Um chocolate por seus pensamentos. O que se passa na mente
de quem quer tirar os direitos dos professores, coloca-los dentro de sala de
aula até não aguentarem mais, tirar as verbas de pesquisa, acabar com as verbas
das universidades e priorizar as universidades particulares? Verdadeiramente me
pergunto. Quem passa por uma Universidade pública, não teria um pensamento
desse, aliás pelo contrário, colocaria mais e mais verba. Ele tem orgulho de
ter passado. Ele tem orgulho de ter passado no vestibular e de ter cursado uma
universidade pública. Essa raiva, eu suponho, é provavelmente de quem não
passou, não conviveu e teve que disputar vaga com quem cursou uma universidade
pública.
Um chocolate por seus pensamentos. Gosto muito de citar
Foucault, que dizia que existem duas classes: a dos seres viventes e dos
dispositivos (regras). As questões terminológicas são importantes na filosofia.
Platão, por exemplo, nunca definiu o termo ideia. A regra tem função
estratégica e se insere numa relação de poder. Os seres viventes e as regras
podem ser opostos, correspondendo a dialética entre liberdade e coerção. Nesse
sentido, a base de um pensamento de desmonte e militarismo nas universidades,
tirando sociologia e filosofia dos currículos básicos, assim como tirar
investimentos nos primeiros anos do ensino básico, também podem ser
ideológicos, do tipo: “Não gosto de pensar e não quero que ninguém pense. Ou
então, se pensarem: “são perigosos. ”
Um chocolate por seus pensamentos. O ministro da educação
tentou explicar que estava correto e que o corte não era grade. Explicou usando
chocolates. Foi um momento constrangedor. Primeiro por que erra sempre as
contas e chamou o grande escritor Kafka de kafta. Malba Tahan escreveu o livro chamado:
O homem que calculava. No caso dele: O homem que não calculava. O próprio MEC e
todos os reitores reiteraram que o corte foi de 30%, ainda divulgando os
montantes de cada universidade na internet. Está lá para você checar. Não
lembro de precedentes na história do Brasil. O único que lembro, foi o plano
Bresser, na era FHC, que ele explicou os planos econômicos, em que nas
entrelinhas tínhamos a bala como troco oficializado pelos comerciantes. Mas nem
chega de longe ao ministro, que insistiu no erro, postando explicação numa
lousa, pela internet. Um ministro da educação, formado em economia em
Universidade particular, pode errar tanto em matemática? Talvez esteja pensando
que possa corroborar sua ideia errando a conta de propósito para enganar
aqueles incautos que também não sabem matemática... você tem 100 chocolates.
Quer dar para seu amiguinho 30%. Com quantos chocolates você vai ficar?
Um chocolate por seus pensamentos. Não perceberam o erro
primário nem entenderam o conceito de contingenciamento: o presidente tratou
logo comer o chocolate contingenciado. Será que fez mal para o presidente comer
aquele chocolate vermelho da discórdia? Os milhões de olhos naquela balbúrdia naquele
alimento feito com base na amêndoa fermentada e torrada do cacau? Normalmente
você pode controlar alguns barulhos do seu corpo, como espirro e arroto, mesmo
custando algum tipo de suplício, mas um barulho vindo de seu estômago não há
nada que possa ser controlado. Não dá para reprimir como o presidente gostaria
que tudo pudesse ser reprimido. Se houve algum problema logo após a entrevista
coletiva não saberemos, pois ele deve ter falado algo como:
- Foi a minha sim, talkei? – Mas o mais provável tenha sido:
- Acho que vai chover hoje! – Olhando pela janela e fazendo
um ar preocupado.
Hoje, no dia 13 maio, dia dos pretos velhos, faça uma oração
e peça que tire os encostos do MEC e que o próximo ministro, saiba ler,
escrever e fazer conta. Adorei as almas.
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