Caro colega, compartilho de seu desejo de viver e se
comunicar. Como foi disseminado na internet suas habilidades, que tornaram
muitos homens pouco habilidosos, com raiva de suas capacidades, devo dizer que
te entendo. Não sofro das suas perseguições, mesmo sendo músico com dois CDs
gravados e um terceiro na rede, pinturas vendidas pelo mundo, livros infantis
publicados, personagens de quadrinhos, ter ilustrado para muitos jornais,
infografias premiadas internacionalmente, desenhos animados feito para
festivais e TV, duas graduações e pós-graduações, cozinhar (mesmo de forma
amadora), escrever artigos e colunas, cuidar da mente e do corpo, fazer
esculturas e ser diretor de artes. Quase um ornitorrinco. Ou seja, gostamos de
ser ativos, gostamos de superar e não ficar acomodado. A minha diferença com
você, seria então, apenas, não ter sua beleza. E isso conta para a auto estima
de vários homens que ficam indignados, mesmo que brincando no discurso.
Compartilho sua indignação, quando formam grupos de
facebook, criticando sua postura perante ao mundo. De se posicionar como compartilhador
da vida a dois. Os dois tem deveres e dessabores perante a casa, criação de
filhos, a escolha de quem cozinha e quem lava a louça, as compras da casa e
pagamentos de contas, assim como a diversão do fim de semana e posições na
cama. Já se foi o tempo, em que tínhamos modelos diferentes de sociedade.
Quando entendiam que a mulher detinha o poder da vida, existia o matriarcado em
tempos imemoriáveis. Logo depois, com os domínios dos mais fortes, vivenciamos
o patriarcado que perdurou até o século passado, com resquícios sobrevivendo
entre nossos avós e pais. Tem pessoas que dizem: “Na época do meu avô que era
bom. A gente trabalhava e chegava em casa, a mulher tinha preparado a janta,
arrumado a casa, minhas roupas e cuidado das crianças. ” Mas afinal, ele quer
uma companheira ou uma empregada? O mundo mudou e nesse momento, o homem não
sabe bem seu lugar na sociedade e principalmente nas relações, onde a mulher se
mostra mais decisiva e por vezes sustenta a casa. Mulheres querem apenas alguém
que seja companheiro na relação e em casa, independente do trabalho que façam. Atentando que é sempre possível fazer e ser mais do
que se é ou se faz. Deve se empenhar a fazer e ser mais do que o modelo padrão
machista e preguiçoso nas tarefas do lar. Como diria minha amiga e boa conversa
Sylvia Dietrich: “ Menos mulher-maravilha e mais homens empenhados e companheiros,
porque é possível e necessário. ”
Compartilho de sua surpresa ao ver que você se torna alvo
das atenções masculinas e femininas. Por motivos diferentes. As mulheres,
desejando não só a pessoa Rodrigo Hilbert, mas também desejando se não for
possível tê-lo, que apareça alguém nos mesmos moldes. Sem tirar nem pôr. Os
homens, ficam com medo de perder suas namoradas, por estar muito abaixo do
padrão criado pelo imaginário feminino atual e se não perder, que vá estragar
seu modo de vida. Mas pensa bem. Não é um padrão alto. Apenas é o correto. Nenhuma
mulher iria querer menos. Se antes a mulher procurava alguém apenas que pudesse
sustentar a sua vida, hoje ela quer abraçar a vida. Quer ter uma vida de
emoções completas e quer alguém que abrace a vida da mesma forma. Se ela, que
tem gastos e sofrimentos para ter uma aparência linda para a sociedade,
comportamentos dignos, trabalhar e resolver os problemas do lar, por que o
homem também não? Você pode continuar lendo Zygmunt Bauman, Chris
Anderson ou Henry
Jenkins e ao mesmo tempo puxar um ferro e cuidar da sua pele. Esse admirável
mundo novo está aí para ver sua companheira ao seu lado e não como tempos atrás
quando o homem andava na frente e a mulher atrás (salvo no caso da guerra, onde
a mulher andava na frente, caso houvesse uma mina, explodiria ela e o homem
estaria vivo para lutar nos campos de batalha).
Compartilho de sua paz independente das comoções e
injúrias com você. Normalmente, as pessoas felizes e que praticam ioga e a
iluminação interior, não se abalam com o ódio e tristeza do outro, pelo
contrário, sentem dó daquelas que precisam falar mal das outras por achar que
não tiveram amor e carinho suficiente em sua infância. Essa pessoa merece o
perdão de todos e deve ser acarinhada por quem possa fazer. O alimento
interior, não necessita de uma religião específica. Apenas amor no coração.
Encontramos por vezes ateus que são mais cristãos que aquele carola que expõe
sua natureza religiosa sempre. Quem tem paz no coração, consegue respirar de
mais de dez formas diferentes e dar atenção a sua comunhão com a natureza,
amigos, familiares e aqueles que distribuem amor a quem não conhece. Por essas
e outras, acho que você está bem. Não precisa na verdade de apoio e sim que a
brisa leve essas manifestações de ódio para longe, como sempre faz.
Então, amigo, dito isso, o que acha de me ajudar com uma
receita simples de cordeiro? Nunca consigo fazer algo saboroso e leve ao mesmo
tempo. Fique à vontade.
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