quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Tancretização


Nunca na história vimos tantos representantes do governo, além do mandatário maior, irem ao hospital em um período tão pequeno. O próprio presidente já esteve mais de uma vez. Com a decisão de tudo ter informação fechada, ou seja, nada é claro e transparente, sempre paira dúvidas sobre o que está acontecendo. E esse subterfúgio, tem dois gumes. Uma é provocar o sentimento alheio de pena e comoção coletiva, mas por outro lado, a verdade pode demorar, mas sempre chega. E a todo momento estamos envolvidos com esses problemas de saúde do presidente, sem realmente saber o que está acontecendo.
Lembro bem quando na eleição indireta do país, tivemos Tancredo X Maluf. Tancredo conseguiu arregimentar esquerda, centro e parte da direita em sua indicação para presidência da república. Ele não era bem visto por algumas posições que poderiam atrapalhar os rumos da corrupção daquela época. Entrou no hospital para uma cirurgia e de um erro de diagnóstico de apendicite supurada e uma operação de emergência desnecessária, saiu da vida para entrar na história. Não tomou posse e quem assumiu a presidência foi seu vice, que era a pessoa mais aceita pela direita militar.
Naquela época, houve um espetáculo na imprensa recheado por uma sucessão de atos médicos que provocaram danos ao paciente. Muito se falou na época em assassinato premeditado e que poucos sabiam do planejamento. O final da história é que com o desgaste do regime militar, era necessário um governo civil, mas que não fosse tão a esquerda. E conseguiram. Foi obra do destino? Ainda há lacunas: ninguém foi responsabilizado, nada foi transparente e paira o silêncio em torno do caso. No caso atual, tudo sempre paira na suposta facada e os supostos tratamentos, sempre com oncologistas. E para barrar todos os problemas que o governo vem causando ao Brasil, uma saída é imprescindível para todas as classes sociais: A queda de Bolsonaro. Mas isso seria possível como? Impeachment. Mas com o pouco tempo de governo, teria que ter eleições novamente e nesse momento Haddad ganharia sem dúvidas, e isso a direita não quer. Poderia ter uma renúncia, mas ele não se dispõe, principalmente com os filhos sendo alvo de diversos inquéritos. Domar o presidente? Já demonstrou que não tem menor habilidade política para isso. Qual outra saída? Ou deixar o país apodrecer e aguardar o tempo necessário ou Tancretizar ele.
Tenho ouvido essa expressão. A espetacularização em relação a saúde sempre comove as pessoas. E a manipulação também pode direcionar essa comoção. Hitler na eleição, também levou um tiro em campanha, que potencializou sua ascensão ao poder. A suposta facada interminável, é sempre mostrada sendo tratada com oncologistas e seus tratamentos regulares. Com isso, não sabemos inclusive a gravidade de seu estado clínico. Tudo envolto a brumas ou véus, para deixar esse mistério e discussões em torno de sua saúde. Não é correto ficarmos especulando sem informações ou desejando sua piora. O desejo deve ser de impugnação com saúde plena. Nenhum desejo de morte deve ser alimentado em tempo algum.
As derrubadas de governo que se utilizam de meios torpes, mentiras e força, sempre vêm acompanhada de uma preocupação em relação ao público em geral. Este sim tem o poder para derrubar governos se fosse insuflado. Nada pode detê-lo. Mas nosso DNA de país golpista está inscrito até na testa. Foram 8 contando com a derrubada de Dilma. Todas famosas como desde a Noite da agonia, de Pedro I, passando pela Revolução de 1930 de Vargas, até o Golpe de 1964. Algumas outras derrubadas não são computadas ´por historiadores como o movimento de 11 de novembro, onde o Marchal Lott golpeou Carlos Luz e Café Filho.
A despeito da teoria do biologista russo Lisenko, de 1948, dizendo que características adquiridas eram transferidas por geração, temos nesse quadro, nosso DNA golpista que usa do subterfúgio que for mais conveniente para a sustentação no poder. Aguardemos os próximos capítulos.

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