quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Carta ao meu Tio

Querido tio Moacir,

   Lá se foi um chefe de nação e declararam luto oficial por 9 dias, bandeiras a meio mastro pelo mundo com 100 salvas de canhão e muita expectativa se algum governo estrangeiro se manifestará sobre o funeral antes, durante e depois.
   Lá se foi um chefe de nação e as rádios e TVs mudaram sua programação habitual, para dar o destaque da polêmica entre benfeitor e ditador.
   Lá se foi um chefe de nação e os jornais deram todo o destaque necessário. Não foi necessária edição extra. Não foi necessário editorial especial destacando a grande figura e revolucionário. Apenas um jornal o chamou de ditador.
   Lá se foi um chefe de nação e as escolas locais, onde filhos de engenheiros estudam lado a lado com filhos de faxineiros, não existe analfabetismo e não suspenderam as aulas.
   Lá se foi um chefe de nação e os médicos, excelências mundiais, com programas familiares pelo mundo, não pararam de demonstrar sua superioridade, sem arrogância.
   Lá se foi um chefe de nação e os bancos e repartições públicas funcionaram normalmente.
   Lá se foi um chefe de nação, e o esporte ponta do mundo, despeja lágrima pela garra de cada um dos atletas com vários minutos de silêncio antes de mais uma demonstração de uma partida comovente.
   Lá se foi um chefe de nação e as igrejas dobram seus sinos, vestidos de forma oficial, relembrando as duas vezes que um Papa pisou em seu território. Missas de sufrágio serão rezadas para sua alma, que se encontrarão com outros amigos e será julgada por Deus.
   Lá se foi um chefe de nação e já se pensa em homenagens claras em praças, ruas, embora saibamos que jamais se esquecerá em seus corações.
   Lá se foi um chefe de nação e apesar de muitos anos de embrago, ainda estendeu a mão ao inimigo. Encontrou apoio do inimigo do inimigo que se tornou seu amigo.
   Lá se foi um chefe de nação que sempre foi duro com sua revolução de igualdade e justiça para todos e não perdia a sua ternura. Era um romântico praticante.
   Lá se foi um chefe de nação, que por raiva de seu inimigo, forjou todo tipo de informação negativa e tentou mata-lo quase mil vezes e consegue falecer aos 90 anos de idade.
   Lá se foi um chefe de nação que enfrentou junto com o povo problemas com estoques de alimentação e empregos, mas seu povo sempre estava com sorriso no rosto e com esperança em dias melhores.
   Lá se foi um chefe de nação, e nada do que foi dito vai sensibilizar aqueles que veem o que querem ver.

Perdoai-os. Eles não sabem o que fazem.

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