quinta-feira, 14 de junho de 2018

Tem Neymar, tem tudo


Numa copa que ainda não engatou, os números das partidas invictas são muito bons. Nunca tivemos um início de Copa tão bom em campo e tão ruim em animação nas ruas. Me lembro da minha primeira Copa em que assisti inteira, com o esquenta nas ruas. Foi na Copa de 82, com a segunda melhor seleção de todos os tempos, na minha opinião. Além desse grupo maravilhoso, um torneio na Espanha de grande monta, tinha o importante esquenta. Foi mais de um mês se falando em futebol pelas ruas. Tive meu único álbum de figurinhas completo e disputado na escola, com as famosas partidas de bafo. As ruas estavam completamente pintadas de verde e amarelo, um orgulho nas ruas, de falar para qualquer um:
- Agora vai!
A geração de hoje em dia, nunca saberá o que era isso. Pintava-se poste, pintava-se chão, era uma animação sua e dos vizinhos, que mesmo não se dando bem, se juntavam para decorar a rua. Não levamos, mas a seleção de 82 ficou no coração de todos. Talvez a única seleção brasileira que não levou o título, mas em qualquer história dos mundiais, será relembrada sempre. A festa como esse período, eu não lembro de ter repetido em outros mundiais. Na verdade, até as competições de “Qual a rua mais enfeitada”, foram minguando a cada Copa seguinte. Hoje, em um caminho que faço todos os dias, vejo apenas duas bandeiras em um apartamento e um enfeite que um bar (que estreou não faz um mês) se propôs a enfeitar, pois tem seus ganhos aumentados com a transmissão de futebol pago na TV.
O Brasileiro indo para o hospital cheio de queimaduras por usar fogão a lenha já que não tem dinheiro para comprar gás, por isso a falta de animação. A situação se tornou tão grave no dia-a-dia do cidadão, que a preocupação com a seleção se torna secundária. Podemos ver um paralelo em outros regimes no Brasil, como na conquista de 70, em pleno regime Militar. Enquanto o povo tinha a alegria com os gols, a economia atingia o auge do “Milagre Econômico”, que beneficiou apenas a uma classe média emergente, mostrando um país próspero e feliz para o mundo, enquanto o povo arcava com uma recessão. Nas celas os presos eram torturados, mortos e desaparecidos. Nas rádios o hino: “Pra frente Brasil!
A máquina de propaganda do regime militar se aproveitou da vitória como propaganda de seu regime
, que tinha como função acobertar os arrochos salariais, favorecendo poucos capitalistas brasileiros e aos capitalistas de multinacionais. Durante o período, houve quase que um abandono do governo aos programas sociais. Lembra alguma coisa? A crise de poderia ser abafada e empurrada com a barriga até as eleições proporcionada por uma eventual vitória da seleção.
Quanto a seleção de Tite, onde o mesmo exalta o modelo da seleção de 82, a mesma da qual me referi antes como meu modelo, você vê semelhanças com 2002, onde Tite fazia parte da comissão técnica daquele ano. Assim como Neymar é do PSG, Ronaldo também foi naquele mesmo ano.  A armação do Brasil, tem uma cara do Corinthians, mas com genialidade do Felipe Coutinho, Gabriel Jesus e Neymar. A Áustria estava em uma fase muito boa, com 11 jogos sem perder. Ganhou até da Alemanha. Zlatan Ibrahimović nem viu a bola. O Brasil de 1956, ganhou da Áustria por 3X2, com o talento de Evaristo de Macedo. Hoje, nossa seleção, tem cara de conjunto e uma pitada de moleque com os garotos. Queria ver o Diego comandando o ataque, mas isso é um luxo pessoal. No geral a convocação foi correta. Ainda torço o nariz por Miranda, mas também é detalhe.

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