quinta-feira, 12 de abril de 2018

Limiar


Estamos vivenciando um limiar muito perigoso com essa polarização. Antes, a todo retrocesso, a toda indicação de retirada de direitos, ou a toda manifestação de ódio, era respondido com indignação ou silencio. Após o assassinato de Marielle, do qual, as maiores manifestações do twitter no período, foram manifestações de fúria, mentiras e apoio a morte dela; deu uma rasteira em muita gente pelo Brasil e pelo mundo, tornando aquela paz em tensão. Recentemente, a prisão de Lula, deixou os nervos à flor da pele.
Quando você vê uma parte da polarização tendo golpes atrás de golpes, enquanto o outro lado se mantém, mesmo com provas robustas, saindo impunimente, percebemos que temos a fatia dos mais poderosos mostrando que nossa herança de Casa grande e senzala está presente e quer estar presente. Não se trata e nunca se tratou de corrupção. A classe média, mesmo ganhando pouco mais de três mil reais, quer continuar ganhando esse percentual, mas o trabalhador humilde para ele, deve ganhar muito menos. Isso traz alívio para ele.
O famoso, eu posso e você não é a tônica do nosso país. Pode roubar e matar, mas desde de que seja entre os mais ricos. E você só tem direito a ficar em silêncio. Esse é o seu direito hoje. A prioridade é acalmar os ânimos, tirar mais um presidenciável (Bolsonaro, pois não interessa mais a elite, afinal ele somente polarizava com o Lula. E sem ele, não precisa mais desse candidato) e inflar algum candidato da elite. E agora, vão tentar acalmar os ânimos mesmo. Todos estão pedindo calma, mesmo com a economia cada vez pior. Ministros, comentaristas, operadores e você leigo, tem a missão de se acalmarem.
Mães quando tentam controlar seus filhos da zona no shopping.
- Ssssshhhhhh! Se acalmem. Vocês podem agitar a população!
Seu vizinho, que está dando aquela gemida alta, você pode bater na parede e pedir para se acalmarem.
- Eita! Olha a nossa nação!
As brigas de marido e mulher, podem tapar a boca um do outro, no auge da discussão.
- Você tem razão, mas vamos respeitar a paz do Brasil.
Trabalhador mal pago, essa não é a hora de discutir, afinal, você apoiou os direitos trabalhistas e enfraqueceu os sindicatos. Engula sua reinvindicação, afinal, você ainda está comendo. Banco Central, você também não pode falar nada. Ninguém deve falar nada sobre as privatizações ou levantar dúvidas sobre as reformas. Nenhum movimento brusco. Aproveitem e tirem os talheres de beiras de mesa.
Já tivemos a censura explícita dos generais, que já avisaram que se tudo não correr bem, vão entrar como nós conhecemos. Poder atirar no ônibus do Lula pode, atirar bolinha de Papel no Serra não. Ameaçar jogar ele do avião no voo pode, chamar o governo de golpista não. Os extremos agora estão cada vez mais postos em seu lado do ringue. A política nacional, está de lado, para se concentrar na eleição. Estamos em ebulição. Estamos caminhando para uma guerra civil? É possível, mas dado a nossa colonização portuguesa, a tendência é ainda tentar discutir e encontrar meios dignos para as vitórias reais, através da paz. Mas ninguém segura um povo com muita raiva. A resistência pacífica como Gandhi ficou para trás. Mesmo a demonstração de amor pela população ao líder preso, tem limites, pois não querem ouvir os poucos tilintares de taças, rindo de suas fortunas, enquanto a maioria prende a respiração respeitosamente.

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