quinta-feira, 30 de abril de 2020

O marreco alça voo


Duas coisas conseguiram despertar as torcidas no Brasil para gritarias e frases inflamadas: Uma foi o Big Brother e a outra, a novela da demissão do agora ex-ministro Moro. Nenhum dos dois é correto, porém, o que se pode tirar disso tudo é o fato de um governo desastroso estar afundando. E o pior, no meio da crise do COVID19. O fato de termos que lutar contra o vírus e contra o governo, é uma situação muito triste. Temos que nos proteger duplamente. Como se não bastasse o genocídio negacionista, que leva milhares as ruas pegando e transmitindo a doença, temos seu maior aliado, Trump, pedindo para que a população tome detergente para combater o vírus. Mais de 100 pessoas foram hospitalizadas por causa dessa recomendação. Só aí, você pode perceber a importância da mensagem dada. O crime de responsabilidade de um governante começa em suas ações.
Os crimes do presidente são todos documentados fartamente. O golpe contra Dilma foi somente possível, por uma armadilha fiscal. O do Bolsonaro, pode escolher em qualquer área o que precisar usar, ou todas se quiserem.  A população pede impeachment, o congresso tem que falar constantemente sobre as atitudes de monarca ditador, os jornais mostram os fatos, mas a mão invisível do mercado até agora apoia protegendo e tratando a situação como a de um menino malcriado. Devemos imaginar que mesmo depois de Bolsonaro falar abertamente que sua esposa e familiares dela possuem fichas sujas, ela poderia pelo menos, no mínimo, dar um puxão de orelhas nele. Poderia dar na outra orelha também. Na outra!
A sustentação do presidente não se dá no congresso. Ele está sem partido. A população já pressiona seus congressistas, pois não aguentam mais esse estado de calamidade e incertezas econômicas. Sua perpetuação se dá pela base de apoio na sociedade. Sua base se compõe aos evangélicos, militares e nazifascistas. Os grandes empresários e lavacionistas saíram da base, com a saída de Moro do governo. Aqueles que acreditam que o ex-ministro é ainda o bastião da honestidade, símbolo de uma era de caça às bruxas eleitoral, largarm a crença no governo, se sentindo humilhados com seu próprio voto. Agora, depois de perder mais de 100 mil seguidores, se vê frente a mais um grupo de coros descontentes chamando aqueles crentes de bolsomínions. Como o mundo dá voltas.
Só para relembrar, Moro, em seu discurso, é obrigado a reconhecer a autonomia dada pelos governos petistas à PF. Moro usou a PF, e seus aliados que estão em cargos de confiança até hoje, para armar contra o Lula e sacramentar a vitória de Bolsonaro. São os mesmos que o presidente quer demitir para proteger seus filhos de muitas investigações adiantadas. Mas Moro, perderia sua cama de proteção. Bolsonaro teve que engolir Moro e a sua PF. Não se esqueçam que Moro é o criador, Bolsonaro a criatura.
Agora, Moro está querendo usar todos os dados, conversas particulares no exercício do ministério da justiça, e a própria PF para benefício próprio, acabando com TODOS os conceitos éticos e jurídicos dos quais se valeu para não fazer o mesmo durante a Vaza Jato. Na época das mensagens vazadas do The Intercept, que eram verdadeiras, pode-se ter uma ideia do que ela fazia tendo informações privilegiadas combinadas com juízes, o que usa como argumento contra o presidente. Vende uma integridade que não tem e com a popularidade caindo vertiginosamente, pular fora para se preservar para a próxima eleição é o caminho mais fácil para ele.
O presidente não tem capacidade de discutir, seja na internet ou em comunicação oficial contra Moro. Sua imagem fora do Brasil é de um nazista sem capacidade intelectual. Recentemente, uma série mexicana da Netflix, La casa de Las Flores, um personagem fala em bom tom: "Você é burro? Você é do Alabama? Seu sobrenome é Bolsonaro ou o quê?"
Um escárnio mundial. Quanto a mim, quero assistir a essa digladiarão com pipoca e guaraná. Uma luta até a morte de um deles. Ao vencedor, os leões.


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