terça-feira, 1 de outubro de 2013

06 perguntas para Alves






1) Sempre que posso, estou visitando Lagoa Santa (interior de Minas). E toda vez, percorro a lagoa correndo (7km) para meu exercício constante e me impressiona a beleza serena, com capivaras soltas. Essa paz e vegetação faz parte do seu processo de criação?

Ambientes naturais ou urbanos sempre acabam de alguma forma interferindo no "modus operandi" do artista. Se vivesse em um ambiente de intensa urbanização teria grande chance de refletir as benesses e as mazelas do lugar na minha obra. Não é via de regra, mas é bem possível. Isso acontece comigo agora nessa área de fronteira, onde o ambiente natural e urbano se encontram e confrontam, que é Lagoa Santa. Infelizmente, a natureza, os espaços naturais daqui sofrem uma pressão intensa por conta da urbanização. Mesmo a Lagoa central, que você citou, sofre com graves problemas decorrentes da ocupação planejadamente criminosa .Mas, mesmo com todos esses problemas, sempre consigo me inspirar com as belezas naturais da cidade... Vou dando a volta na lagoa e minha cabeça dando voltas. Sai quadrinho, sai poema, sai música, suor...

2) Você lançou recentemente A RUA DE LÁ, que são imagens poéticas com narrativas em quadrinhos. A sua formação acadêmica tem a ver com o tema?

Bem, eu sou Geógrafo. Então o olhar geográfico atravessa toda a obra. Algumas vezes conscientemente, outras não. Há determinadas situações no livro que denotam o olhar do geógrafo, mas há outras que beiradeiam o senso comum, abraçando uma visão mais intuitiva e sentimental do lugar. Quando esses dois olhares se juntam, dão de formar esse riozinho de pensamentos e sentimentos misturados que é "A Rua de Lá". Algo caboclamente acadêmico.

3) Nos encontramos certa vez junto com o Quinho, no salão Carioca de humor para recebermos a premiação e apesar da festa muito bem produzida, foi o momento de confraternização e troca de informações. O quanto esses salões são importantes no Networking?

Esses eventos são de muita importância para que possamos conhecer não só o "cara" que faz o trabalho que a gente admira, mas também o processo de criação, a lida com o mercado e etc. Mas não consigo ver isso apenas como "networking". Acho que é para além. Foi no salão de Humor Henfil que rolou em BH que tive o meu primeiro contato com obras de cartunistas profissionais. Trabalhos do Lute, Quinho, Lor... Todos eles que posteriormente vieram a se tornar grandes amigos e professores. Em outros salões e festivais que participei conheci grandes artistas de forma parecida... O Daniel Kondo, Samuca, Dálcio, Cau Gomez, Paulo Barbosa, Amorim, Mayrink... Fora as referências que já tinha, esses caras são a minha escola. E essa rede que não chamo de trabalho, é de amizade e aprendizagem. Uma escola fora dos moldes que me ajudou e ajuda a crescer como artista autodidata que sou. E decorre daí a importância desta rede. Agora, acho que os salões de humor focam muito na premiação e deixam esse intercâmbio de lado. Acho que mais do que coquetéis deveriam rolar (e alguns salões já fazem isso) iniciativas que propiciassem uma maior aproximação entre os participantes, convidados/homenageados e o público. Uma saudável mistureba de ideias, experiências e inexperiências!

4) Você tem uma galeria de imagens gráficas muito interessantes. Quando vai colocar em uma publicação?

Pois é... Tenho feito muitas ilustrações que podem ser ordenadas ou desordenadas em livro. Mas ainda não tive tempo de transformar aquela enxurrada de desenhos/sentimentos em algo palpável. Mas penso nisso direto. É uma vontade. Quem sabe ano que vem...

5) O que falta para termos suas tiras distribuídas de forma mais popular pelo Brasil? Algo como publicações que fizeram sucesso nos anos 80, como Chiclete com Banana, Piratas do Tiête e Geraldão?

Bem, na realidade acho que terminei a primeira fase disso tudo que é ter uma quantidade grande de tiras já prontas. Preciso agora, de posse do que já foi construído, procurar agências interessadas em distribuir as tiras para jornais/revistas no território nacional ou fora dele. Ou ainda bancar a publicação de coletâneas de forma independente. Tem esses dois caminhos... Acho.

6) Quais os novos planos?

Meus novos planos são lançar uma coletânea das tiras que publico diariamente no jornal Hoje em Dia de BH, publicar também uma outra coletânea de tiras que discute a "invisibilidade ambiental" do Bioma Cerrado (essas tiras estão sendo geradas no processo de construção da minha dissertação de mestrado) e, por fim, publicar mais um álbum em quadrinhos... Só isso tudo. rs



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