quinta-feira, 23 de maio de 2019

Educação acima de tudo


Sempre que se fala em educação, penso em Darcy Ribeiro: “ A crise da educação não é uma crise, é um projeto”. Sempre. Sabemos que cultura e educação, são os últimos da lista a ter algum favorecimento de orçamento governamental. Geralmente, tira-se sempre de muito pouco. Em alguns casos, temos boa intenção e dribles que geram um ganho educacional, que logo após a uma vitória ou golpe da oposição, tem seu crescimento interrompido que gera no final, um atraso sem precedentes de uma geração.  A educação incomoda por ser crítica. Incomoda por que faz pensar. Incomoda por que faz o país crescer. E a quem não interessa isso? Aqueles que preferem ter a população como nos tempos dos coronéis ou até pior, aqueles escravagistas.
Um resumo da educação, podemos ver pontos do que estou falando. Na colonização do Brasil, a Catequese, foi usada pelos jesuítas da companhia de jesus, para tentar escravizar os índios e força-los a trabalhar para os portugueses. Um panorama que não muda muito em 300 anos. Durante muito tempo, foram usados escravos (que não tinham direito a educação) e os brancos e nativos, exceto as mulheres e os filhos primogênitos, já que estes últimos cuidariam dos negócios do pai, estudavam nos colégios religiosos ou iam para a Europa. Nas escolas religiosas, eram submetidos a disciplina e correção através da força. A colônia Brasileira era uma sociedade latifundiária, escravocrata e aristocrática, sustentada por uma economia agrícola, que não precisava de pessoas letradas e nem de muitos para governar, mas sim de uma massa iletrada e submissa. Os colégios jesuítas negavam as matrículas de mestiços, mas tiveram que ceder vendo os subsídios que "escolas públicas" recebiam. Com a presença de D. João VI no Brasil, tem mudanças no quadro educacional da época, com a criação do ensino superior não-teológico. A população em geral continuou sem acesso ao ensino. Somente no Século XIX, começamos a ter incentivo governamental de ensino para todos. E daí podemos citar A Reforma de Benjamin Constant, a Reforma Rivadávia, a reforma de Lourenço Filho; no Ceará, o conflito de idéias na era Vargas (Esse vale a leitura de Ideologia e Educação Brasileira: Católicos x liberais” - CURY, 1986), Criação do SENAI, Reforma Capanema, Paulo Freire, Cieps do Darcy Ribeiro e os projetos de políticas públicas da era Lula. Nesse momento, o desmonte da educação.
E tenho que dizer: Foi lindo a manifestação em todo Brasil a favor da educação. Mais do que uma política de destruição de acesso das camadas mais pobres as universidades (que proporam ir ao ensino profissionalizante), é a paralização de todas as camadas do ensino. Desde a infantil até a universidade. É um desmonte sem proporções vista na história. E esses poucos meses terá reflexos de uma geração. É nítida uma gerencia ineficaz que está se preocupando apenas no primeiro momento em privilegiar o ensino particular, acabar com o pensamento crítico, acabar com a universidade pública e aumentar a incapacidade científica brasileira, tudo explicando e justificando com chocolates.
E ainda tem gente defendendo o Ministro da Educação e até dizendo que foram apenas 3%...o tio vai tentar explicar o contingenciamento do MEC sem chocolates. É 3% ou 30%? O excesso de simplificação do ministro esconde alguns fatos. Pegando dados do orçamento 2019 na LOA 2019, na MÉDIA, 65% dos gastos com educação superior é para pessoal (ativa e aposentados). 21% é custeio e não é obrigatório. Água, luz, material, segurança, bolsas, almoço, auxílios a estudantes). Sobra míseros 5% para investimento (reformas, laboratórios, renovação de equipamentos velhos, entre outros). Então o discricionário é fundamental para uma educação de excelência. Pois afeta o mínimo necessário para funcionamento das Universidades, IFs e das pesquisas.
A história de coronéis tendo uma massa sem pensar, foi retirada do túmulo da história e é novamente revivida com ênfase alinhada, em alguns casos, desde o governo federal até o municipal. Dia 30 tem mais, agora com adesão a uma massa maior de descontentes que apoiavam o governo. O ministro tem que rever seus desmontes e ainda pedir desculpas. Pode ser em um bilhetinho. Saberemos que será verdade...


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