quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O homem descende do vírus


Esqueçam a Teoria da evolução de Darwin, ou a grande Teoria da evolução ou até a Panspermia de Hermann von Helmholtz. O homem veio do vírus. Mas aquele vírus devastador. Aquele que infecta e acaba com o outro ser vivo. Para aqueles, que como eu, acreditam na redenção da humanidade através do amor ao próximo, sempre haverá uma ponta de esperança. Mesmo que do tamanho de um buraco de agulha. O espírito de dominar o outro através da força está junto conosco desde a pré-história, se passaram milhares de anos e apesar de estarmos vivenciando uma era de prosperidade tecnológica, nossas atitudes ainda estão muito aquém desse avanço.
Outro dia vi o filme Mãe; filme de Darren Aronofsky com Jennifer Lawrence (está maravilhosa), Javier Bardem (Esse nem se fala), Ed Harris e Michelle Pfeiffer, que faz um paralelo com a história da criação. Quando a humanidade chega, mostra toda sua empáfia, desprezo com as coisas, com vícios e no momento que aumenta o grupo de pessoas, a violência e degradação são presentes numa explosão de ódio infinito. Me impressionou por dois dias essa imagem de violência que foi demonstrada o nosso retrato. Eu vou além do medo de ter filhos em um mundo de conflitos. Para onde estamos nos conduzindo?
Faz 21 anos de um crime que mostra bem como é a cara do Brasil. A cara do eu posso você não pode. Três jovens atearam fogo em um índio dormindo na rua, em Brasília. Apenas por diversão. Um crime que se fosse feito por alguém das classes mais baixas, seria resolvido rápido. Mas como tinha filho de embargadora, demorou muito tempo, teve recursos e penas alternativas. O massacre, na verdade, começou a 500 anos, disse certa vez Orlando Villas Boas. A barbaridade com o índio, é a mesma de Diadema, Cidade de Deus, Candelária, e de tantas favelas ocupadas pelos militares de hoje.
Não adianta separar as barbaridades. O discurso de que um é social e outro patológico. Um culpa a miséria e a história e outro a perversidade humana contida no homem. Um tem drama no estilo Tolstói e outro Dostoiévski. Essa separação absolve e aumenta nosso silêncio sobre a situação. E acaba tendo gente que diante disso, é pega no discurso defendendo a violência policial e as distorções. Daí você compreende por que o candidato do PSL está em alta. Um colega participou de alguns grupos de zap a favor do candidato e o que se vê é muito apologia à morte.
Você pode notar, que nos dias de hoje, os crimes também são seletivos. O que aconteceu com os Venezuelanos recentemente, mostra um nível de desprezo pelo ser humano, que achava que não encontraria tão visível. E o modelo desse desprezo que justifica ações desse tipo é a sociedade em que vivem todos nós. Vivenciamos os exemplos diários de desprezo pelo mais desvalido. Temos uma história de desprezo, cultura do desprezo atávico e institucional.  Basta lembrar do desmonte do Monte Castelo. Fomos os primeiros a ter escravidão e os últimos a abolir. Todos foram jogados na rua e os senhores isentos de qualquer culpa. Essa gente, sem condições mínimas de vida, foram ocupando os espaços da cidade. Deixaram ocupar o morro, para que no futuro, pudessem dar a desculpa de degradação (assim como fazem historicamente com a universidade pública, que mesmo com esse ataque fulminante em suas verbas, continua sendo as melhores da américa latina) para expulsar essa população e destruir uma parte histórica de nossa memória.
O que acontece com a universidade pública é o mesmo que acontece com nosso sistema de saúde e penitenciário, que são formas organizadas de desprezo público.
Esse desprezo diário, contínuo e reincidente, faz tempo nos insensibilizou.

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