Somente eu posso dar esse testemunho com exatidão. Eu estava
lá! Era o começo dos anos 80, e tinha uma banda de colégio chamada Thebanda. Eu
era o vocalista da banda de new wave, com cabelos estilo Mullets. Lembro dos
primeiros acordes do novo rock Brasil com precisão, com absolutamente todos os
detalhes. Nesse quesito sou um verdadeiro cinema verdade. Quem me levou para
ver uma apresentação da Gang 90, no Circo Voador, ainda na praia do Arpoador,
foi o próprio Júlio Barroso. Afinal, parente faz anúncio com parente. Lembro de
suas palavras carinhosas:
- Meu! Você tem que ir, cacete!
Ele ainda estava testando suas backing vocals, e compondo
suas músicas para a apresentação. Quem me colocou para dentro, pois estava duro
foi o Perfeito Fortuna ou prefeito Fortunati...um dos dois. Lá estava ele.
Ainda deu para ver que estavam presentes, algumas figuras.
Hamilton Vaz Pereira, Luiz Fernando Guimarães o Geraldo Casé
que estava levando sua filha Regina Casé. Aliás, ela ainda estava usando o
uniforme de escola nesse dia. Herbet Vianna, Paula Toller, Rodrigo Santos, Tim
Maia...não, o Tim com certeza não foi. Se foi, estava dando uma de síndico no
Circo.
Foi um show histórico, tinha uma galera nova e das antigas
também. Tinha os irmãos Renato e Rene Russo, Dolores e Duran Duran e Baden
Powell. Evandro Mesquita estava lá também. Ele estava formando na época, uma
banda nos moldes do B52.
Era tudo muito informal. As pessoas
saiam da praia direto ver algum espetáculo alternativo no Circo Voador. Então,
você via gente chegando do trabalho de gravata e pasta, assim como o jovem de
sunga e óculos da Company. Eu fui com meu velho violão Gianini e tentei me
integrar com o povo. De saída, fui tocando músicas do Saara Saara e Major Tom,
alter ego do David Bowie. Inventei uma batida mais moderna que colava com esse
ritmo muito louco. E vendo que o pessoal da banda A cor do som estava próximo,
de improviso, compus “Você não soube falar”…Desce dois desce mais, Amor pede uma
porção de carne seca e macaxeira? Okay você venceu carne seca e macaxeira!
Ai blá blá blá blá blá blá blá blá blá Ti ti ti ti ti ti ti ti ti ...
Depois plagiaram e modificaram a
letra. Mas posso afirmar que tudo começou ali, naquela apresentação da Gang 90
e as absurdettes. O pessoal cheirava loló, que não era minha praia. Eu gostava
de grapette na época, mas já rolava muita cerveja no copo de plástico, assim
como Whisky clandestino de mão em mão. Ali, vi pela primeira vez, Billy Blanco
e Billy Black ficarem bêbados. Famoso Black and White. Ou será que eu estava?
Naquela noite também, depois de uma chuvarada, vi nascer a composição, os
primeiros acordes de Alagados, do Paralamas do Sucesso.
“Alagados,
Francisco Bering, perto do Posto 7, A esperança não vem do mar, Nem das antenas de tevê”, depois, Herbert amadureceu a
letra e lançou mais tarde a letra que conhecemos até hoje.
Foi uma
noite e tanto. Acabou apenas de madrugada, e como não tinha o famoso prato de
língua de boi, do Nova Capela de hoje, fui caçar um joelho com cebola e um suco
de morango ao leite em algum pé sujo próximo. Dava para ver a alegria na tez de
cada um que estava lá naquela noite.
Sei que
existem outras histórias sobre o começo do Rock Brasil dos anos 80. Mas eu
posso comprovar, pois estava lá! Ou será que eu sonhei ou estava bêbado?
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