quinta-feira, 16 de maio de 2019

Um chocolate por seus pensamentos


Um chocolate por seus pensamentos. O que se passa na mente de quem quer tirar os direitos dos professores, coloca-los dentro de sala de aula até não aguentarem mais, tirar as verbas de pesquisa, acabar com as verbas das universidades e priorizar as universidades particulares? Verdadeiramente me pergunto. Quem passa por uma Universidade pública, não teria um pensamento desse, aliás pelo contrário, colocaria mais e mais verba. Ele tem orgulho de ter passado. Ele tem orgulho de ter passado no vestibular e de ter cursado uma universidade pública. Essa raiva, eu suponho, é provavelmente de quem não passou, não conviveu e teve que disputar vaga com quem cursou uma universidade pública.
Um chocolate por seus pensamentos. Gosto muito de citar Foucault, que dizia que existem duas classes: a dos seres viventes e dos dispositivos (regras). As questões terminológicas são importantes na filosofia. Platão, por exemplo, nunca definiu o termo ideia. A regra tem função estratégica e se insere numa relação de poder. Os seres viventes e as regras podem ser opostos, correspondendo a dialética entre liberdade e coerção. Nesse sentido, a base de um pensamento de desmonte e militarismo nas universidades, tirando sociologia e filosofia dos currículos básicos, assim como tirar investimentos nos primeiros anos do ensino básico, também podem ser ideológicos, do tipo: “Não gosto de pensar e não quero que ninguém pense. Ou então, se pensarem: “são perigosos. ”
Um chocolate por seus pensamentos. O ministro da educação tentou explicar que estava correto e que o corte não era grade. Explicou usando chocolates. Foi um momento constrangedor. Primeiro por que erra sempre as contas e chamou o grande escritor Kafka de kafta. Malba Tahan escreveu o livro chamado: O homem que calculava. No caso dele: O homem que não calculava. O próprio MEC e todos os reitores reiteraram que o corte foi de 30%, ainda divulgando os montantes de cada universidade na internet. Está lá para você checar. Não lembro de precedentes na história do Brasil. O único que lembro, foi o plano Bresser, na era FHC, que ele explicou os planos econômicos, em que nas entrelinhas tínhamos a bala como troco oficializado pelos comerciantes. Mas nem chega de longe ao ministro, que insistiu no erro, postando explicação numa lousa, pela internet. Um ministro da educação, formado em economia em Universidade particular, pode errar tanto em matemática? Talvez esteja pensando que possa corroborar sua ideia errando a conta de propósito para enganar aqueles incautos que também não sabem matemática... você tem 100 chocolates. Quer dar para seu amiguinho 30%. Com quantos chocolates você vai ficar?
Um chocolate por seus pensamentos. Não perceberam o erro primário nem entenderam o conceito de contingenciamento: o presidente tratou logo comer o chocolate contingenciado. Será que fez mal para o presidente comer aquele chocolate vermelho da discórdia? Os milhões de olhos naquela balbúrdia naquele alimento feito com base na amêndoa fermentada e torrada do cacau? Normalmente você pode controlar alguns barulhos do seu corpo, como espirro e arroto, mesmo custando algum tipo de suplício, mas um barulho vindo de seu estômago não há nada que possa ser controlado. Não dá para reprimir como o presidente gostaria que tudo pudesse ser reprimido. Se houve algum problema logo após a entrevista coletiva não saberemos, pois ele deve ter falado algo como:
- Foi a minha sim, talkei? – Mas o mais provável tenha sido:
- Acho que vai chover hoje! – Olhando pela janela e fazendo um ar preocupado.
Hoje, no dia 13 maio, dia dos pretos velhos, faça uma oração e peça que tire os encostos do MEC e que o próximo ministro, saiba ler, escrever e fazer conta. Adorei as almas.



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