quinta-feira, 13 de junho de 2019

Jogar como uma garota!


O sol surge e se põe todos os dias e temos que diariamente afirmar o quanto é importante a luta por igualdade da mulher na sociedade. Não é mimimi feminista. Dar importância para a copa do mundo feminina nesse momento e ver como jogaram é muito significativo. Muitas não gostariam de ler um artigo sobre essa temática feita por um homem, por isso peço licença e dou passagem para algo que está engasgado na garganta da sociedade por milênios, e para aqueles que acreditam no espiritismo, saber que em outras encarnações, passei todos os sofrimentos como mulher, me dá um mínimo de memória de sofrimento de outras vidas e com isso, sentir essa dor para compartilhar o quanto me sinto feliz ao ver essa copa.
Como pensar em igualdade se já se coloca a culpa na mulher desde a época da expulsão do Paraíso? Ou pensar que na Grécia a mulher era apenas para reprodução. Nem para o prazer era solicitada, para isso existiam os efebos. A mulher no Brasil, conquistou o direito ao voto em menos de 100 anos. No código eleitoral Provisório (Decreto 21076), durante o governo Vargas, o voto feminino no Brasil foi promulgado, após campanha nacional em peso. As conquistas foram se intensificando durante as décadas seguintes. Ao contrário do pensamento retrógrado que temos atualmente, onde no governo passado se falava que as mulheres eram “Belas, recatadas e do lar” e no atual as afirmações de que devem obedecer aos homens, as mulheres querem apenas o respeito devido para atuarem no que quiserem.
Hoje temos oportunidade de ver uma copa mundial de futebol, mas no Brasil, a bem pouco tempo, futebol não era permitido a elas. Somente em 1979, elas tiveram esse direito assegurado. Era lei. Mulher que jogava futebol anteriormente estava sendo criminosa, apesar de muito se dever a elas. Só o termo torcida, foi dado a elas que iam ao estádio TORCER suas luvas vendo a dramaticidade do jogo. Mulheres não eram feitas para um jogo de contato físico, diziam os machistas de plantão. Foi preciso apoio da igreja para sobrepujar as leis vigentes. Lutaram para ter o direito ao esporte com garra e convocavam as vezes meninas de 15 anos para comporem elenco, fazendo com que os ditos “cidadãos de bem” fossem até Getúlio Vargas pedir o fim da pouca vergonha. Os pedidos chegavam a pedir intervenção dizendo que núcleos destroçadores da saúde de 2.200 futuras mães, ficarão presas de uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes.
Somente após o regime militar, que o crescimento das liberdades individuais, permitiu que fossem lutar por jogos oficiais e ligas especiais. Mas temos poucos anos de liberação, o que ainda estamos engatinhando nesse quesito. Temos séculos de dominação de um povo sobre o outro, o que dirá sobre o sexo dito frágil. Por vezes, as próprias mulheres eram contaminadas com ideias machistas que ajudavam a propagar o domínio incontestável do homem perante aos outros. A própria rainha da Inglaterra tem atitudes consideradas masculinas. Jamais entregaria as Malvinas e Gibraltar tão cedo, batendo pé com seus saltos altos, ou melhor, seus coturnos. Estamos vivenciando uma crise de autoconhecimento. O homem já não sabe seu papel na sociedade. Aqueles que não tem dentro de si o espírito de pãe, estão totalmente perdidos e pior, sendo deletados da vida das novas mulheres empoderadas.
Particularmente, prefiro ver um vôlei feminino do que o masculino. Consigo ver as jogadas melhor, com mais detalhes. A força bruta dos homens acaba tendo jogadas tão rápidas que somente pelo replay dá para entender o que acabou de acontecer. O mesmo digo do tênis. Ainda temos que acostumar com muitos espaços no campo, mas não há necessidade de ficar comparando futebol feminino com o masculino toda hora, são modos diferentes. E mesmo sem ver o brilho da Marta, tivemos três gols de Cristiane, podendo cantar e jogar na cara da sociedade sua afirmação.
Aos poucos estamos consertando milênios de domínio e colocando elas no seu devido lugar, de valorização e igualdade, com charme, devolvendo tudo que a masculinidade tentou tomar. Não temos folga do trabalho, cervejada e alegria generalizada, mas nunca é tarde para se aprender.

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