sexta-feira, 27 de abril de 2012

Queda de braço verde!

    Vexame. A palavra vem do latim VEXAMEN, “abalo, sacudida”, de VEXARE, “inquietar, atacar, atormentar”. Um vexame é muito mais que uma vergonha. Não é uma atitude isolada, é aquilo que vexa, afronta e causa palpitação do coração. Diferente do que alguns etmólogos ligam como opprobrìum (desonra, vergonha, injúria, afronta), pois quem sofre uma degradação social, sente grande desonra pública; vexame!
Retrocesso da legislação ambiental. Vitória dos ruralistas e do poder econômico. Escalada do desmatamento. Dilapidação do patrimônio natural. Descumprimento de metas de clima e biodiversidade. Vexame na Rio+20. Flagrante desrespeito à ciência!
     Foram quase 10 anos de disccussão para aprovação do novo código florestal. Evidente que o que fica na mentalidade do censo comum, vai para a queda de braço entre os ruralistas e ambientalistas, onde a anistia aos desmatadores e a não preservação de áreas de preservação ambiental (áreas de PP) são as mais citadas. É crucial destacar que as duas obrigações centrais de conservação de vegetação nativa - APPs e RLs - continuam a existir. O que mudou foi a forma de regularizar propriedades que já estavam vivendo em não conformidade. Três situações devem ser destacadas de agora em diante:

1) quem já tem áreas com florestas para APP e RL deverá mantê-las, bem como quem adquirir novas áreas;
2) quem possui passivos terá alternativas para cumprir, e aqui se situa o enorme desafio da regularização ambiental de quase 90% das fazendas brasileiras; e
3) quem desmatou depois de julho de 2008 não terá alternativas senão cumprir as regras das APPs e Reserva Legal, sem exceções.
     O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Brandão Cavalcanti, disse: "O problema ambiental e da produção agrícola não está resolvida com as nossa regras". Isso implica, de um lado, papel do Estado em gerir e monitorar desmatamento, o que é fundamental, porém ineficaz com os entraves burocráticos e com a força ruralista, sem força prática. De outro, permitirá separar os produtores que se regularizaram, e, por isso, terão prestado um serviço ambiental, o que refuta a tese da anistia, daqueles que ainda estão em débito e deverão sofrer as penas da lei. A preocupação é com ampliação de terra para plantação de soja, cana-de-açúcar que depois virá ração e etanol e assim por diante.
    A queda de braço de dez anos, parece ainda longe de ser resolvido e já está se transformando em luta greco-romana. Será que os ruralistas vão lotear nossa floresta? Os EUA vão comprar nossa biodiversidade? tribos dizimadas? Não percam no próximo Bathorário, nesse Batcanal...

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