quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Balanço de domingo


Depois de resultados tão chocantes, há algo de enternecedor, como no chute de um pneu velho. A calmaria depois da tormenta. Aquele momento que sua cabeça começa a refletir com a razão. E é nesse momento, que é possível fazer esse balanço. Temos três cenários.
Para presidente, a vantagem larga de Bolsonaro frente a Haddad impressiona na primeira vista. Mas impressionou mais ainda, o PSDB e MDB que acharam que com o golpe, iriam tirar lucros políticos e foram os mais rejeitados. No final o PSDB tentou descolar de Temer, mas já era tarde. Pela primeira vez na história, o partido fica de fora da disputa, amargando um quarto lugar, depois de gastar rios de dinheiro, sendo que Cabo Daciolo gastou uma ninharia e foi mais votado que Marina e outros medalhões. A questão, não é verba. É entender oo processo. A velha política atuando apenas em TV, achando que nada estava acontecendo, esqueceu da força da internet. Nesse quesito, o #elenão foi mais audacioso tendo apoio do guru Steve Bannon, ex-editor do site de notícias da extrema direita americana Breitbart, um dos mentores intelectuais da campanha de Donald Trump, estrategista da campanha do Brexit, consultor dos partidos neo-fascistas de toda Europa, que foi chamado para ser consultor das campanhas do candidato do PSL à Presidência. A contratação de Steve Bannon foi aplaudida por nacionalistas e neo-fascistas americanos.
É a chamada “Ampliação do Caos”. Fake news e dar informação duvidosa ou polêmica. Não aceito qualquer outro resultado que o da vitória, disse antes das urnas abrirem. Isso tudo é projeto de Caos. Do começo ao fim. Não duvidem que isso vai aumentar e com muito medo de se transformar em guerra civil. Como o exemplo de ódio recente aos nordestinos e extremado no caso do bahiano Mestre Moa, que foi esfaqueado por que não votaria no Bolsonaro.
Para candidato ao segundo turno no Rio, vemos a disputa de um cacique conhecido, falado por Tiburi como Dudu das milícias, que foi comemorado a ida ao segundo turno com tiros na madrugada e o desconhecido do público Wilson Witzel. Ele foi o juiz envolvido na confusão do museu indígena no Maracanã. A surpresa, não foi tão surpresa. Ao apoiar o projeto do #Elenão, conseguiu no último momento que todos os pentecostais apoiassem sem pestanejar esse candidato. Se perguntem, de onde vem esse dinheiro de campanha? Lembram de Romário falando no debate? Sabe quem é MÁRIO PEIXOTO? Empresário ligado a PICCIANI e PAULO MELO que faturou quase quatro bilhões em contratos com governo Estadual. Mas o mais grave é estar envolvido na destruição e humilhação a placa em homenagem a Marielle. No fim das contas, temos um cenário muito ruim para a população, pior para a grande mídia que esta´ perdendo para o projeto de poder dos evangélicos e cada vez mais temos um cenário obscuro na nossa cidade.
Mas algo de bom aconteceu na câmara. Elegemos mais deputados de esquerda, nome importantes como Freixo e Talíria, estarão presentes. A bancada do partido Bolsonaro não tem ninguém, sim vários que podem apoiar seus projetos, mas diminuiu muito a presença do PSDB e MDB, justamente aqueles que achavam que o golpe seria uma virada, e deram um tiro no pé. O que não será fácil nem para Haddad, nem para Bolsonaro. Haverá muita disputa. Não haverá a famosa luz no fim do túnel. Continuaremos atolados ou caminhando muito devagar ou retrocedendo mais e mais. As caras novas, na sua maioria, não querem dizer também maior ou melhor qualidade. O desgaste da tradição antiga na política, afetou diretamente no voto neste ano e a falta de aproximação dos políticos, deu abertura aqueles que conversam diretamente com o eleitor, como Youtubers e ativistas de direita e esquerda. O número de representantes femininas aumentou, e foi de encontro com esse aumento populacional, além dos avanços em suas questões. No geral, ainda por ver como votarão.
O sentimento geral é de vontade de chutar um pneu velho. Quantas vezes, você numa discussão com alguém que vota a favor da tortura, teve vontade de também chutar metaforicamente um pneu, na impossibilidade de fazer neste cidadão? E nesse ponto, você já venceu! Venceu a pessoa e venceu você com sua agressividade. Pense que mesmo tendo um pneu à mão – ou no pé, no caso – para chutar, parece quase uma condição para a vida saudável no Brasil de hoje. Mas não se deixe levar. Deixo com você, após um breve respiro, uma frase de Maiakóvski:
Não estamos alegres, é certo. Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado. As ameaças e as guerras, havemos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as, como uma quilha corta as ondas

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