Tá tudo errado. Só pode ter havido engano no roteiro. Como
podemos ter neofascistas ostentando com orgulho que são racistas e pregam a
violência contra as instituições? Sabemos que nosso país concentrou os maiores
admiradores do nazismo, fora da Alemanha, mas a população foi mais grandiosa,
levando essa adoração, para o fundo do poço. Agora, temos um presidente que
flerta constantemente com o fascismo, dando demonstrações de suas preferencias,
como homenagear os maiores torturadores, adorar o golpe militar de 64 e dar
manifestações simbólicas dessa adoração. A última demonstração, de tomar leite
em sua live, foi a gota d’água, quero dizer, a gota do leite!
“Não entendo? Ele apenas estava tomando um copinho de
leite”. Um copinho de leite nazifascista para chamar de seu. Se Hitler visse isso,
mandava para Auschwitz. O presidente se utiliza de sua única capacidade. Se não
pode usar argumentos, pensamentos ou cognição, se utiliza do que sempre fez na
sua vida: Estratégia. Todo simbolismo é para afirmar que é neofascista, sem
precisar dizer abertamente, pois já testou de diversas formas, desde a eleição,
até agora. Até andar a cavalo, remetendo a Mussolini e seus ídolos do regime
militar. Podemos lembrar desse ato simbólico nazista, quando em "Bastardos
Inglórios" de Tarantino, o oficial nazista Landa bebe
leite antes de ordenar o massacre da família de judeus escondida sob o
piso da casa do camponês francês. No filme de Stanley Kubrick, "Laranja
Mecânica", Alex bebe um copo de leite com os "drugues" no Kolova
Milkbar. Nunca fiz amigos bebendo leite.
Logo depois, em mensagem aos ministros do STF, Celso de
Mello alerta sobre as ameaças golpistas de Bolsonaro. Bolsonaro quer o confronto.
Deseja o confronto. Seria a maneira mais escamoteada de poder decretar um
estado de emergência, justificando um golpe ou estado de exceção. Neste final
de semana, os ânimos ficaram exaltados, por conta da ineficiência do Estado em
responder a altura sobre os mais vaiados crimes de Bolsonaro. Vários grupos
foram as ruas para clamar por democracia, dispostos a ir à luta. O Ovo da
serpente já eclodiu. Será que estamos vendo o nascimento de um protonazismo,
como a república estabelecida na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial que
durou até ao início do regime nazista em 1933?
O fascismo deve ser combatido. No liberalismo, temos até
como ter discussão. No fascismo, não. O presidente despreza a liberdade e
odeiam a democracia. Já está querendo enquadrar a luta antifascista como
terrorista. Permite que um grupo encenasse uma marcha com todo simbolismo da
KKK americana, protege seus apoiadores nas ruas, ri quando um deputado de
extrema-direita diga que vai arrancar bandeiras pró-democracia e queimar e manda
a polícia armada contra manifestantes sem armas. Antifascismo virou terrorismo
e neonazismo virou liberdade de expressão.
Do outro lado, temos um grande levante antirracista, como
não se via a tempos. A indignação, levou ao ódio nas ruas, colocando Trump no
meio do furacão, com as mesmas atitudes bolsonaristas. A história racial nos
EUA é muito violenta e segregacionista. Desde meados do século passado, a
questão racial nos Estados Unidos, era constantemente veiculada pela nossa
imprensa nacional, tecendo uma representação social composta de discriminação,
violência, miséria, criminalidade. Em 1930, Garcia de Rezende escrevia no
jornal Diário da Manhã: “A luta contra os negros é um dos mais dramáticos
aspectos da vida norte-americana. Tio Sam quer que o seu país seja o líder da
raça branca. Por isso os dez milhões de negros existentes nos Estados Unidos
carecem de ser destroçados” (Rezende, 1930, p.1). Essa realidade, culminou nos
EUA com grandes levantes antirraciais, como em 1968 depois da morte de Matin Luther
King, A várias mortes por parte de policiais brancos que culminou e uma semana
de protestos violentos em 2015 e agora o levante que os EUA experimentam, com o
assassinato de George Floyd, um levante violento jamais experimentado, criando
o movimento Black Lives Matter.
Neonazistas e democracia. De que lado você está?
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