quinta-feira, 30 de maio de 2019

E agora José?


Quem sempre foi fã dos livros de RR Martins, esperou 20 anos para saber os destinos finais dos personagens de Game of Thrones. E ficaram decepcionados. O mesmo aconteceu na expectativa de o que seria a manifestação de apoio ao presidente. Se desenhou um grande racha na direita durante a semana e grandes nomes, disseram que iam boicotar a marcha e levariam consigo, seus seguidores. O próprio presidente chegou a falar que não iria com medo de um grande fracasso. De fato, o racha dos olavetes, Bolsonaristas, MBL e conservadores foi sentida em cada manifestação pelo país. Se eliminar Rio de Janeiro e São Paulo, os Estados mais conservadores, apenas 14 cidades do país inteiro tiveram manifestações a favor do Bolsonaro. QUATORZE cidades em 23 Estados.
No caso de GOT, os roteiristas assumiram um recurso comum para a televisão, bancada por Benioff e Weiss, que agiram como plotters. Eles sabiam qual era o final que queriam e começaram a escrever a saga de trás para frente. Já se sabia que seria agidoce o final. O mesmo não podemos falar sobre as manifestações de domingo. Apesar de uma segunda rodada de manifestações a favor da educação acontecerem essa semana ainda, não se sabe como será a reação do governo, com esse apoio no congresso. Com a saída de apoios importantes no centro, da direita e extrema-direita, as votações importantes poderiam ser pensadas a partir desse fato e como explorada pela mídia no fim de semana.
Parecia que tinha mais gente indo para o show do BTS do que para a manifestação pró-Bolsonaro. Gente que acampou na frente do estádio por três meses. Isso é impressionante. Mais importante falar do que a baixa adesão, ou das pautas pedidas contra a própria democracia e contra o congresso e STF, é o fôlego que Bolsonaro teve. Ele ainda não está morto. Se os próprios Bolsonaristas estavam ausentes nas discussões nas redes sociais, com aquele ódio costumaz, desta vez se sentiram representados e exaltaram a força das manifestações nas duas grandes capitais. Milhões de brasileiros ainda acreditam no mito, mesmo dando todas as provas de incapacidade e de confusão para governar. É infantilidade achar, que pessoas que votaram na extrema-direita iriam se tornar de esquerda de uma hora para outra? Havia dúvidas que haveria manifestação mesmo com o racha?
A outra dúvida é em relação ao tempo de exposição. No caso de Game of Thrones, foram oito anos de séria, que ousou em efeitos visuais, cenas de sexo e personagens interessantes. Você pode lembrar de situações como o nascimento dos Dragões de Daenerys, a Batalha da Água Negra e a Morte do Jon Snow e torcer pelo seu personagem preferido nesse tempo todo. A decepção, por uma série que foi aos extremos e que somente o melhor seria o dono do trono foi grande. No caso das manifestações, um processo também de “volta aos trilhos do Brasil”, “Fora esquerda”, levou mais de uma década e contou com o clima mundial de volta da extrema-direita, principalmente do líder da maior potência do planeta, que tem a mesma verve e filho de um extremista de direita. Não vai ser fácil reverter os direitos humanos e direitos dos trabalhadores. Será também gradual e lenta. Alguns falaram que perdemos o ano, eu diria que perdemos uma década no mínimo. No meu bolão, onde apostei em queda em seis meses, estou prestes a perder, mas o impacto de ontem ainda será sentido.
O mal da classe média é achar que o principal problema do país é a questão moral: a corrupção. Isso vende jornal e forma a opinião. Nosso maior problema é a DESIGUALDADE SOCIAL. O ideal seria que a opinião fosse mais esclarecida para que fosse possível lutar pelo que realmente importa: direitos iguais para todos! Mas nesse momento, estamos presos a torcidas de futebol.
A boa notícia é que os destinos dos personagens da saga Songs of winds and fires ainda podem ser escritas e consertar logo esse clima de desconforto. Já a nossa situação política, ainda vai precisar de muitos anos

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Educação acima de tudo


Sempre que se fala em educação, penso em Darcy Ribeiro: “ A crise da educação não é uma crise, é um projeto”. Sempre. Sabemos que cultura e educação, são os últimos da lista a ter algum favorecimento de orçamento governamental. Geralmente, tira-se sempre de muito pouco. Em alguns casos, temos boa intenção e dribles que geram um ganho educacional, que logo após a uma vitória ou golpe da oposição, tem seu crescimento interrompido que gera no final, um atraso sem precedentes de uma geração.  A educação incomoda por ser crítica. Incomoda por que faz pensar. Incomoda por que faz o país crescer. E a quem não interessa isso? Aqueles que preferem ter a população como nos tempos dos coronéis ou até pior, aqueles escravagistas.
Um resumo da educação, podemos ver pontos do que estou falando. Na colonização do Brasil, a Catequese, foi usada pelos jesuítas da companhia de jesus, para tentar escravizar os índios e força-los a trabalhar para os portugueses. Um panorama que não muda muito em 300 anos. Durante muito tempo, foram usados escravos (que não tinham direito a educação) e os brancos e nativos, exceto as mulheres e os filhos primogênitos, já que estes últimos cuidariam dos negócios do pai, estudavam nos colégios religiosos ou iam para a Europa. Nas escolas religiosas, eram submetidos a disciplina e correção através da força. A colônia Brasileira era uma sociedade latifundiária, escravocrata e aristocrática, sustentada por uma economia agrícola, que não precisava de pessoas letradas e nem de muitos para governar, mas sim de uma massa iletrada e submissa. Os colégios jesuítas negavam as matrículas de mestiços, mas tiveram que ceder vendo os subsídios que "escolas públicas" recebiam. Com a presença de D. João VI no Brasil, tem mudanças no quadro educacional da época, com a criação do ensino superior não-teológico. A população em geral continuou sem acesso ao ensino. Somente no Século XIX, começamos a ter incentivo governamental de ensino para todos. E daí podemos citar A Reforma de Benjamin Constant, a Reforma Rivadávia, a reforma de Lourenço Filho; no Ceará, o conflito de idéias na era Vargas (Esse vale a leitura de Ideologia e Educação Brasileira: Católicos x liberais” - CURY, 1986), Criação do SENAI, Reforma Capanema, Paulo Freire, Cieps do Darcy Ribeiro e os projetos de políticas públicas da era Lula. Nesse momento, o desmonte da educação.
E tenho que dizer: Foi lindo a manifestação em todo Brasil a favor da educação. Mais do que uma política de destruição de acesso das camadas mais pobres as universidades (que proporam ir ao ensino profissionalizante), é a paralização de todas as camadas do ensino. Desde a infantil até a universidade. É um desmonte sem proporções vista na história. E esses poucos meses terá reflexos de uma geração. É nítida uma gerencia ineficaz que está se preocupando apenas no primeiro momento em privilegiar o ensino particular, acabar com o pensamento crítico, acabar com a universidade pública e aumentar a incapacidade científica brasileira, tudo explicando e justificando com chocolates.
E ainda tem gente defendendo o Ministro da Educação e até dizendo que foram apenas 3%...o tio vai tentar explicar o contingenciamento do MEC sem chocolates. É 3% ou 30%? O excesso de simplificação do ministro esconde alguns fatos. Pegando dados do orçamento 2019 na LOA 2019, na MÉDIA, 65% dos gastos com educação superior é para pessoal (ativa e aposentados). 21% é custeio e não é obrigatório. Água, luz, material, segurança, bolsas, almoço, auxílios a estudantes). Sobra míseros 5% para investimento (reformas, laboratórios, renovação de equipamentos velhos, entre outros). Então o discricionário é fundamental para uma educação de excelência. Pois afeta o mínimo necessário para funcionamento das Universidades, IFs e das pesquisas.
A história de coronéis tendo uma massa sem pensar, foi retirada do túmulo da história e é novamente revivida com ênfase alinhada, em alguns casos, desde o governo federal até o municipal. Dia 30 tem mais, agora com adesão a uma massa maior de descontentes que apoiavam o governo. O ministro tem que rever seus desmontes e ainda pedir desculpas. Pode ser em um bilhetinho. Saberemos que será verdade...


quinta-feira, 16 de maio de 2019

Um chocolate por seus pensamentos


Um chocolate por seus pensamentos. O que se passa na mente de quem quer tirar os direitos dos professores, coloca-los dentro de sala de aula até não aguentarem mais, tirar as verbas de pesquisa, acabar com as verbas das universidades e priorizar as universidades particulares? Verdadeiramente me pergunto. Quem passa por uma Universidade pública, não teria um pensamento desse, aliás pelo contrário, colocaria mais e mais verba. Ele tem orgulho de ter passado. Ele tem orgulho de ter passado no vestibular e de ter cursado uma universidade pública. Essa raiva, eu suponho, é provavelmente de quem não passou, não conviveu e teve que disputar vaga com quem cursou uma universidade pública.
Um chocolate por seus pensamentos. Gosto muito de citar Foucault, que dizia que existem duas classes: a dos seres viventes e dos dispositivos (regras). As questões terminológicas são importantes na filosofia. Platão, por exemplo, nunca definiu o termo ideia. A regra tem função estratégica e se insere numa relação de poder. Os seres viventes e as regras podem ser opostos, correspondendo a dialética entre liberdade e coerção. Nesse sentido, a base de um pensamento de desmonte e militarismo nas universidades, tirando sociologia e filosofia dos currículos básicos, assim como tirar investimentos nos primeiros anos do ensino básico, também podem ser ideológicos, do tipo: “Não gosto de pensar e não quero que ninguém pense. Ou então, se pensarem: “são perigosos. ”
Um chocolate por seus pensamentos. O ministro da educação tentou explicar que estava correto e que o corte não era grade. Explicou usando chocolates. Foi um momento constrangedor. Primeiro por que erra sempre as contas e chamou o grande escritor Kafka de kafta. Malba Tahan escreveu o livro chamado: O homem que calculava. No caso dele: O homem que não calculava. O próprio MEC e todos os reitores reiteraram que o corte foi de 30%, ainda divulgando os montantes de cada universidade na internet. Está lá para você checar. Não lembro de precedentes na história do Brasil. O único que lembro, foi o plano Bresser, na era FHC, que ele explicou os planos econômicos, em que nas entrelinhas tínhamos a bala como troco oficializado pelos comerciantes. Mas nem chega de longe ao ministro, que insistiu no erro, postando explicação numa lousa, pela internet. Um ministro da educação, formado em economia em Universidade particular, pode errar tanto em matemática? Talvez esteja pensando que possa corroborar sua ideia errando a conta de propósito para enganar aqueles incautos que também não sabem matemática... você tem 100 chocolates. Quer dar para seu amiguinho 30%. Com quantos chocolates você vai ficar?
Um chocolate por seus pensamentos. Não perceberam o erro primário nem entenderam o conceito de contingenciamento: o presidente tratou logo comer o chocolate contingenciado. Será que fez mal para o presidente comer aquele chocolate vermelho da discórdia? Os milhões de olhos naquela balbúrdia naquele alimento feito com base na amêndoa fermentada e torrada do cacau? Normalmente você pode controlar alguns barulhos do seu corpo, como espirro e arroto, mesmo custando algum tipo de suplício, mas um barulho vindo de seu estômago não há nada que possa ser controlado. Não dá para reprimir como o presidente gostaria que tudo pudesse ser reprimido. Se houve algum problema logo após a entrevista coletiva não saberemos, pois ele deve ter falado algo como:
- Foi a minha sim, talkei? – Mas o mais provável tenha sido:
- Acho que vai chover hoje! – Olhando pela janela e fazendo um ar preocupado.
Hoje, no dia 13 maio, dia dos pretos velhos, faça uma oração e peça que tire os encostos do MEC e que o próximo ministro, saiba ler, escrever e fazer conta. Adorei as almas.



Exposição de cartuns Abolição



Foi inaugurado esta semana a exposição Abolição no Memorial Zumbi, com trabalhos entre outros de Clóvis Lima, Cristóvão Villela, J. Bosco, Jader Mattos , Bira Dantas e Carlos Latuff. Ela pretende ser itinerante e é necessária. Curadoria de Pedro Cartoonist

quinta-feira, 9 de maio de 2019

500 anos sem Leonardo. Viva Leonardo!


Quando nasci, um anjo torto, talvez o mesmo de Drummond, me disse: Você será um polímata! Sim, sou polímata. Está no dicionário. Mas não é algo incomum. Aliás, é mais comum do que se imagina e sempre que dou uma entrevista e se espantam com o fato de fazer vários tipos de artes diferentes, música, conservação de patrimônio histórico e escrever. Lembro sempre de uma figura, onde todos também conhecem, tanto no interior de Minas, quanto nas grandes cidades: Leonardo da Vinci. Este sim era o maior dos polímatas. Alguém que dominava tudo em que apegava. A grande referência para arte, como para outras habilidades humanas como engenharia, medicina, construção civil, guerra, robôs e etc. por isso que se comemora seus 500 anos de nascimento. Poucos ficarão na história por tanto tempo e ainda seguirá sendo referência para todo sempre. Eu irei ao esquecimento, Leonardo será eterno.
Até hoje, 500 anos depois, encontramos novidades sobre essa figura tão extraordinária. E na sua comemoração, nas homenagens, com direito a chefes de Estado, foi revelado que “o maior gênio do mundo era ambidestro”. Depois dessa revelação não vou nem conseguir dormir, pois o que falta descobrir de quanto era um gênio completo. Essa divulgação conseguiu abafar todos os noticiários sobre a política e economia no Brasil e mundo. Só mesmo Leonardo para tal. Enquanto grandes pintores estão restritos a países ou a entendidos de pintura, Leonardo consegue extrapolar essa barreira e ser reverenciado por qualquer pessoa de níveis sociais diferentes. Uma unanimidade.
Pensando em pintura, Leonardo não teve uma produção tão grande. Aliás, mínima. Menos de 20 conhecidos trabalhos, sem contar os inúmeros desenhos. Mas além de dominar a pintura, foi capaz de ser o melhor, criando técnicas como o esfumaço, isso sem ser um pintor de profissão. Você pode notar o trabalho de figuração D’A Santa Ceia retábulo de soluções inovadoras, de impacto visual tremendo e a grande referência da cena para os dias atuais. Maravilhou até Napoleão, que queria levar a obra com ele, mas foi persuadido por um monge a não fazer.  Foi escultor promissor, com trabalhos simples como a Anunciação até o monumento Trizulvio. Fez retratos como de Ginevra de Benci, mas a sua obra prima, Mona Lisa é uma das obras, senão a obra mais importante de todos os tempos. Quem não fica hipnotizado, conseguindo ver no meio de um mar de japoneses, esse quadro icônico. Um quadro que deu o que falar na literatura, com teorias tanto na capacidade pictórica, de inovação, de ser seu alter ego, tanto quanto por teorias de inclusão escondida de referências e até de medidas astronômicas com erros de milésimos. É a encarnação da beleza feminina na época, e que fez até Rafael pintar uma quase cópia com sua Maddalena Doni, de cerca de 1505/06. Gosto muito de uma cópia que está no museu do Prado, com mais cores e mais clara. Recentemente, foi descoberto um quadro de sua autoria. Um autorretrato. Foi descoberto na pequena vila de Acerenza, no sul da Itália.
Suas contribuições para aeronáutica, militares, construção civil, engenharia e medicina são incalculáveis. Dissecava mortos para estudar a dinâmica do corpo humano e para seus segredos não serem expostos, ainda conseguia escrever de trás para frente. Não deu certo apenas quando abriu um restaurante com Botticelli, pois mesmo que os pratos tenham sido feitos para uma nota 10 se estivesse no masterchef Brasil, os menus escritos ao contrário não fizeram sucesso.
Alguns atribuem seu sucesso a alguma viagem no tempo ou visões do futuro, por conta de alguma mediunidade. Leonardo passava algum tempo em cavernas na região e voltava com ideias prodigiosas como o presente ao Rei que fez de um leão mecânico robotizado, algo que na época tomou um terror na corte por ser tão real.
Parabéns Leonardo da Vinci. Esse ano faço aniversário de nem 1/9 de sua glória, nem um pingo de seu oceano, nem maturidade, mas vou admirar sua existência enquanto estiver nesse planeta.

Caricatura


Caricatura feita para um cliente

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Nahániri


No Domingo fui ver a apresentação do Conjunto de música antiga da UFF, com repertório de cantos indígenas da América, pelo evento Brasil: A margem. Um evento que apresentava toda a cultura indígena brasileira em diversos escopos. A Teko Porã (Que quer dizer o bem viver da comunidade), cosmovisão e expressividades indígenas. A apresentação, diga-se de passagem, com lotação esgotada, foi emocionante, com participação de integrantes antigos e um coro gigante. Foi lindo ouvir canções de toda América e principalmente, para mim, ouvir O Canto do Pajé, de Heitor Villa Lobos, que me transportava para minha memória afetiva, do qual cantei essa música diversas vezes pelo Coral do Centro Educacional de Niterói, sob regência do maestro Ermano Soares de Sá, recentemente falecido. Que Deus o tenha.
Me chamou a atenção, quando foram os discursos de despedida de aposentadoria de mais um membro do grupo, se falou sobre a luta que a UFF vai fazer em prol da manutenção da universidade pública, do incentivo à cultura e contra o fim do ministério da cultura, assim como a defesa e empoderamento das minorias, principalmente os povos indígenas que estão sendo dizimados numa escala impressionante nesse governo. O discurso em si não me causou estranheza e sim dos velhinhos que estavam assistindo a apresentação, com caras de poucos amigos, e possivelmente, eleitores do atual governo. Acabaram saindo no meio dos discursos. Ora, são contra o discurso, mas estava lá, compraram ingresso?
Como um governo que quer o porte de armas, liberar a caça aos animais silvestres, incentiva a invasão de terras indígenas por parte dos grileiros, milícias e fazendeiros, assim como quer doara Amazônia aos americanos pode se sensibilizar com as lutas e cânticos desses povos? É incompatível! Somos endividados com os indígenas que aqui estavam antes da chegada dos Portugueses, com mais de 5 mil línguas existentes. Exterminamos quase todos e os que existem ainda estão sofrendo com invasões e mortes e nunca se deixou conspurcar pela má índole dos brancos.
A maior parte das línguas indígenas encontra-se em risco de ser extinta. Suas terras são alvo constante de interesses comerciais, enquanto para eles é fonte de alimento, assim como para seu desenvolvimento que são negligenciados década após década pelo Estado Brasileiro. Esse então...o que dizer de saúde e escolarização, que são inadequados e com o crescimento do interesse cristão nesse novo escopo de ovelhas, suas línguas mães estão sendo deixadas de lado e como vivem através de tradição oral, serão esquecidas em pouco tempo. Línguas como o Akuntsú (seis falantes), Piripkúra (três falantes) e Xipáya (1 falante), vão sumir da face da Terra em anos, meses ou dias.
O povo deu atestado para essa matança. Legalizou a ignorância (no sentido de ignorar as informações e seguir o que o whatsapp, ou sua limitada opinião diz). No filme O terceiro homem, Harry Lime, em um texto que é atribuído a Orson Welles, que faz o papel, defende que, em 300 anos de vilania e intriga, Florença produziu o melhor da arte ocidental enquanto em um período de retidão, a Suíça, por exemplo, produziu o relógio cuco. Talvez assim se sintam os defensores do estado bárbaro que estamos vivendo nos dias de hoje em nosso país.  Mas evidentemente, se ignora os fatos, se defende idéias que não tem menor sentido, mas que profundamente, acreditam em algo que defendem como misoginia, homofobia e etc. por isso, temos defensores da ausência de vacinas, que ficam doentes provocadas pela falta de remédio e assim por diante.
Lembrando que o maior Florentino, ante florentino, o monge Savonarola, pregava os bons costumes e cidadãos de bem, convenceu parte da população a queimar livros, objetos de arte seculares, instrumentos musicais numa imensa fogueira das vaidades. Nesse momento, me passa a minha canção de memória afetiva de Villa Lobos:
Ó tupã tira de mim essa saudade. Anhangá me fez sonhar. Com a terra que perdi...