quinta-feira, 4 de junho de 2020

Leite derramado




Tá tudo errado. Só pode ter havido engano no roteiro. Como podemos ter neofascistas ostentando com orgulho que são racistas e pregam a violência contra as instituições? Sabemos que nosso país concentrou os maiores admiradores do nazismo, fora da Alemanha, mas a população foi mais grandiosa, levando essa adoração, para o fundo do poço. Agora, temos um presidente que flerta constantemente com o fascismo, dando demonstrações de suas preferencias, como homenagear os maiores torturadores, adorar o golpe militar de 64 e dar manifestações simbólicas dessa adoração. A última demonstração, de tomar leite em sua live, foi a gota d’água, quero dizer, a gota do leite!
“Não entendo? Ele apenas estava tomando um copinho de leite”. Um copinho de leite nazifascista para chamar de seu. Se Hitler visse isso, mandava para Auschwitz. O presidente se utiliza de sua única capacidade. Se não pode usar argumentos, pensamentos ou cognição, se utiliza do que sempre fez na sua vida: Estratégia. Todo simbolismo é para afirmar que é neofascista, sem precisar dizer abertamente, pois já testou de diversas formas, desde a eleição, até agora. Até andar a cavalo, remetendo a Mussolini e seus ídolos do regime militar. Podemos lembrar desse ato simbólico nazista, quando em "Bastardos Inglórios" de Tarantino, o oficial nazista Landa bebe leite antes de ordenar o massacre da família de judeus escondida sob o piso da casa do camponês francês. No filme de Stanley Kubrick, "Laranja Mecânica", Alex bebe um copo de leite com os "drugues" no Kolova Milkbar. Nunca fiz amigos bebendo leite.
Logo depois, em mensagem aos ministros do STF, Celso de Mello alerta sobre as ameaças golpistas de Bolsonaro. Bolsonaro quer o confronto. Deseja o confronto. Seria a maneira mais escamoteada de poder decretar um estado de emergência, justificando um golpe ou estado de exceção. Neste final de semana, os ânimos ficaram exaltados, por conta da ineficiência do Estado em responder a altura sobre os mais vaiados crimes de Bolsonaro. Vários grupos foram as ruas para clamar por democracia, dispostos a ir à luta. O Ovo da serpente já eclodiu. Será que estamos vendo o nascimento de um protonazismo, como a república estabelecida na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial que durou até ao início do regime nazista em 1933?
O fascismo deve ser combatido. No liberalismo, temos até como ter discussão. No fascismo, não. O presidente despreza a liberdade e odeiam a democracia. Já está querendo enquadrar a luta antifascista como terrorista. Permite que um grupo encenasse uma marcha com todo simbolismo da KKK americana, protege seus apoiadores nas ruas, ri quando um deputado de extrema-direita diga que vai arrancar bandeiras pró-democracia e queimar e manda a polícia armada contra manifestantes sem armas. Antifascismo virou terrorismo e neonazismo virou liberdade de expressão.
Do outro lado, temos um grande levante antirracista, como não se via a tempos. A indignação, levou ao ódio nas ruas, colocando Trump no meio do furacão, com as mesmas atitudes bolsonaristas. A história racial nos EUA é muito violenta e segregacionista. Desde meados do século passado, a questão racial nos Estados Unidos, era constantemente veiculada pela nossa imprensa nacional, tecendo uma representação social composta de discriminação, violência, miséria, criminalidade. Em 1930, Garcia de Rezende escrevia no jornal Diário da Manhã: “A luta contra os negros é um dos mais dramáticos aspectos da vida norte-americana. Tio Sam quer que o seu país seja o líder da raça branca. Por isso os dez milhões de negros existentes nos Estados Unidos carecem de ser destroçados” (Rezende, 1930, p.1). Essa realidade, culminou nos EUA com grandes levantes antirraciais, como em 1968 depois da morte de Matin Luther King, A várias mortes por parte de policiais brancos que culminou e uma semana de protestos violentos em 2015 e agora o levante que os EUA experimentam, com o assassinato de George Floyd, um levante violento jamais experimentado, criando o movimento Black Lives Matter.
Neonazistas e democracia. De que lado você está?



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