terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

06 perguntas para Ricardo Newton


1) Você sempre dá importância ao desenho como base para qualquer trabalho, mesmo que abstrato ou não figurativo. Um pintor precisaria (como existe em várias faculdades pelo mundo) de cadeiras de desenho por todos os períodos da faculdade e tentar continuar vida à fora. Por que esse conceito está se perdendo?

O grande pintor americano Andrew Wyeth dizia a que todo quadro figurativo para ser bom tem que, na estrutura da composição, funcionar como um abstrato bem resolvido em termos de dinâmica do espaço. Com certeza estudar as técnicas do desenho por um bom tempo nunca é demais; o conhecimento pode emergir à mente mesmo na execução de trabalhos completamente não figurativos. Eu diria que o estudo da composição clássica como ‘’âncora’’ do pensamento é que faz muita falta; realmente, não conheço muitos professores que façam isso, com certeza pelo fato que durante muito tempo não se deu a devida atenção a esse tema e, deste modo o time de ‘’experts’’ no assunto está meio desfalcado...

 2) O grande segredo da resolução das sombras na pintura dos grandes mestres como Edgar Cognat, foram suas influencias para seu trabalho?

Fundamento clássico da pintura; ‘’ Sombras simples, luz detalhada, sombras transparentes, luz empastada’’. Por incrível que pareça este ‘’beabá’’ é desconhecido por parte majoritária dos pintores atuais. E serve para se aplicar em qualquer estilo... Eu depois também acrescentei em relação à execução das sombras: ‘’ Na sombra se investe no mistério’’ e também: ‘’Na sombra, quanto mais se olha, menos se vê...’’

 3) Oswaldo Teixeira é um outro mestre a ser resgatado. O que se pode falar sobre o mestre?

Meu professor na juventude foi Edgar Cognat. Mas freqüentei muito a casa de Oswaldo Teixeira, pois era amigo de seus filhos. Formalmente não tive aulas com ele, mas em conversas aprendi muito, principalmente no que tange à resolução das cores nas figuras humanas e no empenho da construção das mesmas com solidez. Seu trabalho de belíssimos empastamentos também foi uma fonte de conhecimento


4) Nos seus quadros q mostram detalhes do nosso dia-a-dia, as luzes e cores estão presentes. Mesmo em situações como a noite, elas estão presentes. Podemos dizer que a técnica diz bastante sobre o artista ou a temática?

O meu professor Cognat citava uma frase: ‘’O estilo é o homem’’. Retrato a vida cotidiana urbana da zona sul por que aqui tenho vivido toda a existência observando o que se passa ao meu redor nas ruas, praias, bares... E abordo as relações psicológicas da interação dos urbanóides. A técnica, é claro, se torna fundamental para um pintor realista, por esse motivo, estudei os grandes pintores clássicos por muito tempo.


5) 40º é um quadro que gosto bastante que une tecnologia do relógio com o ambiente. Uma alegoria da figuração da paisagem dos tempos modernos. Você vê uma construção de um novo imaginário brasileiro com o seu foco de visão ou é apenas um ponto de vista?

O meu ponto de vista é bastante pessoal, creio eu. Dou meu recado com competência dentro do estilo que escolhi. Procuro executar uma obra original e, se consigo, sem dúvida estarei construindo um novo imaginário.


6) Quais os seus novos planos?


Estou pintando dois quadros de grandes formatos com temática futebolística que serão apresentados em uma galeria durante a Copa. Também vou fazer uma nova individual em setembro e, nesse evento, um amigo vai lançar um livro sobre o mesmo tema. Aguarde a surpresa...


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