Quando foi que nos tornamos um país pró idade média? Com feudalismo e práticas de acentuação das classes sociais, a igreja dominando o pensamento popular para legitimar ideologias messiânicas, pseudocientíficas, reacionárias e extremistas de natureza política, étnica, religiosa, social e cultural. Esse período de quarentena, deveria ser um tempo de reflexão sobre atitudes pessoais e com o próximo. Deveria ser um momento, em que poderíamos pensar que a tecnologia avançou a tal ponto que estamos unindo as nações em prol de um bem comum. Todos estamos envolvidos em criar uma vacina eficaz, sob o ponto de vista científico, que realmente nos livre dessa doença altamente contagiosa e letal. E será um exemplo, pois novas cepas podem acontecer em algum tempo.
A vacinação é realmente uma esperança de um mundo melhor.
Nunca foi importante a sua nacionalidade e sim se o laboratório que fabrica é
confiável, se os resultados estão dentro do padrão da OMS, se tem comprovação
da comunidade científica pelo mundo. A onda que politiza a vacina é
completamente torpe e sensacionalista. Muitos dos que se voltam contra a vacina
chinesa, usam produtos que vem da China. Até a vacina da gripe, que tomam todo
ano, vem da China. Politizar a vacina, diz mais sobre quem o faz do que sobre o
tema em si. E no futuro, irão ler sobre como o Brasil foi o país do atraso e
que a revolta da vacina aconteceu décadas depois, no governo Bolsonaro. Devemos
pensar que é por meio do resgate do passado que se dá o presente, e a conexão
dessas duas épocas que o nosso presente se reorganiza. Mas com o negacionismo,
isso não é possível.
Um filósofo que gosto bastante é o Walter Benjamin. Para
Benjamin, devemos impedir que haja esquecimento do passado, para evitar a
barbárie ou a perda da memória. Sua visão parte de um princípio do resgate da
memória e a reconstrução de experiências significativas do passado. Diz ele:
“Pois qual o valor de todo o nosso patrimônio cultural, se a experiência não
mais o vincula a nós? A horrível mixórdia de estilos e concepções do mundo do
século passado mostrou-nos com tanta clareza aonde esses valores culturais
podem nos conduzir, quando a experiência nos é subtraída, hipócrita ou
sorrateiramente, que é hoje em dia uma prova de honradez confessar nossa
pobreza. Sim, é preferível confessar que essa pobreza de experiência não é mais
privada, mas de toda a humanidade. Surge assim, uma nova barbárie”.
O negacionismo que leva Brasil e Estados Unidos ao topo dos
infectados e mortos, se trata de genocídio. E não bancar a vacina mais
promissora neste momento é impedir um valor essencial a saúde da população. Deu
novamente a atribuição ao Estados, que são os responsáveis por conter a
pandemia em cada local e mais uma vez, será responsabilidade deles imunizar a população.
Até porque, em breve, para entrar em algum espaço público ou provado, deverá
ser mostrado um selo ou comprovação de vacinação. Evidentemente, que o grupo
bolsonarista, não vai querer ser vacinado e, por tanto, concordo com um colega,
que sou favorável a vacinação surpresa de todos, via zarabatana ou quem sabe, convocar
Papai Noel para promover vacinação em shopping centers.
Falando em Walter Benjamin, li uma história certa vez, não
me lembro aonde, que ele falou em um de seus livros, que é assim. Um grupo de
judeus está numa taberna, bebendo e se divertindo. Todos conhecidos, menos um
cara triste sentado num canto, com camisa fina sentindo muito frio. Em certo
momento, alguém pergunta o que faria se recebesse um desejo mágico. Uma fala
que queria muito dinheiro, o outro um genro rico, outro quer posses para seus
negócios e no final, o homem com frio se manifesta. Ele queria ser um rei
poderoso de um grande país, que fosse invadido por um país inimigo. O reino
seria aniquilado e que seria obrigado a deixar o castelo para salvar a vida,
sem levar nada, somente um casaco, que pegaria na corrida antes de pular da
janela. Que errasse o caminho até chegar na taberna, onde entraria e sentaria
naquele canto. Todos se entreolham e se perguntam para que esse desejo
estúpido?
- Eu agora teria um casaco. – Responde o desconhecido.
Afinal, quando os negacionistas da ciência se darão conta
que sentirão falta de seus casacos?
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