tão surpresa. Ao apoiar o projeto do #Elenão, conseguiu no último momento que todos os pentecostais apoiassem sem pestanejar esse candidato. Se perguntem, de onde vem esse dinheiro de campanha? Lembram de Romário falando no debate? Sabe quem é MÁRIO PEIXOTO? Empresário ligado a PICCIANI e PAULO MELO que faturou quase quatro bilhões em contratos com governo Estadual. Mas o mais grave é estar envolvido na destruição e humilhação a placa em homenagem a Marielle. No fim das contas, temos um cenário muito ruim para a população, pior para a grande mídia que esta´ perdendo para o projeto de poder dos evangélicos e cada vez mais temos um cenário obscuro na nossa cidade.
Mas algo de bom aconteceu na câmara. Elegemos mais deputados de esquerda, nome importantes como Freixo e Talíria, estarão presentes. A bancada do partido Bolsonaro não tem ninguém, sim vários que podem apoiar seus projetos, mas diminuiu muito a presença do PSDB e MDB, justamente aqueles que achavam que o golpe seria uma virada, e deram um tiro no pé. O que não será fácil nem para Haddad, nem para Bolsonaro. Haverá muita disputa. Não haverá a famosa luz no fim do túnel. Continuaremos atolados ou caminhando muito devagar ou retrocedendo mais e mais. As caras novas, na sua maioria, não querem dizer também maior ou melhor qualidade. O desgaste da tradição antiga na política, afetou diretamente no voto neste ano e a falta de aproximação dos políticos, deu abertura aqueles que conversam diretamente com o eleitor, como Youtubers e ativistas de direita e esquerda. O número de representantes femininas aumentou, e foi de encontro com esse aumento populacional, além dos avanços em suas questões. No geral, ainda por ver como votarão.
O sentimento geral é de vontade de chutar um pneu velho. Quantas vezes, você numa discussão com alguém que vota a favor da tortura, teve vontade de também chutar metaforicamente um pneu, na impossibilidade de fazer neste cidadão? E nesse ponto, você já venceu! Venceu a pessoa e venceu você com sua agressividade. Pense que mesmo tendo um pneu à mão – ou no pé, no caso – para chutar, parece quase uma condição para a vida saudável no Brasil de hoje. Mas não se deixe levar. Deixo com você, após um breve respiro, uma frase de Maiakóvski:
Não estamos alegres, é certo. Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado. As ameaças e as guerras, havemos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as, como uma quilha corta as ondas

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Desenho na prancha de surf





Recentemente, fiz o desenho de uma jubarte, na prancha do ambientalista e amigo, Paulo Oberlander. Esse era um sonho dele que foi possível quando os amigos e população se cotizou para abraçar essa idéia. Parabéns a todos!

Na reta final


Na reta final, vemos a maior manifestação suprapartidária já visto pelo país, pelo #Elenão. Foi um momento inédito na história desse país, quando antes, nas manifestações de 2015, não havia partidos envolvidos. Outra coisa interessante, foi que a organização foi feita por mulheres. Já venho falando desde a década de 80 que as mulheres vão dominar o mundo, de uma maneira linda. E mesmo com a manifestação no dia seguinte do #Elesim, que arrebatou muitos poucos manifestantes, com direito a chuva, mostrou que o golpe impetrado principalmente pelo MDB e PSDB, não surtiu efeito. O que poderia ser uma vitória para os partidos de centro-direita, acabou sendo um tiro no pé, e no final, tentam descolar da imagem do presidente Temer. Esse cenário todo está sendo conduzido com muito ódio da extrema direita e os embates na internet são cada vez mais acaloradas.
Um amigo, que sempre foi apolítico, segundo o próprio, entra em contato comigo para tentar entender a situação. Ele saiu por conta própria do Brasil, para seguir seu sonho na Austrália, mas sabendo que eu poderia ajudar ele a entender o cenário atual. Me ligou agitadíssimo: “Mano, o caçador de corruptos não é mais querido? Coloca na CNN!”
Liguei no canal que ele pediu e qual minha surpresa de ver a manifestação do #Elenão tomou proporções internacionais. Estava bonito de se ver. Do alto então, aquele mar de gente cobrindo todas as ruas. Meu camarada quis saber tudo. “Mas falaram que essa imagem é do carnaval de 2017! ” Expliquei que na internet, um dos instrumentos utilizados pela direita, era a propagação de falsas notícias e incitação ao ódio de propósito.
“Mas porquê? ”, insistiu ele.
Respirei profundamente e comecei falando que o assunto remonta da época da eleição do Trump e as práticas de fakenews para incitar a raiva por um determinado partido, para gerar um contraponto a admiração da maioria pelo Lula. Uma forma que encontraram de tentar vencer as eleições. Isso acabou gerando discórdia entre casais, briga de amigos e desunião civil, gerando até conflitos de briga em rua. Mas, meu camarada me interrompeu. Não conseguiu provavelmente entender parte da explicação e nem estava ligando para o fato dele ser misógino, sexista, contra todas as minorias, estava intrigado com as pessoas. Por que elas estavam se enfrentando? Eram pagas para isso?
- Não! – Respondi. – A princípio, não.
- O que eles ganham com isso?
- Diretamente nada mesmo. Aliás, perdem muito...
Um silêncio constrangedor ecoa do outro lado da linha. Podia significar que ele estava pensando ou tentando pelo menos. Esperando pacientemente o fim daquele processo, eis que daqui a pouco, ele veio:
- MMA! Hoje em dia, todos querem ganhar dinheiro com MMA! Estão treinando vale tudo com a regra das ruas!
- Não. Camarada. Todos estão lutando por princípios, ideais, sonhos...
- O quê?
-Ideal!
O ideal desse camarada é ter um Ferrari vermelho na garagem de sua casa. Não tem como explicar por que existe tanto em jogo, maior que uma Ferrari na garagem. Não podia esperar que entendesse. Se eu falar que a maioria que vota no #Elenão, desconhece todo programa de governo dele, que na verdade não existe, iria fundir a cabeça do coitado. Aguardemos com emoção o final do primeiro turno das urnas.