“Introduza um pouco de anarquia. Perturbe a ordem vigente e
então tudo se torna um caos. Eu sou um agente do caos. E sabe, a chave do caos
é o medo! ” Essa frase poderia ter sido muito bem atribuída ao nosso presidente
na manifestação criminosa de domingo, que está tentando manter como rotina para
angariar apoio popular, já que a queda vertiginosa de popularidade está batendo
perto dos míseros 20%. Mas não. Essa é a frase do coringa, no filme Cavaleiro
das trevas. Mas não estamos vivendo o seu mandato inteiro no caos e no medo?
Apenas, antes, havia o apoio dos bolsomínions em peso. Era uma turba imensa de
cães raivosos andando nas ruas. Hoje, apesar da última manifestação ser citada
no jornal como tendo adesão de milhares na porta do palácio, não devia nem ter
quinhentas pessoas.
Como sempre, nessas manifestações de apoio ao presidente,
que são infladas pelo próprio, são um total festival de horrores. Fez
aglomeração, expôs a filha e manifestantes ao COVID19, incitou um golpe contra
as instituições, fez apologia ao AI-5, deixou que agredissem os repórteres
cobrindo o fato e no final estendeu uma bandeira do Brasil na rampa do
Planalto. Segundo a lei N. 5.700, aprovada na ditadura, esse ato é considerado
um desrespeito à Bandeira Nacional, logo, proibido. Até para ser patriota ele
comete um crime. O que mais falta para ser excomungado do cargo? Sim, porque
impeachment não resolveria, mas talvez um pai de santo tentando tirar esse
encosto do palácio do planalto, seria o ideal.
Na carreata se via o cartaz: "Chega de ditadura!
Queremos o AI-5!" Talvez emocionado com a frase que tanto inspira ou por
simples reação infantil a popularidade do Moro, que conseguiu esvaziar um pouco
mais seu apoio na população, o presidente citou que estaria no seu limite. Essa
semana, ele, com o apoio das forças armadas, poderia dar uma resposta. Ninguém
entendeu qual seria a resposta ou seu tom de ameaça. De qualquer forma, todas
as entidades e personalidades políticas, emitiram nota de repúdio a fala
ameaçadora. O general Paulo Chagas já mandou avisar que não existe nenhuma
intenção de golpe militar em curso, então resta a saída de colocar Paulo Guedes
para falar em privatização para a imprensa esquecer os ataques à democracia na
mesma hora. É o mercado, sempre o mercado no final das contas.
Depois de mais de oito horas do encontro de Moro para
entregar as provas de crimes do presidente, entregando 15 meses de conversas
sujas de Jair Bolsonaro, o presidente ameaça soltar vídeo contra Sérgio Moro. É
evidente que o ex-ministro, que também praticou ilegalidades, como sempre,
gravando escutas e conversas particulares, divulgou esse material digital como
sendo as provas. Se a imprensa tiver o acesso e divulgar, pode ser a facada
final, a que Adélio não praticou, em Bolsonaro. As mensagens que vazaram de
Moro usando escutas e manipulando para ter favorecimentos políticos a favor da
vitória de Bolsonaro, não emocionaram nem Bolsonaristas, nem Morolovers. Quem
sabe esse vazamento, nessa semana, seja algo que deixe o presidente acuado?
Essa semana pode ser o capítulo decisivo para termos acesso
as cenas dos próximos capítulos. Tudo por ciúmes, tentativa de desarticular
Moro e sua rede de informações, além do seu desejo por Estado de exceção no
Brasil. Ramagem na Polícia Federal seria dar mais munição a esse estado de caos
que o presidente quer continuamente instalar. Haveria perseguições políticas,
espionagem, mortes, apenas para proteger Bolsonaro e sua prole, já que as
investigações estavam chegando muito perto de cada um deles. Nesse momento, não
existe um país. Existe um governante desacreditado, vil e inescrupuloso que
está apenas tentando se manter no poder, enquanto temos milhares de mortos pela
COVID19 que ainda estão por vir, em um sistema de saúde já colapsado.
Ameaças para um golpe militar são sempre ditas pelo
presidente quando é contrariado em seus desejos. Mas ameaças por ameaça, fico
com a frase de Einstein: “O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim
por aquelas que permitem a maldade. ”
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