quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Cumplicidade é tudo

Velhíssima essa frase, mas muitos ainda usam. Uma amiga minha ouviu de outra amiga que ela era cumplice de uma terceira amiga. No meu entendimento, a frase já estava dita e é compreendida. Mas no caso dela, não. E como o desentendimento hoje é a briga de amanhã, ela quis entender por que grandes amigas eram cumplices. Cumplices, denota também aquele parceiro para alguma vilania. Bonnie e clyde; Lana Turner e Johnny Stompanato; entre outros, mostram esses exemplos de cumplicidade de jargão jurídico. O dicionário diz: “que ou o que contribui de forma secundária para a realização de crime de outrem; codelinquente. ” Primeira definição.
Segunda a etimologia, a palavra surgiu a partir da palavra conivente. Conivente vem do latim conivere, que significa fechar os olhos para alguma coisa ou ser cúmplice de um ato.  Ela vem da junção de duas palavras: cum e nictareCum é uma preposição que significa “junto com” ou “na companhia de”, e se modificou para con- na palavra conivere. Nictare significa fechar os olhos, pestanejar ou piscar. Com o tempo, ganhou o significado de ser cúmplice. Piscar o olho é uma forma de mostrar cumplicidade com alguém.
Ou seja, usamos até a era moderna como utilizando no sentido de conivência, com conotação negativa e se referindo à qualidade de ser cúmplice de algum ato ilegal. Juridicamente, alguém que foi cúmplice em algum ato criminoso pode ser julgado pelo seu envolvimento na execução do ato em si.
Depois de algum tempo, passou a ser usada como aquele que colabora com outrem na realização de alguma coisa; sócio, parceiro em algo positivo. A conotação geralmente é atribuída a esta atitude positiva demonstrando harmonia, companheirismo e entendimento. Esta foi uma corruptela do termo original, que demonstra um entendimento secreto entre duas pessoas. Isso, deu a palavra uma responsabilidade de entender a conotação real atribuída na frase aplicada. E ás vezes, os dois significados podem gerar no final das contas atribuições abstratas que se correlatam no final.
Esse preambulo para entender as condições de Cabral e seus amigos ou cúmplices na prisão, em Bangu. São presos comuns, que deveriam estar nas mesmas condições de superlotação de seus colegas presidiários menos favorecidos financeiramente. Mas, como o dinheiro fala mais alto em um país capitalista, eles podem circular de cela em cela, ter água filtrada, arroz de pato do Antiquários, além de mimos como queijos importados. Tudo acobertado por cúmplices fora da cadeia. Teríamos essa dúvida que estaria acontecendo dessa forma? Você tem cumplicidade dentro da cadeia, talvez com funcionários da cadeira e fora da cadeia em várias esferas da sociedade. Não concordo com a forma em que a imprensa humilha as condições já humilhantes das presidiárias femininas (A esposa de Cabral e a de Garotinho), mas saber que as mordomias são compradas ainda que juridicamente sem possibilidades.
Os inimigos políticos estão se roendo como ratos, pedindo ajuda de seus cúmplices e tendo a mídia como interlocutora. Será que as ameaças que garotinho diz estar recebendo vão se consumar? Será que vão finalmente acabar com o festival de regalias até na prisão para Cabral e seus homens? Daqui a 72 anos, poderemos ouvir a história recontada desse episódio com as entrelinhas abertas? Todos os cúmplices estarão na mira da justiça?
A verdade é que eles vão apenas aguardar um tempo. Deixar a poeira baixar. Se alguém for eliminado nessa história estará claro quem foi o mandante. Cabral e seus amigos e seus cúmplices são maioria inflamada na prisão e querem sair o mais rápido possível, mas Cabral agora se sente climatizado na prisão, junto de seus amigos, companheiros cúmplices.
Desta vez, a palavra cúmplice, está empregada de forma correta nesse contexto.


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