Numa anedota, o aristocrata inglês mostra sua propriedade
para seu colega visitante, começando pela estrebaria.
- Aqui você pode ver meus cavalos Puro Sangue. Logo adiante,
meus pomares premiados. Lá, ao longe, meus campos de caça. Aqui é a minha
mansão. Este é o meu vestíbulo, em estilo Tudor. Esta é minha escadaria de
Jacarandá esculpido do século 17 que leva aos meus aposentos. E aqui estão
eles. Aquela é a minha cama em estilo vitoriano. Aquela na cama com a camisola
de seda de Madagascar sobre a cabeça é minha esposa. E aquele transando com ela
sou eu.
Podem notar que nesta anedota, seu amigo visitante também
era, possivelmente também, um aristocrata inglês, que deve ter respondido, na
última frase:
- Obviamente!
Pois muito mais importante do que a evidencia de que o
anfitrião não podia estar ao lado do visitante, transando com Stephanie (esposa
do anfitrião) ao mesmo tempo, que um não podia ser o outro. Mesmo porque se
fosse, teria ao menos tirado suas botas, era manter a etiqueta. A etiqueta deve
ser mantida acima de tudo, inclusive das leis da física.
Os reles literais, veem que os museus estão sendo entregues
ao capital, ao mercado, justificando a pressa, pela precarização existente nas
instituições pelo Brasil. Esquecem, que eles mesmos sucatearam durante anos as
mesmas instituições, preparando um golpe final, aguardando uma brecha. Não
havia nunca verba possível, mas quando houve a tragédia do incêndio no Museu
Nacional, logo surgiram verbas para reconstrução. O escândalo da proposta de
privatização dos museus, fere a etiqueta internacional e mostra que a população
abraça a causa dos museus e não dos governantes Neoliberais. Já os realistas
retrógrados não entendem que não importa o que Stephanie esteja fazendo, e com
quem. Isto é apenas verdade. Importa é o que foi dito durante anos e anos a
fio. Que o museu público é ruim, não serve, está caindo aos pedaços. O certo é
privatizar, como dizem. Sendo que tudo que foi privatizado no Brasil, apenas
serviu para a exploração de cada consórcio e não para os objetivos com a qual
foram lançados. Tem país, que até está estatizando tudo novamente. E museu não
é mercadoria e nunca deve ser tratado como mercadoria – Uma séria ameaça aos
lances do capital ilusionista.
A máxima sempre foi do que os que tem dinheiro definem a
etiqueta. Desta vez não. A poucos dias da eleição, estão desmontando tudo
quanto possível e tentando vender a preço de banana qualquer coisa. No tocante
dos museus, haverá resistência. Como o bom exemplo das ações do Museu de Arqueologia
de Itaipu, associado a vários órgãos de amparo ao público, comunidade,
artistas, cientistas, professores e intelectuais, que sensibilizados, abraçaram
a causa. Abraçaram a resistência do Museu e estão comprometidos com mais ações
no futuro.
A ocupação teve como desdobramento:
Buscar formas de acionar a justiça contra a MP850; Enviar
aos deputados as cartas dos servidores, notas de repúdio contra o retrocesso
que representa; Criar um núcleo de apoio ao MAI pra organizar as ações de
protesto; Elaboração de um texto único de todas as iniciativas sociais da
região oceânica em apoio aos museus federais e contra a MP, incluindo nesse
texto as iniciativas, ações e realizações que o MAI promove junto à comunidade
do seu entorno, o Programa de Educação Socioambiental, o Inventário
Participativo de Histórias de vida, as parcerias diversas, entre outras;
Solicitar aos vereadores de Niterói a elaboração de uma nota de repúdio à MP;
Tornar público por meio de placares qual o posicionamento de deputados e vereadores
quanto ao conteúdo da MP850.
Para aqueles que estão vendendo tudo e querem definir a
etiqueta, assim como na anedota, não existe pecado maior que o levantar de voz.
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