quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Regina Duarte. Mais do mesmo


Numa última cartada, depois da destituição do secretário especial de cultura Roberto Alvim por apologia ao nazismo, coloca Regina Duarte como nova secretária da pasta. Vi um movimento de Bolsonaristas comemorando a nomeação como assertiva. Ser explícito ao nazismo não é bom, pois existem grupos judeus que apoiam o governo. Um global foi a solução, porque sempre comove a população, mesmo sabendo que além de inexperiente, está servindo aos propósitos de quem não quer atuação da cultura no país. Uma cultura viva, reflete seus anseios e em um momento de repressão a opinião não é viável apoiar aqueles que precisam falar. Não importa quantas pessoas forem trocadas do cargo, nenhum deles nesse governo fará algo que abrace a todos, pelo contrário, quer cabresto e financiar apenas aqueles que falam bem de seu governo. Quem quer manter a ordem, quem quer criar desordem?
A ligação entre integralistas e Bolsonaro se dá desde a nomeação de um ativista da Frente Integralista Brasileira (FIB) como assessor de ministério à participação na base do governo. Colocar alguém tão evidente, foi um teste se poderia ser tão explícito ou o melhor seria escamotear com alguém de aceitação popular. Venceu obviamente a segunda opção.  Somente a figura de Regina, acalmou os setores de extrema-direita que veem nela, alguém que possa fazer o mínimo e ser aceita na sociedade.
Lembra um pouco a figura de Clare Boothe nos EUA.  Ela foi a primeira mulher americana nomeada embaixador no exterior. Autora, seu trabalho variou de drama a ficção, jornalismo e reportagem de guerra. Foi casada como o dono da revista Time. Era uma figura que disseminava o conservadorismo, mas tinha aceitação popular por ser uma celebridade. Bastou ser nomeada, com aceitação da população que arranjou problemas em Roma, pois interferia na política interna do país, sendo mais antidiplomática que qualquer americano (Lembra alguém?). Clare foi uma guerreira de Deus e dos ricos, e fez tudo para tirar os Bolcheviques da Itália.
O histórico de Regina, que na frente das telas era considerada a namoradinha do Brasil, chama a atenção pela falta de doçura quando se trata do agronegócio. Ela apoiou produtores rurais no tocante à demarcação de terras indígenas e quilombolas. “O direito à propriedade é inalienável”, disse. Amiga do grileiro Herbert Spencer Miranda Carranca, este tem o histórico de ser extremamente violentos com os povos indígenas. Em 2011, foi flagrado destruindo 4 mil hectares de floresta em terras indígenas da etnia Ayoreo, no Paraguai. A truculência verbal de Regina, chamou a atenção dos setores ligados ao governo, vendo que alguém alinhado com suas ideias e querida na população, pudesse encerrar as discussões em torno da cultura no país.
Ledo engano. Mal foi empossada, já se envolveu em postagens demonstrando desconhecimento geral e a mais polemica, foi envolver, o que ela chamou de apoiadores de sua nomeação, em uma postagem que gerou indignação da maioria dos incluídos. O motivo de cada um particularmente é uma discussão à parte, mas usar a foto dessas pessoas, sem uma devida autorização é a marca desse governo. Pior, é uma secretária de cultura, se utilizar de uma música de Guarabyra sem permissão. Quem trabalha na pasta de cultura, no mínimo, deve respeitar os direitos autorais do autor e ainda defender. Só por esse mínimo, já se sabe o que virá por aí. Com o tempo, a truculência vai aparecendo e deixando bem nítido suas posições. Clare Boothe foi no mesmo caminho, flertando com nazismo e crescendo interiormente de uma conservadora que incomodava para uma defensora dos ideais fascistas, que mesmo em uma conversa com o Papa este teria diversas vezes falado para ela: “Mas minha filha, eu sou católico! ”
A cultura está na UTI e agora virá mais do mesmo apresentado por este governo. A luta continuará, as indignações também. Conhecida pela frase “eu tenho medo”, durante a campanha de Lula em 2002, faço dela minhas palavras. Regina Duarte, eu tenho medo de você!


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