quinta-feira, 7 de junho de 2018

Para o alto e avante!


Estou escrevendo tentando lembrar qual foi a primeira lembrança que tive do Superman e não tive sucesso. Isso porque um personagem que acabou de completar 80 anos, está no imaginário popular desde nossos pais ou avós. Ele aparece no marketing, nos quadrinhos, filmes, desenhos animados e até numa roda de conversa. Já foi até tema de vestibular. Um personagem tão icônico, já está acima dos meros heróis atuais, se tornando um Deus entre os quadrinhos.
O personagem criado por Jerry SiegelJoe Shuster em 1938, não tinha a expectativa de ser o personagem dos dias atuais. Influenciados pela literatura de H. G. Wells, com a Guerra dos mundos e o fascínio na época pelos acrobatas de circo, eles criam essa figura mítica que podia apenas parar um trem com as próprias mãos, dar saltos mais alto que um prédio de 15 andares (Também influenciado pelo personagem de Edgar Rice Burroughs, John Carter) e ser mais rápido que uma bala. Também nessa época, se popularizou os famosos fanzines, que deram asas à imaginação da dupla dinâmica e o desejo de ser publicado em uma grande editora.
A partir daí nós conhecemos a trajetória do homem de aço, mas não a disputa pelos direitos autorais que pertencem a Warner e nada para o autor e seus herdeiros. E através do tempo, ele foi mudando e potencializando seus poderes e suas histórias foram se adaptando ao estilo da sociedade naquele momento. Em um momento de conservadorismo extremado, foram adicionados personagens mais suaves como supercão, momentos da história do superboy, supergirl e nos momentos de liberdade de expressão podemos ver os super-homens de vários universos paralelos.
Pessoalmente, achava muito poderoso demais para se ter histórias que me cativassem na época, por isso preferia ler Batman, Homem-Aranha ou Raio Negro pela Ebal. Respeitava como um ser muito poderoso e acima de nossas capacidades de derrotar, mas achava um mito como dos deuses do Olimpo. Um ser vindo do espaço, que transcende nossa visão de onde viemos, dos seres que são fantásticos, mas estão no nosso imaginário a séculos. A história de Hércules e do Super-Homem são muito parecidas pela grande importância da separação de uma família terrestre para uma divina, no caso do Super, por seus laços sanguíneos com Krypton e, no caso de Hércules por seus laços sanguíneos com Zeus. Superman surge como uma figura ambígua pela sociedade: veem como um super-herói, outros como um deus, outros como uma letal ameaça alienígena. Tais características foram debatidas por Umberto Eco em um artigo na década de 70. 
O personagem é resgatado por mim, quando vi o primeiro filme sério do herói, feito para adultos, com cuidado em efeitos que eram complicados para a época. O filme de Richard Donner, tendo Christopher Reeve encarnado no papel principal e tendo a contribuição luxuosa de Gene Hackman como Lex Luthor e Marlon Brando com Jor-El, me conquistou como expectador. Apesar da série Batman e seus desenhos animados passarem com exaustão, o filme provou que poderíamos ver um filme de heróis feito de forma séria. Logo depois, o personagem começou a ser desenhado por Neil Adams e assim, voltei a consumir o mito por um tempo. Devo dizer que gostei muito da animação dos estúdios Fleischer da década de 40, que é lindo até hoje, assim como acompanhei nas tardes de domingo o seriado Lois e Clark, com Dean Cain e Smalville com Tom Welling.
A verdade é que os autores vão criar histórias que vão tentar nos atrair, como no caso da morte do Superman, ou as histórias consequentes de suas várias personalidades, mas o mito já se fixou depois de 80 anos. Muitos desenhistas são influenciados na narrativa ou em seu visual e isso será eterno. O caso é que olhamos para o céu em busca de um verdadeiro superman, que nos socorra, com a mesma boca aberta que dos homens da caverna. 



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