quinta-feira, 29 de outubro de 2020
42º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog
ASHBA - Let's Dance ft. James Michael
Vem vacinação, sua linda!
Quando foi que nos tornamos um país pró idade média? Com feudalismo e práticas de acentuação das classes sociais, a igreja dominando o pensamento popular para legitimar ideologias messiânicas, pseudocientíficas, reacionárias e extremistas de natureza política, étnica, religiosa, social e cultural. Esse período de quarentena, deveria ser um tempo de reflexão sobre atitudes pessoais e com o próximo. Deveria ser um momento, em que poderíamos pensar que a tecnologia avançou a tal ponto que estamos unindo as nações em prol de um bem comum. Todos estamos envolvidos em criar uma vacina eficaz, sob o ponto de vista científico, que realmente nos livre dessa doença altamente contagiosa e letal. E será um exemplo, pois novas cepas podem acontecer em algum tempo.
A vacinação é realmente uma esperança de um mundo melhor.
Nunca foi importante a sua nacionalidade e sim se o laboratório que fabrica é
confiável, se os resultados estão dentro do padrão da OMS, se tem comprovação
da comunidade científica pelo mundo. A onda que politiza a vacina é
completamente torpe e sensacionalista. Muitos dos que se voltam contra a vacina
chinesa, usam produtos que vem da China. Até a vacina da gripe, que tomam todo
ano, vem da China. Politizar a vacina, diz mais sobre quem o faz do que sobre o
tema em si. E no futuro, irão ler sobre como o Brasil foi o país do atraso e
que a revolta da vacina aconteceu décadas depois, no governo Bolsonaro. Devemos
pensar que é por meio do resgate do passado que se dá o presente, e a conexão
dessas duas épocas que o nosso presente se reorganiza. Mas com o negacionismo,
isso não é possível.
Um filósofo que gosto bastante é o Walter Benjamin. Para
Benjamin, devemos impedir que haja esquecimento do passado, para evitar a
barbárie ou a perda da memória. Sua visão parte de um princípio do resgate da
memória e a reconstrução de experiências significativas do passado. Diz ele:
“Pois qual o valor de todo o nosso patrimônio cultural, se a experiência não
mais o vincula a nós? A horrível mixórdia de estilos e concepções do mundo do
século passado mostrou-nos com tanta clareza aonde esses valores culturais
podem nos conduzir, quando a experiência nos é subtraída, hipócrita ou
sorrateiramente, que é hoje em dia uma prova de honradez confessar nossa
pobreza. Sim, é preferível confessar que essa pobreza de experiência não é mais
privada, mas de toda a humanidade. Surge assim, uma nova barbárie”.
O negacionismo que leva Brasil e Estados Unidos ao topo dos
infectados e mortos, se trata de genocídio. E não bancar a vacina mais
promissora neste momento é impedir um valor essencial a saúde da população. Deu
novamente a atribuição ao Estados, que são os responsáveis por conter a
pandemia em cada local e mais uma vez, será responsabilidade deles imunizar a população.
Até porque, em breve, para entrar em algum espaço público ou provado, deverá
ser mostrado um selo ou comprovação de vacinação. Evidentemente, que o grupo
bolsonarista, não vai querer ser vacinado e, por tanto, concordo com um colega,
que sou favorável a vacinação surpresa de todos, via zarabatana ou quem sabe, convocar
Papai Noel para promover vacinação em shopping centers.
Falando em Walter Benjamin, li uma história certa vez, não
me lembro aonde, que ele falou em um de seus livros, que é assim. Um grupo de
judeus está numa taberna, bebendo e se divertindo. Todos conhecidos, menos um
cara triste sentado num canto, com camisa fina sentindo muito frio. Em certo
momento, alguém pergunta o que faria se recebesse um desejo mágico. Uma fala
que queria muito dinheiro, o outro um genro rico, outro quer posses para seus
negócios e no final, o homem com frio se manifesta. Ele queria ser um rei
poderoso de um grande país, que fosse invadido por um país inimigo. O reino
seria aniquilado e que seria obrigado a deixar o castelo para salvar a vida,
sem levar nada, somente um casaco, que pegaria na corrida antes de pular da
janela. Que errasse o caminho até chegar na taberna, onde entraria e sentaria
naquele canto. Todos se entreolham e se perguntam para que esse desejo
estúpido?
- Eu agora teria um casaco. – Responde o desconhecido.
Afinal, quando os negacionistas da ciência se darão conta
que sentirão falta de seus casacos?
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Cadê a voadora em Chico Rodrigues?
Presidente, cadê a voadora em Chico Rodrigues? Aliás cadê a voadora na esposa? Cadê a voadora nos filhos? Cadê a voadora em seus amigos e vizinhos? Cadê a voadora? Todos já sabiam que os parâmetros do presidente são suspeitos. Ele pode falar que fez o que todos no seu governo fazem, que é escolher os dados que lhe convém. A vergonhosa situação em que Chico Rodrigues foi pego, é um retrato fiel do governo. "Quase uma união estável", disse Bolsonaro ao senador Chico Rodrigues, vice-líder do governo no Senado, que tem uma ficha imensa de problemas com a justiça por corrupção. O problema é que essa situação não é uma gota no oceano e sim modus operandi.
Sempre vão existir aqueles defensores que estarão de
prontidão. Justificando o injustificável. Dirão eles que o mito falou algo que
o senador não compreendeu, como: Chico, leva esse dinheiro no TCU. E eis que Chico
Rodrigues respondeu: Onde? Não foi culpa do presidente, a corrupção estar ao
seu redor 24hs por dia. Ele nunca faz nada para esses eleitores de plantão. E
digo e afirmo, é verdade. Ele não fez nada durante 25 anos como deputado
federal. Apenas algumas poucas leis beneficiando o exército.
Agora, com a virada de jogo com Biden na frente nos EUA e a
vitória acachapante de Arce nas urnas na Bolívia, dando vitória para o
candidato de Evo Morales. O golpe nos países latino americanos pela extrema
direita e chancelados pelos Estados Unidos, tem curta duração. E foi assim até
onde os americanos tentaram introduzir uma democracia nos países árabes que
saqueou. Não se sustenta a longo prazo. O problema é lapidar o que for possível
nesse curto espaço de tempo por todos os larápios envolvidos.
Chico Rodrigues, não só nos constrangeu com seu ato
explícito, como mostrou várias facetas do nível do nepotismo da família
Bolsonaro, quando o sobrinho do presidente é empregado como assessor do
senador. Léo índio, primo de Carlos Bolsonaro, tem um dos mais altos salários
do senado, sem justificativa para tal. Sem nos esquecermos de que fez a
campanha para colocar o outro filho, o Eduardo, como embaixador do Brasil nos
EUA à força. Como um homem tão próximo, não representa as aspirações do
mandatário maior? Mas a história é implacável.
A pergunta que não quer calar: O presidente não tinha
acabado com a Lava-Jato, porque não existia mais corrupção em seu governo? Diriam
que foi um caso isolado, um deslize. Quando você olha a situação do senador,
descobre que empresas ligadas a Chico Rodrigues tem R$ 2,3 mi em contratos com
governo Bolsonaro. Daí vemos argumentos frágeis na defesa do presidente. Muitos
governantes caíram por bem menos, por isso, devemos observar aqueles que estão
sustentando o presidente na cadeira mais importante do país. Certamente estão
ganhando com a pandemia, ganhando com a dilapidação do país e tirando todo
dinheiro de caixa possível. Se tínhamos um país que sempre teve sob domínio
americano e preso a uma dívida externa galopante e em outro momento, não só
saudamos essa dívida e aumentamos o caixa a ponto de emprestarmos dinheiro,
vamos voltar a condição de colônia?
Bolsonaro tenta tirar o corpo fora, tenta deslocar sua
imagem do senador, como um cão sarnento, mas o Diário Oficial da União não
deixa mentir. Ele foi escolhido vice-líder do governo pelo próprio Bolsonaro,
no início da sua gestão. Não foi o Senado. E esse modo de agira com seus
amigos, pode prejudicar o presidente mais à frente. Quantos ele colocou em
escanteio por simplesmente achar que pode atrapalhar sua imagem perante seu
eleitorado mais arraigado?
quinta-feira, 8 de outubro de 2020
O fiasco de Trump
Não acredito que já passamos por quatro anos de Trump no poder. Foi sofrido no mundo. A América Latina sofreu golpes em todo lugar, menos na Venezuela, pelo controle de seus bens; os direitos humanos tiveram uma baixa grande, levando a revoltas populares de igual proporção a época de Nixon, chargistas no mundo todo já fizeram dois grandes eventos chamados Trumpismo, contra o presidente americano. E mesmo assim, da mesma forma que o bolsonarismo por aqui, tem gente que ainda apoia. Claramente agressivo e um usuário contumaz de fakenews, o mandatário americano joga com tudo, não se importando com nada, apenas o resultado.
Depois de quatro meses falando que usava Cloroquina para se
prevenir contra a COVID, e fazendo o que dava na telha, sem respeitar os
mínimos padrões de segurança exigidos pela OMS, pegou a doença. Nem pensando
que fazia parte do grupo de risco, estava na idade, obeso, com vários problemas
crônicos, fez pensar que poderia ter a forma mais agressiva da doença. Como um
certo presidente latino, falava que só os fracos caiam, que acreditava mais em
fakenews do que a ciência. E a vida e o tempo ditam ao contrário. Mesmo havendo
censura nas informações oficias sobre seu estado de saúde, sabe-se que foi de
helicóptero ao hospital e que foi usado o que era mais avançado em termos de
drogas experimentais para curar o presidente, medicado com dexametasona, usado
em pacientes graves. Isto significa, meus amiguinhos, que a COVID não é uma
gripezinha.
Trump disse que “aprendeu bastante sobre a Covid-19”.
Precisava passar por isso? Isso mostra uma irresponsabilidade, tal qual nosso
presidente, sobre a questão de saúde pública. Afinal, se eu não acredito na
doença e em sua gravidade, como esperar que faça uma política de proteção a
população? Não faz sentido. Isso torna os dois, genocidas. Os dois países são
responsáveis pelos maiores números de infectados e mortos na pandemia, que
aliás, ainda não acabou. Sua postura pode mudar? Não dá para dizer. Talvez,
para mudar as eleições, possa fazer um grande plano para realmente conter a
disseminação no país, afinal, temos que levar em consideração o fato dele
querer se reeleger a qualquer custo, nem que se mostre fragilizado com a
doença.
Muitos são os apoiadores de Trump, mas sua rejeição é tão
alta quanto. E o povo americano, parece que cansou ou se desgastou com sua
imagem. Quatro anos de guerra contra a cultura, censuras, apoio a racistas,
insuflando o ódio, apoiando fakenews é um tempo muito grande, pois a população
nesse meio tempo viu o empobrecimento vertiginoso da sociedade e assistindo o
avanço da China como líder econômica, sem forças para alcançar esse título, se
tornando sua inimiga número 1 neste momento. Como se não bastasse, após debate
com Biden, Trump viu o democrata obter maior vantagem desde o início da
campanha. Aumenta também a reprovação da atuação do presidente na pandemia.
Assim como a facada no Bolsonaro, ele precisava de algo que comovesse a
população, mas o tiro foi pela culatra, afinal, a distância entre os dois
candidatos aumentou. O que também pode não dizer nada, pois entre Trump e
Clinton também foi o mesmo na reta final. Estamos de olho.
Disse que aprendeu, mas ao sair do hospital, Trump não se
emenda. Quem está infectado tem de ficar em quarentena para proteger os outros
e cuidar de sua recuperação. Mas preferiu encenar uma saída para acenar aos
seus apoiadores e colocar em risco todos a sua volta, equipe médica, que havia
dito que estava com estado delicado, mas dão alta para ele sair espalhando o
vírus e o Serviço Secreto, que agora terão que fazer quarentena por 14 dias. Queria
mostrar força, mas a verdade é que não aprendeu nada. Curioso é que os únicos
líderes mundiais que tiveram covid-19 foram Boris Johnson, Jair Bolsonaro,
Donald Trump e a presidente da Bolívia, Jeanine Áñez. Todos com as mesmas
intenções liberais, sem acreditar na ciência e se utilizar de fakenews para
suas intenções.
As perguntas ficam: Para a população Americana é cloroquina
e para Trump, dexametasona com um coquetel de proteínas aprovado pela OMS? Não
era para ele tomar desinfetante?
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
Apertem os cintos, o Corona está ainda ativo
Como explicar para um Espanhol, que está enfrentando a segunda onda da COVID, atacando agora os mais jovens, que o Brasil decretou o fim da doença? Fim de semana com praias lotadas, aglomeração sem máscara no Leblon e aquele cidadão de bem querendo burlar as leis de fechamento de bares às 10 da noite. E como as pessoas responsáveis, que estão cumprindo à risca as restrições contra a pandemia estão lidando com tudo isso? A luta por reabrir estádios, abrir templos e no meio da doença, fechar hospitais de campanha, especializados para tratamento da COVID. Somos um povo a ser estudado mesmo.
A doença ainda não acabou e temos que viver lutando para ver
se abre estádios e escolas. A doença que continua dizimando está a solta, com
uma perspectiva longínqua de uma vacina, que por enquanto, não será preventiva.
E mesmo quando ela chegar, a turma dos que não acreditam na vacina, continuarão
o ciclo dela. Todo esse comportamento irracional, sem acreditar na ciência, nós
sempre convivemos na sociedade, sendo que dentro de ciclos. Temos um período de
racionalidade e outro período de irracionalidade, onde políticos como Trump e
Bolsonaro se sobressaem. Hoje, vivemos em um mundo de desinformação
contemporânea, que seria um paradoxo no tempo da internet.
No livro: “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”,
escrita pelo espírito Humberto de Campos, psicografada pelo médium Chico
Xavier, fala da amargura de Jesus ao observar que ainda não entendiam suas
palavras sobre o amor entre os homens. Foi quando o espírito Helil, dirigiu-se
a Jesus e disse: “Senhor, se esses povos infelizes, que procuram na
grandeza material uma felicidade impossível, marcham irremediavelmente
para os grandes infortúnios coletivos, visitemos os continentes
ignorados, onde espíritos jovens e simples aguardam a semente de
uma vida nova, nessas terras podereis instalar o pensamento cristão
dentro da doutrina do amor e da liberdade”. Mas para essa grande missão,
Jesus pediu para que fossem encarnados espíritos que precisavam muito se
redimir e consolidar a ideia de construção de um local que será o ponto de
crescimento do amor no mundo. Ele pediu, que viessem ao Brasil todos os párias,
estupradores, assassinos, criminosos de toda sorte para aqui haver essa
transformação.
Tanto espiritualmente quanto fisicamente, o Brasil foi sendo
colonizado por bandidos que Portugal exilava no Brasil, tentando se livrar
desses párias. E temos, no amago, gerações que foram educados com preconceitos
de toda ordem, conservadorismo, desigualdade social, uma elite que se acha Deus
e classes querendo ascender socialmente que querem e almejam fazer o mesmo. Isso
explica parte de um DNA primitivo nas entranhas do nosso povo, que já foi
considerado o mais hospitaleiro, amável e feliz do mundo. Onde desandou tudo
isso? Decretar o fim de uma doença e ir à praia 14 dias atrás, fez com que a
curva móvel de mortes e infectados aumentasse absurdamente no Rio de Janeiro,
que estava com a doença estabilizada em várias semanas.
Sete semanas é um tempo absurdamente grande. Não estávamos
acostumados a privação do mundo moderno desta forma. Pequenos gestos poderiam
ajudar ao bem-estar mental de cada cidadão, com ir à praia bem cedo e sair
cedo, procurar balneários mais afastados e pouco aglomerados, usar máscaras. Mesmo
com governantes que se mostram contrários ao uso mais básico das recomendações
da OMS, aqueles que incentivam o uso de medicamentos não recomendados ou que
insistem em privilegiar o capital, acima das vidas humanas, teoricamente, uns
se sentem fora da tormenta. E como nós somos responsáveis pelas nossas
escolhas, é triste ver essas escolhas feitas com ódio são cada vez mais brutais
e mesquinhas. E enquanto tivermos esse sentimento norteando as ações desde
governamentais até uma simples exibição de nudez, sem máscara em um
conversível, estaremos fadados ao fracasso na luta ao vírus.
No século XVIII, o cientista alemão, Alexander von
Humbold, ao visitar o Brasil, afirmou: “Aqui está o celeiro do mundo!
”. Se você pudesse voltar no tempo e conversar consigo mesmo, no início da
pandemia, quais conselhos se daria?