quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Catalães, uni-vos

Séculos e séculos, mostram lutas apogeus e decadência da Catalunha. Já se passaram, primeiros-ministros, presidentes, ditadores e reis. Obviamente, como diria o mestre Millôr, os donos de comunicação, duram mais tempo. Recentemente, tivemos uma crise sem precedentes no país, que estava levando toda a Espanha a bancarrota, assim como estava acontecendo com Portugal e varreu a Grécia numa crise inimaginável. A Espanha tem essa atmosfera interessante. Estudei nos Pirineus, em Navarra, ao Norte. Era necessário realmente a presença da língua espanhola nas placas e indicações do mobiliário urbano. Eles possuíam uma língua própria que eu jamais poderia aprender naquele momento, além de hábitos diferentes. O que mais gostei foi de estar na balada e um certo momento ter o momento de música Flamenca. Foi lindo! Mas voltando ao foco, o mesmo acontecia nesta região de Barcelona. Língua própria e hábitos diferenciados. Falavam normalmente em espanhol com todos e quando havia necessidade de um comentário por trás dos panos, recorriam a língua Catalã. Uma proteção devido a séculos de dominação espanhola.
"Não passarão!" "Não passarão!", "Não passarão!" O slogan antifascista da Guerra Civil espanhola foi repetido em todo momento. O Espanhol sempre fala mal de seus compatriotas, mas em sua história, a ocupação foi sempre muito sofrida. Podemos lembrar a ocupação mais antiga registrada foram pelos Gregos e Cartagineses que logo depois reivindicada pelos Romanos na Segunda Guerra Púnica. Logo após o declínio romano, as terras, que foram anexadas a Terraco, sofreu sua degradação e esquecimento. Já na Idade Média, os Visigodos invadiram os espaços demarcados anteriormente descrita e foram dominados até o século VIII. Somente no final do século seguinte, Carlos, "o Calvo", nomeou Vifredo, o Veloso Conde de Barcelona e Gerunda, dentro da reação carolíngia. A Catalunha feudal foi estabelecida. Com o casamento do conde Raimundo Berengário IV de Barcelona com Petronila de Aragão formou-se como confederação a Coroa de Aragão, de que Raimundo se torna Príncipe-Regente e mais tarde como o Principado da Catalunha. O caldo começa a curar com a decadência do reino após 1469, quando as regras atribuídas aos reinos não se encaixavam aos mesmos de toda Europa. Envolveram-se num conflito, a Guerra dos Segadores, de 1640 até 1652, contra a presença de tropas de Castela durante a guerra dos trinta anos. Tudo começa a piorar, quando durante a Guerra de Sucessão Espanhola, a Catalunha apoiou o pretendente austríaco no Tratado de Utrecht, deixando os catalães abandonados. Mesmo assim, no século XIX a Catalunha representa a força industrial da Espanha. É a primeira na industrialização. Já com a proclamação da II República Espanhola, em 1931, reconheceu-se a autonomia da Catalunha, que foi perdida logo em seguida Com a derrota dos Republicanos na Guerra Civil (1936-1939). O caldo realmente desandou com a ditadura de Franco.

O resumo da ópera: Um país dentro de outro país. Mais rico, dominado e com uma grande história própria. Muitos catalães viram como um insulto que o Tribunal Constitucional tenha anulado o Estatuto de autonomia da Catalunha, que dava à região a categoria de "nação". E aí vemos a entrada da imprensa, que citei no começo do texto. Os meios de imprensa aliadas as escolas, precisaram de alguns anos de atividade para atingir os jovens que estavam precisando de uma nação. E se aparece na imprensa fica como estopim para que todos possam redirecionar suas atenções. Lembrando que a imprensa manda na economia, manda nos rumos de decisões políticas, mandam no surgimento da nova namoradinha do país e de como você deve se comportar. Nosso grande irmão ainda é intocável. Ele está apoiando o referendo, mesmo o país não estando. O pedido é justo? Claro que sim e apoiado por 99% da população. Não sabemos ainda o interesse da mídia pelo lado certo das reivindicações, há de se esperar. Mas o interessante nisso é como sempre é dado um aspecto maniqueísta da questão. Vimos pela mídia a truculência dada pelos policiais espanhóis em cima do referendo de independência, que serve para nos emocionarmos com os velhos espancados e jovens presos e o mundo apoiar os Catalães. E nada melhor do que colocar a Espanha na parede por ações impositivas através da violência. Esse é um recado do mundo contra os governantes atuais, movidos pelo capital: Não passarão! 

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