quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Falta de Pundonor


O burguês que antes, como Cazuza falava, fedia e quer ficar rico, hoje mostra a cara e não se faz de rogado. O que antes era uma arte antiga e saudável de mostrar as contradições do discurso raso, foi mudada pela verborragia e os punhos cerrados do mesmo burguês que antes apenas ouvia resignado. Hoje, como em outros tempos que o sistema parece dar motivos de queda, se reergue através da força e os mesmos que alimentam essa volta, se espantam com o número de idéias de ódio e intolerância, assim como o crescimento de estados de exceção pelo mundo.   Os burgueses não se espantam com mais nada. Tudo que foi conquistado e está regredindo pelo mundo, não afeta a nenhum deles. Impassíveis. A qualquer notícia de rumo do país, com indicações de pessoas implicadas na própria pasta, não afeta ninguém. O espanto parece apenas divertido para eles. Outros se sentem resignados. E quando nada surpreende ou revolta cada cidadão, é o que me deixa mais assustado. O que deixa a todos preocupados (todos devem passar imediatamente desse estágio) é o número de agressões verbais e físicas tem aumentado a cada dia.
Estamos indignados e saturados. Não dá tempo de um respiro. O estado de estar atento e forte, tem que se juntar a capacidade de apneia de cada cidadão. A mídia se transformou em arma para exaltar ou acabar com alguém. O motivo do governo insistir na nomeação de Cristiane Brasil é meramente para apoio para o próprio governo. Não se importa com quem seja, seu passado ou competência. Apenas por apoio. Assim como outras indicações. A impugnação dada com liminar foi um ato importante, mas o desmembramento que acabou por finalizar no vídeo viralizado, constrangeu essa mesma burguesia que agora coloca fatos e versões antigas (como se elas já não fossem conhecidas), para encerrar a questão e tirar a força a indicação que nunca deveria ter sido feita. E como o último escândalo é sempre maior que o anterior, vemos Cristiane Brasil nos apresentando como assediar moralmente, sujando o nome de nosso país.
A conclusão sempre acaba no grande embuste criado para salvar os dominantes perante aos dominados. O patriarcado, se vale do corporativismo como proteção, para apenas tirar proveito próprio enquanto a nação volta mais uma vez, aos piores índices de pobreza a sua volta. A diferença entre esses movimentos corporativistas atuais com os do passado, é que a informação está disponível para todos, assim como nas redes sociais para tentar abrir os olhos daqueles que apoiam esse regime e não tem idéia o quanto os afetam diretamente e indiretamente.
Me preocupa o rumo sim de nosso país e do mundo. Achei que não ia ver a possibilidade de um novo período de medo no mundo como foi com a Alemanha nazista, logo depois bomba atômica e uma nova ordem mundial, guerra fria e ditadura militar. Foram anos de chumbo, que ficava na lembrança de livros e no testemunho de nossas pais e avós. Não esperava sentir o temor desse retorno que está se desenhando no mundo.
Bem verdade que teremos uma pausa para o Carnaval e será nosso único momento de respiro. Não se iludam. As eleições por virem, tensões pelo mundo vão ficar mais fortes esse ano, sem previsão de algum meteoro ou tsunamis devastadores. Quando falei na última eleição americana, onde todos estavam tranquilos falando que a eleição estava ganha para Hillary Clinton eu dizia para ter cuidado com o fenômeno Trump. Todos nem acreditavam nessa hipótese. E quem se elegeu? Estamos levando rasteiras diárias do sistema econômico vigente e como sempre digo, que uma das coisas importantes numa luta é saber cair. Saber cair, evita dores que podem ser crônicas e humildemente, levantamos para lutar novamente. Essa é a lição. Digo isso, pois meu medo dessa sombra estar voltando não é Nutella, é raiz! Não estamos preparados para quedas muito grandes e confiando que um mundo mais justo vai surgir sem que haja esforço, é esperar a queda sem saber que estará caindo do Everest. Não aguarde que a próxima nomeação de ministro seja para o Rei Momo e acima de tudo entenda a violência da burguesia e como resolver a questão, como a união das mulheres em reação aos assédios sofridos. E acima de tudo, como as pessoas te tratam é o carma delas, como você reage é o seu.

Em tempo, pundonor, segundo Aurélio: matéria ou ponto de honra, aquilo de que não se pode abrir mão, sob a ameaça de ser ou sentir-se desonrado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário