Como explicar para um Espanhol, que está enfrentando a segunda onda da COVID, atacando agora os mais jovens, que o Brasil decretou o fim da doença? Fim de semana com praias lotadas, aglomeração sem máscara no Leblon e aquele cidadão de bem querendo burlar as leis de fechamento de bares às 10 da noite. E como as pessoas responsáveis, que estão cumprindo à risca as restrições contra a pandemia estão lidando com tudo isso? A luta por reabrir estádios, abrir templos e no meio da doença, fechar hospitais de campanha, especializados para tratamento da COVID. Somos um povo a ser estudado mesmo.
A doença ainda não acabou e temos que viver lutando para ver
se abre estádios e escolas. A doença que continua dizimando está a solta, com
uma perspectiva longínqua de uma vacina, que por enquanto, não será preventiva.
E mesmo quando ela chegar, a turma dos que não acreditam na vacina, continuarão
o ciclo dela. Todo esse comportamento irracional, sem acreditar na ciência, nós
sempre convivemos na sociedade, sendo que dentro de ciclos. Temos um período de
racionalidade e outro período de irracionalidade, onde políticos como Trump e
Bolsonaro se sobressaem. Hoje, vivemos em um mundo de desinformação
contemporânea, que seria um paradoxo no tempo da internet.
No livro: “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”,
escrita pelo espírito Humberto de Campos, psicografada pelo médium Chico
Xavier, fala da amargura de Jesus ao observar que ainda não entendiam suas
palavras sobre o amor entre os homens. Foi quando o espírito Helil, dirigiu-se
a Jesus e disse: “Senhor, se esses povos infelizes, que procuram na
grandeza material uma felicidade impossível, marcham irremediavelmente
para os grandes infortúnios coletivos, visitemos os continentes
ignorados, onde espíritos jovens e simples aguardam a semente de
uma vida nova, nessas terras podereis instalar o pensamento cristão
dentro da doutrina do amor e da liberdade”. Mas para essa grande missão,
Jesus pediu para que fossem encarnados espíritos que precisavam muito se
redimir e consolidar a ideia de construção de um local que será o ponto de
crescimento do amor no mundo. Ele pediu, que viessem ao Brasil todos os párias,
estupradores, assassinos, criminosos de toda sorte para aqui haver essa
transformação.
Tanto espiritualmente quanto fisicamente, o Brasil foi sendo
colonizado por bandidos que Portugal exilava no Brasil, tentando se livrar
desses párias. E temos, no amago, gerações que foram educados com preconceitos
de toda ordem, conservadorismo, desigualdade social, uma elite que se acha Deus
e classes querendo ascender socialmente que querem e almejam fazer o mesmo. Isso
explica parte de um DNA primitivo nas entranhas do nosso povo, que já foi
considerado o mais hospitaleiro, amável e feliz do mundo. Onde desandou tudo
isso? Decretar o fim de uma doença e ir à praia 14 dias atrás, fez com que a
curva móvel de mortes e infectados aumentasse absurdamente no Rio de Janeiro,
que estava com a doença estabilizada em várias semanas.
Sete semanas é um tempo absurdamente grande. Não estávamos
acostumados a privação do mundo moderno desta forma. Pequenos gestos poderiam
ajudar ao bem-estar mental de cada cidadão, com ir à praia bem cedo e sair
cedo, procurar balneários mais afastados e pouco aglomerados, usar máscaras. Mesmo
com governantes que se mostram contrários ao uso mais básico das recomendações
da OMS, aqueles que incentivam o uso de medicamentos não recomendados ou que
insistem em privilegiar o capital, acima das vidas humanas, teoricamente, uns
se sentem fora da tormenta. E como nós somos responsáveis pelas nossas
escolhas, é triste ver essas escolhas feitas com ódio são cada vez mais brutais
e mesquinhas. E enquanto tivermos esse sentimento norteando as ações desde
governamentais até uma simples exibição de nudez, sem máscara em um
conversível, estaremos fadados ao fracasso na luta ao vírus.
No século XVIII, o cientista alemão, Alexander von
Humbold, ao visitar o Brasil, afirmou: “Aqui está o celeiro do mundo!
”. Se você pudesse voltar no tempo e conversar consigo mesmo, no início da
pandemia, quais conselhos se daria?
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