Marx já tinha falado: “A condição essencial da existência e
da supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos dos
particulares, a formação e o crescimento do capital; a condição de existência
do capital é o trabalho assalariado. ” Essa é a cara da elite brasileira que
não surgiu com o capitalismo. Surgiu na formação do Brasil. Uma grande parte da
população quer enriquecer e acima de tudo, colocar o outro aos seus pés. Esse
desejo, segundo Freud (1929/1930-1976), os homens não são criaturas gentis e
amáveis, e sim dotados de uma poderosa cota de agressividade. Disso resultam as
mais diversas maneiras de exploração entre os seres humanos, das quais
destacamos a da capacidade de trabalho e, também, a pura humilhação. Esses
fatos fazem o autor considerar o dito de Plauto “homo homini lupus” (FREUD,
1929/1930-1976, p. 133).
O desembargador é o retrato de uma classe de intocáveis. Herança
daquela noção do colonialista, do dono de grandes terras, que além de dinheiro,
tinha filhos na área médica, na justiça, cuidando da fazenda, religioso,
mandava na cidade, tinha escravos e se achava Deus que tudo pode. Essa noção se
perpetua até hoje. Quando o governo anterior resolveu humanizar e dar direitos
as empregadas domésticas, foi a gota d’água para a classe dominante. Você pode
dar um país no eixo, mas não pode mexer nos direitos sociais. O direito
adquirido de humilhar o próximo com sua riqueza, parece um direito da
burguesia. Esse ninguém toca.
Está na Lei. “Art.
268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução
ou propagação de doença contagiosa: Pena - detenção, de um mês a um ano, e
multa. ” A Lei é para todos. Não existe lei para a população, mas não para
Semideuses como deve se achar. Ele pode discordar, querer debater, mas não
querer ficar acima desta lei. Desembargador não é gênero. Não existe banheiro
masculino, feminino e desembargador. Ainda mais em um período de pandemia que
estamos em casa, devemos fazer o que a OMS pediu para que a doença não mate
mais inocentes. Além de querer ser um deus do olimpo, ele não se importa nem em
possivelmente morrer ou contagiar e matar o próximo. Essa é a cara daqueles que
pensam como o governo.
Como se não bastasse a atitude, tentou como justificativa de
sua conduta nefasta, dar uma carneirada, humilhou o servidor público e ainda
rasgou uma multa. Não sendo a primeira vez que sua atitude de soberba é
demonstrada publicamente. Qual será a resposta da justiça para essa conduta? A
resposta definirá o poço fundo em que vivemos ou não. E infelizmente não é um caso
isolado, vamos nos deparar muito com essa conduta por todo lugar. Até por gente
sem nenhuma qualificação, mas se diz amigo de alguém que pode dar um jeito. Na
hora do ataque, a pessoa improvisa de acordo com sua moral.
Depois, como acreditar em alguma justiça feita por alguém
desse porte? Como acreditar que agiu em uma sentença com equilíbrio? Como não
desconfiar que não esteja aliado aos seus amigos poderosos? Qualquer julgamento
com o deferimento deste cidadão de bem, será contestada. Existem profissões que
devem se abster de opiniões e até mostrarem sua capacidade de justiça social
com condutas no dia-a-dia. Por aqui, se
exalta políticos ingleses, sem regalias, que usam o transporte público ou
sistema de saúde pública. Mas lá! Aqui, não! O político ou aqueles que querer
se tornar de uma forma ou de outra nababescos, querem limusines dirigidas por
algum servidor, querem sistema de saúde apenas para eles, entre outras
situações que o possam ligar aos antigos coronéis do campo.
O juiz se justifica falando que está fora do contexto o
vídeo, que já passou inteiro desde a abordagem. Queremos ver o final dessa
história, que vai mostrar o grau de justiça que vai acontecer em um mundo que
não mais tolera injustiças.
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