quinta-feira, 16 de abril de 2020

Diário do confinamento 4


Queridos familiares:
Tem dias que não suporto mais a saudade sufocante das pessoas. Sou daquela classe de pessoas abraçantes, sabe? Minha vida segue tentando dar sentido as alegrias. Não sai um single novo interessante, aguardando o fim da pandemia para fazer as promoções adequadas, mas pensa bem: Sairemos iguais ao que entramos? O grito de gol, por exemplo, fica preso no peito e ver as pessoas por videochamada não é o mesmo.
Mas a nossa realidade atual é conter uma pandemia nunca antes vista por nossas gerações. Temos sim exemplos do passado para ajudar a entender, mas como faz uma população de maioria analfabeta, entender o que seguir se um presidente fala uma coisa e o Ministro da Saúde fala outra? A quem seguir? No meu caso, escolho a ciência. Ainda mais apresentando a solução do mundo com a Cloroquina, onde nenhum país ainda colocou um remédio eficaz ou coquetéis de remédios eficazes. Ainda prefiro a ciência. O que fazer vendo que líderes religiosos afirmam que a COVID19 é castigo de Deus para punir homossexuais ou que o culto cura as pessoas, enquanto os mesmos líderes ficam doentes? O pior é enfrentar turbas violentas querendo entrar na mão com médicos afirmando por meio de whatsapp que o remédio falado pelo presidente, cura.
Fiz recentemente uma previsão dentro de nosso calendário, em relação ao que vimos até agora: janeiro - EUA atacam Irã, março – Pandemia, abril - Erupção do Krakatoa, maio – Sharknado, junho - Alienígenas invadem a Terra, Julho - Fenda no tempo traz dinossauros de volta e agosto - Portais do inferno se abrem e demônios ocupam a Terra. Meu tom só não seria menos catastróficos, se não estivéssemos vendo coisas catastróficas. A explosão do filho de Krakatoa esses dias foi o começo. Lembro do filme sobre Krakatoa pai, o inferno de Java, de 1968. O filme foi dirigido por Bernard Kowalsk e tinha Maxmillian Schell no elenco. Retratava as erupções e a explosão completa do vulcão em 1883. Foi uma explosão tão gigantesca que foi ouvida na Austrália. Houve Tsunamis decorrentes da explosão e além do céu escurecer, a temperatura global decaiu 1 ºC em decorrência dos gases e partículas lançadas na atmosfera. Só que agora, além do filho de Krakatoa, tem mais 15 vulcões ativos.
Se não bastasse, abril chegou com o aumento da nuvem de gafanhotos pelo mundo, com a invasão de vespas gigantes na Europa, elevação da radiação na Ucrania pelos incêndios perto de Chernobyl e como se não bastasse, perdemos Moraes Moreira. E ainda não chegamos ao fim do mês. Sairemos dessas catástrofes com feridas. O brasileiro, que não tem essas catástrofes, tem um governo que acaba com o povo na mesma proporção. Nada é capaz de acabar com esse povo sofrido por natureza, explorado desde de que chegaram as caravelas. Só que com a quarentena, o povo ficou desalentado com um governo que não quer saber de assistência social. Para eles é coisa de comunista, para o próprio povo um direito a vida.  A renda básica emergencial, conquistado graças a luta da oposição contra a fome também emergencial, foi proposto a R$200 pelo governo e reeditado com muita luta para R$600. Agora, a luta é para receber o benefício. Foram tiradas do benefício mais de 100 mil pessoas, tempo de espera, falas desencontradas, falta de informação, além de submeter milhares de pessoas ao risco de contágio em filas quilométricas no banco para regularizar o CPF. No meio disso, Alexandre Garcia diz que 65 mil respiradores é um gasto excessivo. Oi?

Profissionalmente? Estou aos trancos e solavancos. Mas algo virá de novo de opções a serem criadas para que não haja crise nas artes. Aguardo produzindo com uma mão em um biscoito de farinha e um olho vendo a rede de solidariedade vinda da internet. O filho dessa crise irá nascer, enquanto isso, esperamos essa gravides.

A bênção,


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