quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Na mesa, vieiras com parma e para o povo brioches

O retrato da nossa sociedade foi filmado no famigerado jantar casa de Naji Nahas em homenagem a Michel Temer. O teste definitivo para você saber se é realmente o retrato da sociedade é comparar com a pintura The end of dinner de Jules Alexandre Grun, de 1913. O sentimento que traz olhando os verdadeiros mandatários do país se refastelando com comidas caras, falando mal do presidente e da sociedade, enquanto a inflação descontrolada impede que muitos brasileiros possam ao menos comer. Lembra os momentos finais de Maria Antonieta que comia tartelettes sucrées  e éclairs. Essa decadência doce foi imortalizada na frase: – Se não têm pão, que comam brioches! Logo depois, veio à guilhotina. Em terras tupiniquins acabará em pizza.

Se antes tínhamos essas cenas retratadas em pinturas ou em cenas de filmes de vilões endinheirados tramando algum golpe, agora temos o registro de celular, que na visão deles foi um registro inocente, mas para o olhar da sociedade, são a elite se refastelando do povo. empresário André Marinho; filho do ex-aliado de Jair Bolsonaro, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, o presidente do Grupo Bandeirantes, Johnny Saad e o jornalista Roberto D’Ávila, são alguns dos nomes envolvidos na casa do investidor Naji Nahas, preso em 2008 na operação Satiagraha, velho conhecido na política por conta de golpes no sistema financeiro, que quebrou a bolsa do Rio de Janeiro. Também foi responsável pelo despejo dos moradores do Pinheirinho, mostrando seu total desprezo pelos mais pobres.

A diferença entre o vídeo viralizado e a pintura, é que temos a presença de mulheres. Mas podemos lembrar-nos de como os antigos barões endinheirados faziam, que foi até retratado no filme Titanic. Quando acaba o jantar, as mulheres vão tricotar e fofocar, enquanto os homens vão fumar; tomar conhaque e falar sobre política. Mostra exatamente essa cena, um comportamento do século passado, que essa mesma elite precisa reproduzir com saudades do tempo da escravidão. Os acordos para salvar um presidente acossado e seus filhos com a corda no pescoço, foram discutidas por lá. Será que teremos um grande acordo nacional, com STF com tudo, parte dois?

A verdade é que o jantar de Temer, se parece mais com o jantar que o Senhor Montgomery Burns, Krusty, o texano rico (que é membro do alto senado), drácula, Rainer Wolfcastle (ator rico) e outros políticos participam para tramar um plano maligno. Uma cena que demonstra o pior de nossa sociedade, com desprezo do povo, e enxugam seus lábios sujos de comida cara com o suor do trabalhador brasileiro. Bolsonaro tentar se descolar dessa elite, mas seus arroubos e fascismos o levam de volta ao cabresto destes mesmos mandantes do país. Um dos motivos de mesmo com clamor popular, pressão internacional, não teremos tão cedo um impeachment. Afinal, até Carluxo estava presente.

O jornalismo gastronômico investigativo nos declara que o cardápio fora de comida árabe. Adequado para uma concentração de poderosos da elite branca. Outro elemento não reparado pela imprensa foi à ausência de espelhos na sala de jantar. Foi de bom tom. Afinal, sabemos quem não reflete na frente de espelhos. Enquanto isso, a expectativa de crescimento do PIB em 2022 vai de 1,5% para 0,5%; taxa de desemprego subirá para 12,1. Estamos com problemas em todos os setores, área da saúde agravado pela pandemia, vacinação ínfima, tragédias por todo lado, gás, gasolina, água em falta, crise energética...

Hoje estão ruborizados por conta da viralização do vídeo e seus desdobramentos e talvez estejam com saudades do tempo da secretária eletrônica, em que os únicos registros vocais eram com a própria máquina, mesmo a despedida. O que poderia ser algo até romântico e inocente, como aproveitar e gravar um bolero no fim da gravação. Nada na gravação do vídeo do jantar foi sensato. Aguardamos um vídeo do presidente revidando.

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