quinta-feira, 27 de junho de 2019

Mordendo os lábios


Em mais momentos de vaza jato, o antes super ministro Sérgio Moro, passou por momentos em que dizia coisas diferentes a cada momento para explicar as mensagens de seu celular. Foi colocar a culpa nos hackers, não lembro de ter falado aquilo, tem edição e até que é ilegal mostrar suas conversas. Mas ao estilo Zagalo de “vocês vão ter que me engolir”, foi ao congresso espontaneamente mostrar que estava sereno e que estava tudo normal em relação ao que estava sendo divulgado. Nada atingiria sua índole. Ainda mais cercado e blindado por aliados que cegamente o defendiam com mais do mesmo.
Mas a realidade é que está por dentro se sentindo como Holyfield diante de Mike Tyson, quando este arrancou parte de sua orelha em uma luta oficial. Dizem que na primeira mordida o Holyfield começou a pular e espernear não porque seu oponente tirou um pedaço de sua orelha, mas porque fez cara fia e cuspiu o pedaço fora. E este é o verdadeiro sentimento de Moro neste momento. Uma pessoa que estava acima de qualquer suspeita para grande parte da população, mesmo com as grandes evidências mostradas constantemente ao longo do processo. Neste momento, a opinião pública mudou sua opinião, agora reforçado com a adesão da Folha de São Paulo.
Moro e Deltan sempre foram a favor da liberdade de imprensa se deve, até porque se valeu, ao fato de a Lava Jato, usar dos vazamentos de trechos de delações premiadas e outros materiais confidenciais contidos nos autos das investigações como ferramenta de pressão contra seus alvos. Juízes já falaram no passado sobre vazamentos. Cometem crime os funcionários públicos que vazam informações que deveriam eles mesmos proteger – policiais, procuradores, juízes... – e não os jornalistas que as publicam. E por sentirem ameaçados e revoltados em ficaram acima da lei para dar sustento ao golpe, criaram o grupo no Telegram chamado Liberdade de expressão CF. Mas aquelas pessoas que detém o poder (juízes, procuradores e ministros) estão sujeitas a críticas e tem uma esfera de privacidade menor.
Para muitos estava claro diante dos fatos, no olho do furacão, que Moro era o acusador, Juiz e condenador e que isso não existe precedentes em qualquer lugar do mundo, fazendo com que a ONU presente ao julgamento ficasse perplexa com que aconteceu e que logo depois mandasse carta pedindo a soltura de Lula. Mas, aqui no nosso país, estavam todos exaltando este mesmo juiz, que no final, ao invés de demonstrar imparcialidade para opinião pública, foi pega pela vaidade e aceitou ser ministro da extrema direita. O esquema era um prêmio por em tempo recorde, afirmar acordo com os americanos, fazer delações fajutas, vazar grampos, fazer condução coercitiva, prender Lula e julgar sem provas. Tudo com anuência da grande imprensa.
(9 de setembro de 2016) Deltan - 21h36 - “Falarão que estamos acusando com base em notícia de jornal e indícios frágeis…então é um item que é bom que esteja bem amarrado. Fora esse item, até agora tenho receio da ligação entre petrobras e o enriquecimento, e depois que me falaram to com receio da história do apto… São pontos em que temos que ter as respostas ajustadas e na ponta da língua”.
O que diz o código do processo penal? Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
Em tempo, convido todos assistirem ao filme Democracia em vertigem, disponível no Netflix, da diretora Petra Costa. Recentemente teve no Canal Brasil. Antes havia o Processo, um documentário de Maria Augusta Ramos, pelo Canal Brasil.
Termino esse resuminho, com uma frase em Latim: Pimentus in culus outris refrescus est!


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