Sempre que se fala em educação, penso em Darcy Ribeiro: “ A
crise da educação não é uma crise, é um projeto”. Sempre. Sabemos que cultura e
educação, são os últimos da lista a ter algum favorecimento de orçamento
governamental. Geralmente, tira-se sempre de muito pouco. Em alguns casos,
temos boa intenção e dribles que geram um ganho educacional, que logo após a
uma vitória ou golpe da oposição, tem seu crescimento interrompido que gera no
final, um atraso sem precedentes de uma geração. A educação incomoda por ser crítica. Incomoda
por que faz pensar. Incomoda por que faz o país crescer. E a quem não interessa
isso? Aqueles que preferem ter a população como nos tempos dos coronéis ou até pior,
aqueles escravagistas.
Um resumo da educação, podemos ver pontos do que estou
falando. Na colonização do Brasil, a Catequese, foi usada pelos jesuítas da
companhia de jesus, para tentar escravizar os índios e força-los a trabalhar
para os portugueses. Um panorama que não muda muito em 300 anos. Durante muito
tempo, foram usados escravos (que não tinham direito a educação) e os brancos e
nativos, exceto as mulheres e os filhos primogênitos, já que estes últimos
cuidariam dos negócios do pai, estudavam nos colégios religiosos ou iam para a
Europa. Nas escolas religiosas, eram submetidos a disciplina e correção através
da força. A colônia Brasileira era uma sociedade latifundiária, escravocrata e
aristocrática, sustentada por uma economia agrícola, que não precisava de
pessoas letradas e nem de muitos para governar, mas sim de uma massa iletrada e
submissa. Os colégios jesuítas negavam as matrículas de mestiços, mas tiveram
que ceder vendo os subsídios que "escolas públicas" recebiam. Com a
presença de D. João VI no Brasil, tem mudanças no quadro educacional da época,
com a criação do ensino superior não-teológico. A população em geral continuou
sem acesso ao ensino. Somente no Século XIX, começamos a ter incentivo
governamental de ensino para todos. E daí podemos citar A Reforma de Benjamin
Constant, a Reforma Rivadávia, a reforma de Lourenço Filho; no Ceará, o
conflito de idéias na era Vargas (Esse vale a leitura de Ideologia e Educação
Brasileira: Católicos x liberais” - CURY, 1986), Criação do SENAI, Reforma
Capanema, Paulo Freire, Cieps do Darcy Ribeiro e os projetos de políticas
públicas da era Lula. Nesse momento, o desmonte da educação.
E tenho que dizer: Foi lindo a manifestação em todo Brasil a
favor da educação. Mais do que uma política de destruição de acesso das camadas
mais pobres as universidades (que proporam ir ao ensino profissionalizante), é
a paralização de todas as camadas do ensino. Desde a infantil até a
universidade. É um desmonte sem proporções vista na história. E esses poucos
meses terá reflexos de uma geração. É nítida uma gerencia ineficaz que está se
preocupando apenas no primeiro momento em privilegiar o ensino particular,
acabar com o pensamento crítico, acabar com a universidade pública e aumentar a
incapacidade científica brasileira, tudo explicando e justificando com
chocolates.
E ainda tem gente defendendo o Ministro da Educação e até
dizendo que foram apenas 3%...o tio vai tentar explicar o contingenciamento do
MEC sem chocolates. É 3% ou 30%? O excesso de simplificação do ministro esconde
alguns fatos. Pegando dados do orçamento 2019 na LOA 2019, na MÉDIA, 65% dos
gastos com educação superior é para pessoal (ativa e aposentados). 21% é
custeio e não é obrigatório. Água, luz, material, segurança, bolsas, almoço,
auxílios a estudantes). Sobra míseros 5% para investimento (reformas,
laboratórios, renovação de equipamentos velhos, entre outros). Então o
discricionário é fundamental para uma educação de excelência. Pois afeta o
mínimo necessário para funcionamento das Universidades, IFs e das pesquisas.
A história de coronéis tendo uma massa sem pensar, foi
retirada do túmulo da história e é novamente revivida com ênfase alinhada, em
alguns casos, desde o governo federal até o municipal. Dia 30 tem mais, agora
com adesão a uma massa maior de descontentes que apoiavam o governo. O ministro
tem que rever seus desmontes e ainda pedir desculpas. Pode ser em um
bilhetinho. Saberemos que será verdade...
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