quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Nicolaus



Estamos mais uma vez reunidos em razão no Natal. Datas são como sinais de trânsito, que regulam com organização quando devemos parar e andar. Alguns obedecem sem boa vontade e especificamente no Natal, o que mais precisamos é de boa vontade. O que seria do Natal sem o espírito natalino? Na verdade, deveríamos exerce-lo e esbanja-lo em qualquer data. Religiosos ou que se dizem religiosos deveriam se rebelar contra as datas. Poderiam ser como aquelas pessoas, que se auto denominam VIDA LOKA, e fazem Carnaval ano inteiro, Quaresmas permanentes, mas o espírito que aparece do nada nesta época do ano, deveria ser todo santo dia (que aliás tem santo para comemorar todos os dias), tanto com respeito ao motorista do ônibus, quanto aquele irmão necessitado na rua ou aquele sofredor que não sabe o que fazer, mas pede apenas para ser ouvido.
A data que é comemorada por grande parte da população mundial, que seria o nascimento de Jesus, sofreu alteração ao longo dos séculos, mas o mais importante é a essência de amor ao próximo como pregava o mestre. Essa lição vai se intensificando ao longo dos dias que se aproximam da data, fazendo com que mesmo o avarento Scrooge seja amoroso com o seu semelhante. Por que não somos pessoas melhores o ano inteiro? O que não torna essa tarefa fácil? A cada século, temos histórias de Natal que complementam o espectro que embelezam esse espírito. Assim como o Scrooge citado acima, que foi criada em 1843 por Charles Dickens. 
Senão vejamos o outro símbolo do Natal, Nicolaus, o Papai Noel. O chamado FORTE DOS FORTES, nasceu no século III em Patara, Ásia menor. Conhecido como São Nicolau de Bari, é santo padroeiro de países como a Rússia e Grécia. Conhecido pela caridade com as crianças, tornou-se tempos depois como uma figura ligada ao nascimento do Menino Jesus, mesmo tendo nascido 300 anos depois de sua morte. Além disso, foi encarcerado pelo império Dioclesiano, por negar-se a ter fé em Jesus. Muitas lendas no decorrer dos séculos foram atribuídas ao Taumaturgo, mas dentro sempre de um aspecto de ajuda aos menores de idade. São João Damasceno foi um dos biógrafos de São Nicolau e com poesia escreveu: “Nem a areia que se encontra à beira-mar, diz ele, nem a multidão de vagas, nem as pérolas do orvalho e os flocos de neve, nem o coro dos astros, nem as gotas da chuva e as correntes dos rios, nem o murmúrio dos das fontes jamais se igualarão, ó Pai, ao número de teus milagres. Todo o universo tem em ti um pronto socorro nas aflições, um encorajamento nas tristezas, uma consolação nas calamidades, um defensor nas tentações, um remédio salutaríssimo nas enfermidades”.
Diante de um pai que não tinha como salvar suas filhas de um destino cruel, por falta de condições financeiras, ficou tocado e doou uma grande quantia de dinheiro embrulhada em um saco, no calar da noite, sem se identificar. Assim começou a lenda. Por séculos, a imagem desse benfeitor era por vezes desenhada como um elfo ou uma figura mítica. A imagem que conhecemos nos dias atuais foi trabalhando ao longo dos anos pelo ilustrador e cartunista Thomas Nast na edição de 1 de janeiro de 1863 na revista Harper's Weeklys. Nast demorou para acertar a figura do bom velhinho, que apareceu pela primeira vez em um cartum criticando a política americana. E muitas de suas características foram adicionadas ao longo das décadas seguintes, como a entrada pelas chaminés (uma característica cultural americana nessa época de muita neve, tendo que constantemente limpá-las) ou sua viagem pelos céus em um trenó de renas (mostradas pela primeira vez em um livro de Clemente Moore, professor de literatura grega, que lançou o poema: Uma visita de São Nicolau, em 1822).
Certamente, Robson Crusoé, que ficou perdido em uma ilha, não era religioso, mas certamente observava as datas religiosamente, sabia que mesmo não podendo apontar com precisão a data correta do natal, o mais importante era lembrar desse sentimento de paz e amor, nem que fosse uma vez por ano.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Se o rock não leva ao satanismo e ao aborto, ele está errado!


Frank Miller, na CCXP em São Paulo, falou sobre novo Cavaleiro das Trevas e disparou: “Quem se ofende com política nos quadrinhos são aqueles que deveriam se sentir ofendidos”. Se não se ofendem com o avanço das primeiras etapas do fascismo, como, de acordo com o Museu do Holocausto, nacionalismo exacerbado, desdém pelos direitos humanos, supremacia militar, machismo desenfreado, mídia parcial, mistura de governo e religião, ataque aos direitos trabalhistas, obsessão sobre crimes e desprezo pelas artes e intelectuais. Este último item, foi manchete, mais uma vez, na última semana. As pessoas que sempre defendem os gestos da corte, nunca se manifestam nesse momento.
Sabemos que esse ódio as artes, que faz parte da estratégia, dentro dos itens acima citados, para afogar as ideias e debates e para dispersar a atenção dos temas importantes na política. São muitos tiros para todo lado. Dois foram salvos devido a muita pressão popular. Uma foi a retirada do MEI, que provocou uma grande massa de manifestações, inclusive de Bolsonaristas, obrigando o governo a recuar dessa agressão ao trabalho. Já taxou os desempregados, só faltava acabar com a mínima possibilidade de trabalho particular. A outra foi a justiça impedir a nomeação de Sérgio Camargo na fundação Palmares. A fundação Palmares, Criada em 1988, que tem como foco preservar a cultura afro-brasileira. Iria nomear alguém que disse que escravidão foi benéfica. Você tem ministro do meio ambiente contra as florestas; da educação contra as universidades; da justiça é contra a Constituição; das relações exteriores é contra o Mercosul; fica difícil dessa forma. Na sentença, o juiz escreveu: “tem o condão de ofender justamente o público que deve ser protegido pela entidade”.
O presidente da Ancine retirou os cartazes de filmes brasileiros na entidade e do site. O órgão criado para incentivar o cinema brasileiro tem raiva do cinema brasileiro. Os anuários da Ancine somam 1165 longas-metragens entre 2010, além dos curtas. Têm ideia da quantidade de emprego que se tem em 1165 longas?
Talvez a maior falastrice foi do presidente da Funarte, Dante Mantovani, que disse que Os Beatles foram invenção socialista para fazer garotas abortarem. Parece até notícia de site de humor, mas o presidente tinha falado que só iria ter indicações técnicas. O mesmo presidente da Funarte não fica por aí. Fala que John Lennon tinha pacto com o demônio. Preocupante o nível da cultura no país e como diriam os próprios Beatles: Help! Sobrou até para o Rei do rock Elvis Presley, falando que ele era um “experimento soviético para destruir a juventude, a moral e as famílias”.
Os Beatles, que surgiram em Liverpool, Inglaterra, eram uma banda de garotos que tocavam bastante e faziam a alegria do Cavern Club. Foram o grupo musical que mais venderam na história da música, ou seja, muito importantes tanto para a música como para a indústria da música e o capitalismo. Venderam mais discos nos Estados Unidos do que qualquer outro país. Os Beatles foram incluídos na revista Time das 100 pessoas mais importantes do século XX e perceberam isso ainda em atividade e viram a capacidade de alcance que sua palavra poderia alcançar e justamente por causa disso, resolvem pregar a paz e inclusão social. Nessa época, temos várias tensões sociais acontecendo, como a liderança de Martin Luther King na marcha pelos direitos civis nos Estados Unidos e a Guerra do Vietnam. Não podiam ficar calados diante de tudo isso e como o Rock é uma ferramenta de resistência e antifascista culminou na música All You Need Is Love e logo depois no maior álbum da história:  Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Lennon seria depois, uma liderança importante pelas causas sociais e paz no mundo, o que incomodou é claro, a extrema direita.
Entre Jimi Hendrix e Dante Mantovani, fico com o 100% satanista e abortista.



Charge sobre os Beatles comunistas


quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Sobrou até para o DiCaprio


Desconfie sempre de quem defende em transformar a Amazônia em pasto e depois culpar as queimadas de quem protege a floresta. Essa guerra de braço entre Bolsonaro, Bolsomínions contra defensores da natureza, defensores do planeta, defensores da soberania e população planetária promove o disse me disse, enquanto ruralistas tacam fogo nesse meio tempo. A estratégia é essa. Enquanto choca o mundo com as declarações de que o presidente não promove as queimadas e sim ambientalistas, demora-se tempo em ficar chocado para se ter alguma reação. Mas acaba que não há. A força bruta acaba vencendo e precisa desse tempo para continuar a devastação e achar que não existe tempo de reação quando já estiver destruída.
E como isso é possível? Como uma mentira pode ser mais importante que um fato científico? Ignorância e religião pentecostal estão por trás disso. A regra de domínio de uma população amedrontada é muito grande. Isso leva a uma lavagem metal sem precedentes. Alguns países estão tentando banir essas igrejas um pouco tarde demais. Outras, já antevendo o futuro, como Putin, já não permitem a criação delas. Como a eleição federal e municipal no Rio foram decididas pelas mentiras publicadas no whatsapp, por que não continuar? Afinal, uma parcela da sociedade escolhe acreditar numa promessa não comprovada, numa ilusão de que uma realidade. Daí peças como "Kit Gay", a ameaça comunista e Terra plana são sustentadas. A mentira passa a ser instrumento de poder.
Tudo vale. Mentir, ameaçar liberdades, alterar a lei, tudo vale para os Bolsomínions. Os fatos científicos não importam. Prender brigadistas que tem uma abnegação em proteger com as próprias mãos a floresta, acusando de terem ateado fogo na floresta. Mas o debate sobre desinformação, não é sobre tecnologia. E sim sobre sociedade e democracia. Policiais envolvidos junto com ruralistas resolvem atear fogo de grandes proporções, culpam em zap brigadistas, a justiça prende os defensores e enquanto se fala no caso, nesse meio tempo, lotearam e fecharam as áreas queimadas e ainda já construíram uma base improvisada para defendem a área invadida. O próprio governador do Pará, Helder Barbalho, já afirmou a existência de grupos interessados em vender esses terrenos. O juiz que autorizou as prisões, Alexandre Rizzi, já atuou como advogado de uma madeireira da família.
Agora, sobrou até para o ator americano, Leonardo DiCaprio. Bolsonaro, atrás de culpados fictícios para embaçar as verdadeiras investigações e verdadeiros culpados, ataca falsamente o que for mais polêmico no momento. Até o ator Mark Ruffalo, teve que ir às redes sociais para defender Leonardo DiCaprio das acusações de Jair Bolsonaro. E como tudo pode, declarações criminosas sem menor veracidade, ficam por isso mesmo. Ficam nada, pois para Bolsomínions o fato criado é verdade. E mesmo as discussões acontecendo, nada muda no pensamento desses apoiadores. Para os americanos acostumados a um Trump, Bolsonaro é apenas mais um louco no poder. Para quem está aqui, tem que conviver com a truculência, destruição e uma rede de mentiras sem fim.
Se você ter boa memória, pode lembrar, desde o começo da Amazônia em chamas, que 1º Bolsonaro fala que é mentira da NASA, depois acusa a Bolívia, depois os indígenas, depois as ONGs, depois os ativistas, depois os brigadistas e agora Leonardo DiCaprio. É capaz até de culpar também DiCaprio pelo óleo derramado nas praias, porque foi um dos culpados por derrubar o Titanic. É só ver o filme...
A vozes na cabeça do presidente não podem governar o Brasil. Cada palavra indefinida para tentar dizer tudo, não diz nada. Perfeita apenas para seus seguidores e não para o Brasil.