quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Apertem os cintos, o Corona está ainda ativo

Como explicar para um Espanhol, que está enfrentando a segunda onda da COVID, atacando agora os mais jovens, que o Brasil decretou o fim da doença? Fim de semana com praias lotadas, aglomeração sem máscara no Leblon e aquele cidadão de bem querendo burlar as leis de fechamento de bares às 10 da noite. E como as pessoas responsáveis, que estão cumprindo à risca as restrições contra a pandemia estão lidando com tudo isso? A luta por reabrir estádios, abrir templos e no meio da doença, fechar hospitais de campanha, especializados para tratamento da COVID. Somos um povo a ser estudado mesmo.

A doença ainda não acabou e temos que viver lutando para ver se abre estádios e escolas. A doença que continua dizimando está a solta, com uma perspectiva longínqua de uma vacina, que por enquanto, não será preventiva. E mesmo quando ela chegar, a turma dos que não acreditam na vacina, continuarão o ciclo dela. Todo esse comportamento irracional, sem acreditar na ciência, nós sempre convivemos na sociedade, sendo que dentro de ciclos. Temos um período de racionalidade e outro período de irracionalidade, onde políticos como Trump e Bolsonaro se sobressaem. Hoje, vivemos em um mundo de desinformação contemporânea, que seria um paradoxo no tempo da internet.

No livro: “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, escrita pelo espírito Humberto de Campos, psicografada pelo médium Chico Xavier, fala da amargura de Jesus ao observar que ainda não entendiam suas palavras sobre o amor entre os homens. Foi quando o es­pí­ri­to He­lil, di­ri­giu-se a Je­sus e disse: “Se­nhor, se es­ses po­vos in­fe­li­zes, que pro­cu­ram na gran­de­za ma­te­ri­al uma fe­li­ci­da­de im­pos­sí­vel, mar­cham ir­re­me­dia­vel­men­te pa­ra os gran­des in­for­tú­nios co­le­ti­vos, vi­si­te­mos os con­ti­nen­tes ig­no­ra­dos, on­de es­pí­ri­tos jo­vens e sim­ples aguar­dam a se­men­te de uma vi­da no­va, nes­sas ter­ras po­de­reis ins­ta­lar o pen­sa­men­to cris­tão den­tro da dou­tri­na do amor e da li­ber­da­de”. Mas para essa grande missão, Jesus pediu para que fossem encarnados espíritos que precisavam muito se redimir e consolidar a ideia de construção de um local que será o ponto de crescimento do amor no mundo. Ele pediu, que viessem ao Brasil todos os párias, estupradores, assassinos, criminosos de toda sorte para aqui haver essa transformação.

Tanto espiritualmente quanto fisicamente, o Brasil foi sendo colonizado por bandidos que Portugal exilava no Brasil, tentando se livrar desses párias. E temos, no amago, gerações que foram educados com preconceitos de toda ordem, conservadorismo, desigualdade social, uma elite que se acha Deus e classes querendo ascender socialmente que querem e almejam fazer o mesmo. Isso explica parte de um DNA primitivo nas entranhas do nosso povo, que já foi considerado o mais hospitaleiro, amável e feliz do mundo. Onde desandou tudo isso? Decretar o fim de uma doença e ir à praia 14 dias atrás, fez com que a curva móvel de mortes e infectados aumentasse absurdamente no Rio de Janeiro, que estava com a doença estabilizada em várias semanas.

Sete semanas é um tempo absurdamente grande. Não estávamos acostumados a privação do mundo moderno desta forma. Pequenos gestos poderiam ajudar ao bem-estar mental de cada cidadão, com ir à praia bem cedo e sair cedo, procurar balneários mais afastados e pouco aglomerados, usar máscaras. Mesmo com governantes que se mostram contrários ao uso mais básico das recomendações da OMS, aqueles que incentivam o uso de medicamentos não recomendados ou que insistem em privilegiar o capital, acima das vidas humanas, teoricamente, uns se sentem fora da tormenta. E como nós somos responsáveis pelas nossas escolhas, é triste ver essas escolhas feitas com ódio são cada vez mais brutais e mesquinhas. E enquanto tivermos esse sentimento norteando as ações desde governamentais até uma simples exibição de nudez, sem máscara em um conversível, estaremos fadados ao fracasso na luta ao vírus.

No sé­cu­lo XVI­II, o ci­en­tis­ta ale­mão, Ale­xan­der von Hum­bold, ao vi­si­tar o Bra­sil, afir­mou: “Aqui es­tá o ce­lei­ro do mun­do! ”. Se você pudesse voltar no tempo e conversar consigo mesmo, no início da pandemia, quais conselhos se daria?

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