quinta-feira, 25 de junho de 2020

Queiroz: Problema ou solução?

O que aprendemos com o filme John Wick – De volta ao jogo, dirigido por Chad Stahelski e David Leitch, na cena em que Viggo Tarasov, chefe do sindicato do crime russo em Nova York, está falando com o protagonista amarrado em uma cadeira, logo após ele incendiar a igreja onde havia muito dinheiro sujo e outras coisas. Viggo fala que não se importava de ter perdido milhões de dólares, mas se importava com provas para extorsão. Isso sim, era valioso. Hoje, grandes bandidos guardam além de cédulas, ouro, investimentos e bens duráveis, e provas materiais para um futuro. Por que isso é importante? Queiroz era esse arquivo vivo, importante capital político dos Bolsonaros, assim como para aqueles que precisavam controlar o clã. O presidente, de extrema-direita, estava dando provas de que estava caminhando para uma ditadura muito clara e precisava ser controlado. Ninguém concordava com seus tinos e desatinos em todo país, mas mesmo afundando em lodo nacionalmente e internacionalmente, as reformas que tanto os grandes empresários queriam, estava funcionando. A solução era passar o maior tempo possível com ele no poder, mas controlar seus ímpetos insanos. Tirá-lo para elite, um tempo atrás, significava novas eleições. Agora, o tempo passou e pode ter impeachment para fica com o vice. Impugnar a chapa agora, pode levar a eleições indiretas. Um xadrez a ser pensado.
Mas convenhamos, estamos no limite. Essa moeda chamada Queiroz, escondido pelo clã Bolsonaro, que está envolvido em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras citado por movimentações atípicas, alegando haver indícios de lavagem de dinheiro e da operação de uma organização criminosa em gabinete do filho número 1, que no total de 95 pessoas tiveram suas contas reviradas, sendo que nove delas atuaram com funcionários do atual presidente. Além de envolvimento com outros crimes ligados a família, Queiroz deve saber de uma infinidade de outras questões, fora aquelas abordadas em inquéritos.
Agora, Queiroz não estava escondido. Quem se esconde da polícia, o faz em porões como na época do nazismo, corre para as montanhas, mas some realmente do radar. Uma pessoa, que fica dando churrasco, comemorações barulhentas, indo a médico, mercado...quantas pessoas não viram que ele estava lá e devem ter denunciado? Capital político. Como uma polícia federal não consegue achar alguém com essas movimentações? Ficar na casa do advogado da família Bolsonaro, que já foi implicado em um caso de sacrifício humano, por um ano é escandaloso. Lembro de uma frase da Rainha-mãe da Inglaterra que falava: “Ou você escolhe a vida ou você escolhe a discrição, que é muito mais segura”.  Quem diria que o governo do ficaria dependendo da fala de um preso comum fechado numa penitenciária de Bangu? Na verdade, o presidente ficou refém, não só do Queiroz, mas também do advogado que deu a guarida e do centrão que está fazendo sua negociação.
A semana começa para Bolsonaro sem o advogado Wassef, agora investigado, com Weintraub escondido nos EUA, Queiroz preso, a mulher de Queiroz foragida e Flávio intimado para depor no MPF, 50 mil mortos por Covid-19, celular do Bebianno no Brasil e uma instabilidade sem fim. Algo precisa ser feito, para o buraco não ficar cada vez mais profundo. Com certeza, este governo se tornou o pior de todos os tempos.  Estava outro dia procurando por presidentes a partir da república. Pensei em Rodrigues Alves, que apesar de ter criado o Butantã, era chamado de soneca pela sociedade e morreu de gripe espanhola. Mas Floriano Peixoto, foi o segundo pior. Temos, em relação à economia, os piores índices ele, Collor e Temer. Dois ajustes neoliberais e uma guerra civil. O pior com certeza, sem terminar o mandato é Bolsonaro. A pregunta Queiroz: Problema ou solução? Tem que ser adicionada aos atores dessa charada. Para Bolsonaro é Problema ou solução? Para o Brasil é Problema ou solução?
Nota de pé-de-página: Muito bonita a manifestação na semana passada capitaneada pela revista Pirralha, em apoio a perseguição de Bolsonaro ao cartunista Aroeira. A manifestação, reproduziu a charge que é alvo de processo do governo por cada artista desse país, em seu estilo. Tomou uma proporção gigantesca e foi mostrada até pelo New York Times. Parabéns a classe e mostra que Censura nunca mais, não é uma frase de efeito e sim uma bandeira constante em um país assolado por milícias.

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