quinta-feira, 7 de maio de 2020

As ameaças


“Introduza um pouco de anarquia. Perturbe a ordem vigente e então tudo se torna um caos. Eu sou um agente do caos. E sabe, a chave do caos é o medo! ” Essa frase poderia ter sido muito bem atribuída ao nosso presidente na manifestação criminosa de domingo, que está tentando manter como rotina para angariar apoio popular, já que a queda vertiginosa de popularidade está batendo perto dos míseros 20%. Mas não. Essa é a frase do coringa, no filme Cavaleiro das trevas. Mas não estamos vivendo o seu mandato inteiro no caos e no medo? Apenas, antes, havia o apoio dos bolsomínions em peso. Era uma turba imensa de cães raivosos andando nas ruas. Hoje, apesar da última manifestação ser citada no jornal como tendo adesão de milhares na porta do palácio, não devia nem ter quinhentas pessoas.
Como sempre, nessas manifestações de apoio ao presidente, que são infladas pelo próprio, são um total festival de horrores. Fez aglomeração, expôs a filha e manifestantes ao COVID19, incitou um golpe contra as instituições, fez apologia ao AI-5, deixou que agredissem os repórteres cobrindo o fato e no final estendeu uma bandeira do Brasil na rampa do Planalto. Segundo a lei N. 5.700, aprovada na ditadura, esse ato é considerado um desrespeito à Bandeira Nacional, logo, proibido. Até para ser patriota ele comete um crime. O que mais falta para ser excomungado do cargo? Sim, porque impeachment não resolveria, mas talvez um pai de santo tentando tirar esse encosto do palácio do planalto, seria o ideal.
Na carreata se via o cartaz: "Chega de ditadura! Queremos o AI-5!" Talvez emocionado com a frase que tanto inspira ou por simples reação infantil a popularidade do Moro, que conseguiu esvaziar um pouco mais seu apoio na população, o presidente citou que estaria no seu limite. Essa semana, ele, com o apoio das forças armadas, poderia dar uma resposta. Ninguém entendeu qual seria a resposta ou seu tom de ameaça. De qualquer forma, todas as entidades e personalidades políticas, emitiram nota de repúdio a fala ameaçadora. O general Paulo Chagas já mandou avisar que não existe nenhuma intenção de golpe militar em curso, então resta a saída de colocar Paulo Guedes para falar em privatização para a imprensa esquecer os ataques à democracia na mesma hora. É o mercado, sempre o mercado no final das contas.
Depois de mais de oito horas do encontro de Moro para entregar as provas de crimes do presidente, entregando 15 meses de conversas sujas de Jair Bolsonaro, o presidente ameaça soltar vídeo contra Sérgio Moro. É evidente que o ex-ministro, que também praticou ilegalidades, como sempre, gravando escutas e conversas particulares, divulgou esse material digital como sendo as provas. Se a imprensa tiver o acesso e divulgar, pode ser a facada final, a que Adélio não praticou, em Bolsonaro. As mensagens que vazaram de Moro usando escutas e manipulando para ter favorecimentos políticos a favor da vitória de Bolsonaro, não emocionaram nem Bolsonaristas, nem Morolovers. Quem sabe esse vazamento, nessa semana, seja algo que deixe o presidente acuado?
Essa semana pode ser o capítulo decisivo para termos acesso as cenas dos próximos capítulos. Tudo por ciúmes, tentativa de desarticular Moro e sua rede de informações, além do seu desejo por Estado de exceção no Brasil. Ramagem na Polícia Federal seria dar mais munição a esse estado de caos que o presidente quer continuamente instalar. Haveria perseguições políticas, espionagem, mortes, apenas para proteger Bolsonaro e sua prole, já que as investigações estavam chegando muito perto de cada um deles. Nesse momento, não existe um país. Existe um governante desacreditado, vil e inescrupuloso que está apenas tentando se manter no poder, enquanto temos milhares de mortos pela COVID19 que ainda estão por vir, em um sistema de saúde já colapsado. 
Ameaças para um golpe militar são sempre ditas pelo presidente quando é contrariado em seus desejos. Mas ameaças por ameaça, fico com a frase de Einstein: “O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade. ”




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