quinta-feira, 27 de maio de 2021

Capitã Cloroquina versus o incrível exército da verdade

Quero aproveitar o depoimento da Capitã Cloroquina na CPI e fazer um paralelo com as histórias em quadrinhos da era de ouro. Quero deixar também meu voto em relação à atuação da Capitã Cloroquina na CPI, em relação aos outros inquiridos. De todos que mentiram descaradamente, ela pelo menos usava bolsa Gucci. De uma secretária sem espaço a impulsionada a alcunha de Capitã Cloroquina, Mayra Pinheiro conseguiu sua atuação de gala. Queria incluir a atuação dela, na minha galeria de atuações memoráveis do cinema, que estão: John Weissmuller como melhor Tarzan, Bela Lugosi como melhor Drácula, Laurence Oliveier como melhor Hamlet e Grande Otelo como melhor Julieta. Mayra Pinheiro obteve melhor atuação em mentiras atuadas na CPI. Senão pela performance, mas com certeza pelo glamour.

Senão vejamos. Tratamento precoce. Mayra disse que o “tratamento precoce” é usado por médicos de todo o mundo. Vejo a cena: O Presidente do grupo Gabinete do Ódio chama Capitã Cloroquina para uma reunião em seu covil do mal. Nele estão reunidas as maiores mentes do mal. O presidente fala para ela: “Isso não pode continuar existindo. Tudo é coitadismo. Coitado do negro, coitado da mulher, coitado do gay, coitado do nordestino, coitado do piauiense. Vamos acabar com isso!”.

- E o que quer que eu faça?

- Empurra hidroxicloroquina e  ivermectina. Se puder manda tomarem detergente que é mais barato.

- Muito astuto! – Responderia ela.

Mas, hoje toda a população já sabe que não há dados sobre esse assunto, tendo a Organização Mundial da Saúde que se opõe ao uso da cloroquina, da hidroxicloroquina e da ivermectina.

Ela renega sua alcunha para a sociedade. Logo que a sociedade descobre que atrás da máscara de Capitã Cloroquina, sua identidade secreta era de Mayra Pinheiro. Foi descoberta nas manifestações odiosas contra os Mais médicos Cubanos. Sua identidade foi revelada para o povo que ficaram, pasmem, chocados. Afinal, havia sempre a recomendação de medicamentos. Negou que tenha recomendado a cloroquina, apenas orientou. Mas a liga do mal tinha um plano maligno chamado “Plano Manaus”, assinada por Eduardo Pazuello.

- Raios duplos e triplos! – Exclama Pazuello. – Era para ela dizer que a plataforma  TrateCOV, foi hackeada e não tirado do ar para que fosse feita uma investigação!

Capitã Cloroquina negou que a plataforma tenha sido alterada, colocando mais azeitona na empada. A Liga do Mal está de mãos atadas nesse momento, sem fôlego, enquanto seus asseclas tentam apagar extensos incêndios dentro da CPI, mesmo com provas robustas de omissão clara do governo federal no combate a Pandemia. Os tentáculos da rede do mal ruíram com a queda do poder nos Estados Unidos com Trump, justamente por procrastinar a pandemia. Por aqui, estamos na mesma situação a passos de tartarugas. Sofrimento com o chamado dever cumprido de Pazuello deixando quase 450 mil mortes em um combate ineficaz ao vírus. A população deseja que a imunização aconteça o mais rápido possível e que no escaldo das apurações, peguem os culpados por esse caos na sociedade. Por fim, veremos alguém sendo algemado e o Senador Randolfe Rodrigues falando enquanto retira a máscara do rosto da pessoa:

- Agora veremos quem está por trás de tudo isso!

- Presidente!!! – Gritos de exclamação de todos ao redor.

- Eu teria conseguido se não fosse por esses garotos enxeridos e esse cachorro viralata!

 

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Entrevista para o Aroeira

 https://www.facebook.com/watch/live/?v=532442264441631&ref=watch_permalink



Negando o próprio negacionismo

Qual a vantagem de defender um ponto de vista e negar esse próprio ponto de vista? Mas não é negar como em uma tese, onde a contra argumentação é importante nos textos dissertativos, pois mostra o ponto de vista oposto, gerando debates sobre o tema proposto. Mas como geramos debate ontem. Ernesto Araújo, assim como Fabio Wajngarten, assumiu que podem falar qualquer coisa para se livrarem de uma repreensão pública, mesmo com vídeos na rede, textos escritos e publicados e twittes debatidos. Vitor Hugo teria dito: “ Mentir é maldade absoluta. Não é possível mentir pouco ou muito; quem mente, mente. A mentira é a própria face do demônio”.

Como disse uma amiga, adolescente gosta de namorar, mas adulto gosta mesmo é da CPI. É como um bom seriado que as sextas acabam para retornar com novos episódios na terça seguinte. E Ernesto Araújo superou personagens como FLETCHER REEDE, de O mentiroso (papel clássico de Jim Carrey), a família inteira de dissimulados, no filme de Bong Joon-Ho e aquele que achava que o final poderia ser glamoroso, Frank Abagnale; personagem de Leonardo DiCaprio em Prenda-me se for capaz. Em 116 anos do cinema mundial, o enredo escrito pelos ouvidos desse governo na CPI estaria no top 10 do gênero mentiras. E com direito a ter medo de ir ao banheiro e perder, por exemplo, a fala de Kátia Abreu.

Claro que temos ressalvas. Mas é que estamos tão carentes, no meio de uma pandemia com um governo de extrema-direita ceifando vidas, que qualquer fala bem dada é uma glória na alma. Randolfe Rodrigues mostrou que Ernesto Araújo sabotou o consórcio Covax Facility. O ex-ministro não se abalou em suas expressões faciais sobre isso. Pode ser que debaixo da máscara esteja rangendo os dentes, mas nunca saberemos. Mas o que esperar de alguém que acredita na Terra plana e que temos um vírus comunista que quer implantar a semente do comunismo na corrente sanguínea? É fácil citar dados falsos sobre China, consórcio de vacina e OMS. Falar que fizeram tudo ao alcance e se verifica que não fizeram, nem um mínimo telefonema para a Venezuela para agradecer o empenho na doação de oxigênio para a crise em Manaus.

Meu problema é que sou afeito a um gosto refinado, devido a muita leitura na juventude. Mas como a fala de Abreu e sua motosserra giratória nos representa nessa hora, independente  de um respeito ao mentiroso. "O senhor foi uma bússola que nos direcionou para o caos, para um iceberg, para o naufrágio da política externa brasileira". Foi o resumo que precisava terminar meu dia de CPI. A compulsão pela mentira, não vai desviar a conclusão dos fatos, pois as provas são robustas. Nesses casos, não adianta a tese de que não fui eu, mas meu eu lírico; quando sempre chamou a COVID de comunavírus e fala que não houve atrito com a China.

O poeta Alexander Pope disse: Errar nos torna humanos, admitir o erro e pedir perdão deveria nos tornar divinos. No entanto,  políticos da gestão Bolsonaro não aceitam o peso de seus equívocos. Achavam que esse dia nunca chegaria. Que poderiam fazer o que quisessem sem serem marcados como, no mínimo, incompetentes. Até uma determinada época, onde testaram limites, como das falas nazistas do primeiro secretário de cultura, achavam que o forte apoio de setores da população daria suporte para todas as suas medidas inconsequentes. Querem transmitir uma imagem de absoluta eficácia, sem existir e precisam da mentira para que seu público possa dar suporte nas redes sociais com a falsa ilusão de que estava sofrendo ataques injustos e que teria suporte sempre. Ledo engano.

Por que Ernesto não defende suas convicções na CPI? E para não dizerem que é uma fala de esquerda, aponto que no livro O Liberalismo Politico, de John Rawls, mostra sua teoria que admite que as pessoas, no âmbito da vida privada, tem “afetos, devoções e lealdades dos quais elas acreditam que não poderiam, ou na verdade não deveriam, afastar-se (…) As pessoas podem achar simplesmente inimaginável viver sem determinadas convicções religiosas, filosóficas e morais ou sem determinados apegos e lealdades duradouros.” Rawls ainda orienta: “Para saber se estamos seguindo a razão pública, devemos perguntar: Como veríamos nosso argumento se ele nos fosse apresentado como uma opinião da Suprema Corte?”

Aguardemos os próximos capítulos da CPI.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Legado da UFRJ ameaçado

 

Fui cria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lá fiz dois cursos de graduação com muito orgulho. Na minha primeira passagem aproveitei bastante tudo que a universidade podia me oferecer, tanto no aprendizado como aulas como ouvinte em vários cursos, fui monitor de história da arte e pesquisador do CEG; assim como me diverti jogando bola às sextas e socializando, participando de encontros nacionais pelo Brasil e fazendo esporte. Já em minha segunda passagem, tive a oportunidade de ser mais profundo nos estudos e que me deu chance de uma pós-graduação com mais embasamento. Nesses períodos, sempre era visível a falta de recurso que a UFRJ sofria para o seu desmonte. Já tivemos períodos de greve por recursos tanto de salários quanto para problemas básicos do prédio.

O desmonte de uma universidade de qualidade em 100 anos é frequente para uma política de mudança de valores. Transformar uma escola pública em particular, povoa a mente de conservadores faz décadas e tratam essa mesma escola com descaso propositadamente para um discurso de ineficiência. Mesmo desta forma, a UFRJ segue sendo uma das melhores da América Latina. Temos uma das poucas oportunidades no mundo com ensino de alta qualidade de forma gratuita e democrática funcionando a trancos e barrancos. Mas isso incomoda os que tratam o ensino com descaso. O capitalismo em que essas mesmas pessoas acreditam, só serve tendo uma população subalterna sem educação e uma elite podendo ter acesso ao ensino e viagens ao exterior.

Agora fechar a universidade, não significa apenas fechar o ensino superior, como figuras tal qual Abraham Weintraub preconizam, sob alegação de apenas ser um antro de drogas. Fechar a universidade significa fechar também hospitais federais, unidades de saúde, museus, laboratórios, bibliotecas, tecnologia a serviço da sociedade e nesse momento de pandemia; pesquisas de vacinas totalmente nacionais. O tsunami de problemas nunca chegou a um nível de irresponsabilidade nesse montante. E não se trata apenas da UFRJ, mas de todas as universidades, institutos e escolas federais. O tamanho do problema é traduzido olhando de uma forma mais abrangente. A UFRJ com problemas de verba, censo 2021 em perigo, Ibama desmontado, falta vacina, oxigênio, leitos, testes e onde Bolsonaro gasta 3 bilhões de dinheiro público?

Nesse momento, vemos esse sucateamento cada vez mais claro na nossa frente sem possibilidades de mudança, afinal, qual presidente teve mais de 140 pedidos de impeachment sem uma análise? Arthur Lira comentando que não existe clima para analisar um desses pedidos. Se 156 pedidos, feitos por inúmeros diferentes setores da sociedade, não é motivo, o que seria? Enquanto lutamos por um auxílio emergencial digno o povo passa fome e o presidente exibe picanha a R$ 1.799 o quilo. Podíamos esperar uma manifestação do ministro da economia que se formou em universidade federal (UFMG), estudou em Chicago financiado pelo Estado, mas Paulo Guedes prefere fazer vista grossa.

A esperança é que os movimentos estudantis conseguiram movimentar mentes e corações ao longo da história e pode nesse momento reverter à situação que está por um fio. E interessa para o governo a continuidade da pandemia para que não haja manifestações públicas e que possam passar o máximo de boiada possível. Não é um momento exclusivo, mas de 2015 para os dias atuais, o corte foi muito dramático.

Em memória ao Decreto 14.343 assinado pelo então presidente Epitácio Pessoa, oriunda da criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho criada em 17 de dezembro de 1792 no reinado da rainha portuguesa Dona Maria I e a Faculdade Nacional de Medicina, criada em 2 de abril de 1808 pelo príncipe regente Dom João VI, diga ao povo que a UFRJ fica!

Homenagem ao ator Paulo Gustavo

 


Participei desta exposição virtual, da qual a Associação dos Cartunistas do Brasil organizou uma exposição virtual para homenagear Paulo Gustavo, humorista brasileiro que morreuCom mais de 50 artistas participantes, a mostra "Rir é um ato de resistência" celebra a vida do artista criador de Dona Hermínia e de outros personagens inesquecíveis no teatro, na TV e no cinema.

Veja em : https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2021/05/07/paulo-gustavo-e-homenageado-por-cartunistas-em-exposicao-virtual-veja.ghtml


quinta-feira, 6 de maio de 2021

Levaram o sorriso de Niterói

 

O humorista Benett se lembrou da frase que o Betinho disse para seu irmão Chico Mário quando Henfil morreu: "Hoje foi ele. Amanhã serei eu, e depois você. Vamos para casa". Estamos inebriados, diariamente, perdendo familiares, amigos e pessoas que admiramos. Tínhamos a obrigação de enfrentar a pandemia com mais seriedade, mas nada disso está sendo possível com um governo negacionista. Quando perdemos uma luz como Paulo Gustavo, ela representa um despertar naqueles que estavam em estado catatônico ou em sua bolha de proteção, para a realidade que nos assola diariamente com mais de três mil mortos por dia no país. Paulo Gustavo lutou quase dois meses, com todas as possibilidades financeiras de travar uma batalha que poderia ser ganha, mas a Covid não escolhe classe social. Por esse motivo, a vacinação é a única resposta.  

Paulo Gustavo era um ator fabuloso. Elevou a cidade de Niterói com o humor característico da cidade para o Brasil. Quantas vezes eu esbarrei com o ator no Campo de São Bento, bem cedo, com seu sorriso característico. Curiosamente, perdemos em 4/05/20 Aldir Blanc, e agora em 4/05/21 Paulo Gustavo. Entre um e outro, nada foi feito nesse caos da saúde para que não tivéssemos que chorar mais perdas que apertam o coração. Dessa vez, a esperança é que a luz do ator possa iluminar uma nova consciência, uma seriedade na condução da imunização do país. Não tinha ninguém que não gostava de Paulo Gustavo. Humorista brilhante, tranquilo no palco, dominava a plateia e muito generoso com todos. Levava alegria para a casa de todo brasileiro e estava alcançando um sucesso nacional, mas se preocupava com o social também, quando doou uma grande quantia de dinheiro ao padre Lanceloti e seu trabalho com a comunidade de rua.

Estamos em um país continental, mas governado por uma paróquia miliciana, que foi capaz de propor, segundo Mandetta, a mudança na bula da Cloroquina como remédio para a COVID. Quantas mortes foram evitadas com a proibição deste ato do presidente?  Nada disso precisava ter acontecido. A CPI apenas começou seu trabalho e tem a obrigação de rapidamente esclarecer os fatos para o país e destituir essa condução criminosa e passarmos a reagir com seriedade a essa doença que ceifou Paulo Gustavo. O ator, humorista, diretor e roteirista Paulo Gustavo, cria de Niterói, falou sobre nosso dia-a-dia com nossas mães, mas também falava sobre sua preocupação com a perda e ausência dos sorrisos em cada lar por causa da falta de afeto que estávamos tendo com o distanciamento social.

“Rir é um ato de resistência”. Dizia ele. E está certo. Precisamos lutar por uma prevenção correta, ouvindo a ciência e o humor ele salva, transforma, alivia, cura, traz esperança, nos faz refletir, pensar e debater. Durante o regime militar, além da luta nas ruas, tanto físicas e políticas, tivemos O Pasquim, que levava o ridículo do regime para dentro de casa. E como foi importante os movimentos dos humoristas durante a ditadura. E mesmo presos, mostravam que se calar é a pior prisão. Paulo Gustavo que tanto fez do riso sua profissão, falando sobre sua mãe, morre na semana do dia das mães.

Paulo Gustavo foi meteórico. Sua peça e seu filme foram sucessos arrasa-quarteirão. Um ator de mão cheia, que tinha muito ainda para nos oferecer e se vai prematuramente. Sinto uma dor incrível, pois uma semana antes perdia um grande amigo e um dos maiores restauradores do país do qual admirava, Claudio Valério Teixeira.

André Diniz, escritor e pesquisador de samba, propôs em suas redes sociais a mudança da rua Moreira César para Paulo Gustavo. A tradicional Rua de Niterói tem o nome do militar que liderou o combate contra Canudos conhecido como Corta-Cabeças entre os escravos. Nada mais justo trocarmos para um ator que nos fez alegres. Mas somos um país imenso  governado por irmandades pequenas. E no final, pagamos por isso.

Homenagem ao vereador Renatinho



O meu trabalho na homenagem ao vereador Renatinho feita na frente da câmara de vereadores de Niterói, e clicada pelo vereador Paulo Eduardo Gomes. Renatinho ganhou uma placa na esquina onde vendia seus paninhos