quinta-feira, 29 de julho de 2021

Politização no esporte

 

As olimpíadas estão aí. O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade. O lema do Barão de Coubertin, não sobrevive em um país dividido. Sabemos que Bolsonaro acabou como Ministério dos Esportes. Sabemos também, que um país forte, é aquele que em todos os seguimentos, tem resultados a altura de seus investimentos públicos. Políticas públicas são importantes, pois a ascensão de nomes como Ítalo, Rayssa, Kelvin, Daniel e Fernando, vindos de situação humilde, tendo que muitas vezes arcar com seus projetos, seria multiplicado aos milhares com incentivo Municipal, Estadual e Federal.

Ao longo da historia no Brasil, geralmente as ações apresentadas são prestações de serviços ao público, voltadas para o oferecimento de atividades para preenchimento do tempo ocioso de garotos da periferia. Na verdade, políticas públicas pensam no bem estar populacional e trabalhar esportes diversos com programas de incentivo financeiro, que devem ser ditadas e sancionadas pelo órgão Federal para os municípios. Fica evidente a comparação neste campo. Tivemos no período de Lula O Estatuto do torcedor, Bolsa-atleta, MP do futebol, Lei de incentivo ao esporte, trazendo para o Brasil o resultado de, somente neste governo: 18 ouros, 17 pratas e 29 bronzes. Feito que não será repetido neste governo Bolsonaro.

Estamos vivenciando um momento muito rude no Brasil, onde vemos antes em quem votou o atleta para torcer a favor ou contra. É bem verdade, que os resultados estão vindos daqueles que são exemplos de humildade, ganhando ou perdendo. Isso leva a questão moral implicada em todos os jogos. Se ganhar, sonha em visitar o palácio do planalto e se perder, foi roubado. O exemplo mais claro disso foi no surf. Medina, o queridinho e franco favorito, perdeu a chance de medalhas olímpicas e logo choveu uma horda Bolsonarista falando nas redes sociais do suposto roubo. Tudo incentivado pela Yasmin Brunet que não satisfeita com a derrota, pediu o cancelamento do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Confederação Brasileira de Surfe (CBSurf).

Medina sendo bolsonarista declarado levou os torcedores a não se importarem se perderia. Podia ser de 0,01 pontos. E isso, leva a uma categoria completamente nova para torcedores: Brasil Bolsonarista e Brasil real. O Brasil real seria aquele em que ganhando ou perdendo, haveria uma grande torcida com ele, pois está representando nosso país. Mas essa realidade, tão cedo não vai acabar. Vibramos com a vitória do Ítalo Ferreira pelo Ouro e mesmo sendo despolitizado, foi abraçado por todos por sua luta, história de vida e valores morais das quais possui. Isso traz identificação. Traz carisma real.

A única que conseguiu unir os brasileiros foi Rayssa, que não tem idade para votar. Provavelmente muitos ficaram acordados para assistir a conquista da prata da pequena Rayssa Leal, a fadinha, de apenas 13 anos, em Tóquio. Ela sempre parecia estar alegre e se divertindo, enquanto do outro lado, milhares de pessoas roíam os dentes. Girls just wanna have fun! A vitória não foi só particular da menina, mas também do empodeiramento feminino. As meninas do skate estão de parabéns por romperem o estigma de que é um esporte masculino, como levaram a força feminina aos jogos. Aquilo que nos acostumamos de ver, a imagem de um garoto com roupas longas e estilo próprio, estão sendo mudadas pelo upgrade feminino. Quando falam que a origem da humanidade é somente através de Darwin, eu falo que tem meio-termo na história. Tem dedo de Deus na criação da mulher. Exemplo lindo de diversão, leveza, competição, técnica e boas práticas no esporte. Rayssa, quando soube do resultado, nem se preocupou de curtir a vitória, mas se preocupou de dar os parabéns a adversária que ganhou a medalha de ouro com um abraço. A japonesa Momiji Nishiya se sentiu constrangida, pois esse tipo de afeto não é comum, ainda mais vinda de uma adversária.

A diferença, no final das contas, será sempre política. O constrangimento e vergonha alheia podem ser contornados com verdadeiros incentivos no esporte, e educação. O que hoje não significa absolvição.

Evento online no sábado, para o Dia C

 


Estarei no sábado às 14h30 neste evento Brasil/Portugal para o dia de Cooperar. Todo ano participo levando um pouco de arte para aqueles que tem interesse em aprender ou extender depois

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Amazon no espaço, a fronteira final

 

A corrida privada pelo espaço teve seu segundo capítulo com a ida do bilionário Jef Bezos ao espaço por poucos minutos, tendo a nave pilotada por computadores e volta certeira a Terra. No tempo da guerra fria, havia a fronteira ideológica que instigavam países. E nessa defesa ideológica, os Estados Unidos defenderam suas posições contaminando toda América Latina tendo a política de contra insurgência que patrocinou os governos militares, treinando torturadores e “zelou” pela nossa segurança. Os americanos tiveram o apoio dos ditadores, recursos financeiros e o conluio das direitas. Tudo documentado e hoje já conhecido por todos.

A corrida vista por todos era entre a conquista dos comunistas contra o mercado livre. A União Soviética dava sinais de muita superioridade lançando a Sputnik , lançando Laika ao espaço e logo depois Iuri Gagarin foi o primeiro ser humano a viajar pelo espaço, em 12 de abril de 1961, a bordo da Vostok 1. Irritados, os americanos lançaram todas suas fichas e recursos para uma conquista maior, que pudesse se vangloriar como vencedor. Com a ajuda dos nazistas, liderado por Wernher von Braun, os americanos colocaram Neil Armstrong a ser o primeiro homem a lua. O pequeno passo para homem e um salto gigante para a humanidade foi visto pela televisão no mundo inteiro e contestado por alguns conspiradores dizendo que foi um grande golpe, afinal, tem um vídeo bomba de Stanley Kubrick falando que ele foi procurado pelo governo e filmado o pouso que vimos como vitória.

Tirando esse histórico típico de grandes filmes, você tinha uma delimitação clara das fronteiras ideológicas. Viva-se dentro de perímetros delimitado. Mesmo quando a guerra fria esfriou, os generais saíram do poder, essas geografias acabaram, mas outra invisível  estava presente: a fronteira econômica. Elas separam bairros, vizinhos, dividem cidades e ruas que você cruza diariamente. É possível sair de uma Dubai em um carro importado e passar por uma Somália em pleno sinal fechado. Com a ascensão no Brasil da extrema-direita, vemos que a violência explode ameaçando o bom Bon vivant e promovendo barbáries nas periferias.

Barack Obama, quando assumiu a Casa Branca, reduziu consideravelmente o orçamento da agência espacial americana, querendo implantar um sistema de saúde no país tal qual o SUS e tentar acertar a economia que estava caminhando para o crescimento dos sem tetos por todo país. O retrato piorou na gestão Trump, e uma lacuna foi deixada para a nova era de exploração espacial. Quem entra nesse páreo? Jeff Bezos , CEO da Amazon, Elon Musk , CEO da Tesla , e Richard Branson , fundador do grupo Virgin. Cada um com seus sonhos distintos para o público, mas com intenções capitalistas na ponta.

A Amazon pretende fazer a primeira viagem tripulada em 2024 e ser a única a dar o acesso de pessoas ao espaço sideral, através de módicos milhões de dólares. A Tesla quer colonizar Marte e ser o Colombo e Washington ao mesmo tempo, sendo dono de um planeta. A Virgin quer baratear os custos e ter o turismo de viagens orbitais, para aqueles que podem pagar. Recentemente Brad Stone, editor na Bloomberg , escreveu o livro “Amazon sem Limites” expondo que Bezos, entre vários mais endinheirados pagam zero imposto ou muito pouco. O livro mostra a selvageria capitalista que move abaixo da máscara de visionário. Os empregados de centros de distribuição não recebem aumento após três anos de trabalho e não quer que se organizem em sindicatos. Enquanto isso, seu patrimônio é que realmente em poucos anos cresceu a níveis estratosféricos.

Mas quem foi o cara, que arrematou no leilão a quarta vaga na viagem, por US$ 28.000.000,00 e no dia da viagem, disse que não poderia comparecer, por ter outros compromissos? Como vivemos em um planeta com essa realidade, enquanto a única solução dos endinheirados para os excluídos é matar? Claro que, os pobres podem decidir deixar de ser pobres e tornar-se capitalistas de uma hora para outra, como fizeram os comunistas na última grande guerra. Mas fico um pouco feliz se ele  levar um terraplanista do governo Bolsonaro por 10 minutos no espaço.

Dia de Cooperar 2021

 


Todo ano participo do Dia C, de Cooperar. Neste dia vários profissionais ajudam o público e a comunidade com serviços variados. Eu estarei com uma oficina de desenho para Brasil e Portugal. Vai ser massa!

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Terrivelmente evangélicos e sua ascensão ao poder

A lua-de-mel entre O presidente e os evangélicos foi um projeto de poder, que começou décadas atrás. Quis o destino, que esse projeto encontrasse nesse momento o candidato que estava em ascensão naquele momento surfando na onda ultraconservadora da candidatura Bolsonaro. Existe um projeto de poder pentecostal que estava se desenhando para alçar maiores coberturas de seus domínios religiosos. Um dos pilares que ainda sustenta o presidente, mesmo com diversos crimes cometidos, mais de 130 pedidos de impeachment e pedidos até no Tribunal de Haia, é o da bancada evangélica.

Todos os fiascos do governo são extremamente embaraçosos para a ala evangélica, mas não são mortais. Já ascenderam como vereadores, deputados estaduais e federais, ministros e atualmente, o presidente da república. Aquela história de Estado Laico, já não existe mais. Esses embates negacionistas e propostas de lei baseados nas convenções pentecostais estão tomando conta das cidades e estados brasileiros. Não importa a inabilidade do governo, corrupção ou todo tipo de esquema produzido, pois o avanço da bíblia no Estado é um projeto que não está no começo, porém sem perspectivas de fim.

O governo Bolsonaro está respaldado por essa camada que detém o poder na igreja. Não teremos um The Handmaid's Tale, mas podemos ter avançado muito em um estado fundamentalista. Basta ver o projeto de política pública para adolescente que será vista em São Paulo proibindo os jovens de qualquer contato com sexo. A nação evangélica não se assusta com o olhar do Bolsonaro de Rasputin. Pode falar em matar, pode ser totalmente a favor de torturas e ser truculento, mas se aprovar leis a favor da moral conservadora, está tudo bem.

Desde 1982 para cá, os parlamentares evangélicos passou de 12 para 90. Uma ascensão mostrando uma tendência no congresso e que nas pequenas prefeituras são quase 100%, tendo inclusive sessões religiosas nas casas legisladoras. Temos o mandatário maior da igreja, Edir Macedo, que  publicou o livro “Plano de Poder”, mostra Deus como um estadista. O crescimento exagerado entre os mais pobres, que diante dos problemas da vida, e dos transtornos causados pela crise e o empobrecimento social avassalador, leva ao amparo dessas igrejas, que estão em cada canto no Brasil, a esse sofredor. Um presidente que acaba com os direitos trabalhistas, acaba com o meio ambiente e avança em um projeto de destruição, tem o suporte dos crentes que olham o presidente com uma espécie de fascínio reverencial.

E que ninguém ouse acordar esse rebanho do transe. Isso por que a lua-de-mel deles com o presidente ainda está no começo. Está como se ainda estivessem nas Barramas, livres e faceiros. Tivemos a indicação recentemente de Bolsonaro com André Mendonça ao cargo ao STF. Seria o segundo ministro terrivelmente evangélico como o presidente costuma falar. Quando se dará um comportamento contrário a essa lua-de-mel? Dá forma como esse avanço se dá no poder, nem se houver um tsunami na suíte nupcial ou um dedo acidental na tomada.  Mesmo com uma mudança radical de condução do país em 22, a bancada está estabelecida e vai avançar, pois a construção religiosa é através do afeto e nisso, o brasileiro mais necessitado dispõe das igrejas.

Será que sobrará apenas rezar um pai-nosso ou haverá um amanhecer mais glorioso para o Brasil pátria do evangelho.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Árvore que nasce torta morre torta

 

O reino encantado do qual o presidente acha que o Brasil está vivendo está durando cada vez menos. Não adiante querer criar uma rede de TV que só fale notícias boas ou não divulgar os dados de contaminação e morte por COVID. Quanto mais esteja tentando apagar seus rastros, mais a CPI cavuca mais irregularidades. É como se puxasse aquele cabelo no ralo, que com dificuldades, você acaba retirando mais e mais detritos que estavam atrapalhando o fluxo natural da água. E por isso, é possível que a CPI prorrogue seus trabalhos por mais 45 dias pelo menos.

Os servidores concursados, que lutam pela sua estabilidade de emprego, do qual o presidente quer retirar, foram basicamente responsáveis pelas provas cabais de no mínimo prevaricação. Que é crime. No último escândalo anunciado pelos irmãos Miranda, da qual a PF negocia com servidor para incluí-lo em programa de proteção a testemunhas, temos o fio da meada que vai complicar verdadeiramente o presidente. Se todas as atitudes morais, economia pífia, destruição da natureza, problemas com comércio exterior não incomodaram Bolsonaro, pelo menos o último pilar de sustentação de seu discurso não estava comprometido. Até agora. Afinal, a corrupção é a última defesa do governo perante a direita no país.

Este último pilar de sustentação está durando por breve momento. A Covaxin ainda está em fase de testes, menos eficaz que as outras vacinas e é muito mais cara do que todos as outras vacinas. Porém, sem aprovação da Anvisa e rapidamente, com emprenho de todos, foi acertado a compra. Por que? Por que  foram apenas 97 dias de empenho a  15 dólares a dose? E ainda, todas as 20 milhões de doses deveriam ter sido entregues ao Brasil até maio. Se não podemos falar de incompetência logística no mínimo, temos que ver o por que do interesse, se a Pfizer levou 330 dias para ser aprovada a compra.

Como esse país no imaginário de Bolsonaro, com inflação controlada sem recessão, se descarta compras com doses a metade do preço, prefere comprar a mais cara até o momento. Na verdade, outra compra maior foi descoberta em pior situação. A indicação do servidor é de compra suspeita e é aí que tudo aparenta a corrupção clara, que deu já notícia crime que já está protocolada. A intermediação por uma empresa, a Precisa Medicamentos, com o sócio da Precisa, Francisco Maximiano, ligado a Flávio Bolsonaro, responde por diversos escândalos na área da saúde tanto no governo federal quanto no governo do Distrito Federal.

Nessa Camelot imaginária de Bolsonaro, ninguém protestaria. Mas como a corda rompe do lado mais fraco, mesmo um bolsonarista ficaria com medo dos resultados finais. Ricardo barros, da qual o presidente prevaricando e não se importando com a situação já mostrada pelo deputado Luis Miranda, falando que “É coisa do Ricardo Barros!”. Aquele mesmo que foi Ministro de Temer e que defendia a imunização de rebanho. Não admira que o governo troque as versões a todo o momento, pois a cada minuto acerta o presidente de uma forma ou de outra. Um discurso que atinge apenas ao público do presidente de seu reino encantado.

E mais, as vacinas da Covaxin iriam chegariam com a validade vencida. Não existe exemplo recente de uma administração que tenha revertido suas ações para limpar a trilha da omissão de um governo Federal tão rapidamente como de Bolsonaro. Já foram mais de 4 versões diferentes apresentadas e o “rolo” fica cada vez mais enrolado. Lembrando que antes foi mostrado que o documento tinha sido forjado em coletiva mostrado por Onix.

Justamente quando a fantasia desmorona, tenta-se achar uma nova narrativa para a lenda da compra da Covaxin.

Capa da revista de jornalismo da ESPM

 



Saíram as capas da Revista de Jornalismo da ESPM que fiz com arte gráfica e ficaram muito legais. Dá um confere