A reunião de Bolsonaro, liberada por Celso de Mello, na
última sexta-feira, causou muita indignação. Não para menos de 30% da
população. Eu, particularmente, depois de muito asco, percebi que estava vendo
a reunião da Legião do mal, aquela liderada pelo arqui-inimigo do Superman, Lex
Luthor. Não sei vocês recordam, a Legião do mal era o contraponto da Liga da
Justiça, e assim como no desenho, os super-vilões que se reuniam em seu QG do
mal antes de um ataque, a reunião ministerial não teve estratégias coordenadas
com os ministérios, apenas ideias de ataques a instituições, meio-ambiente e
todos aqueles contrários ao governo. Tudo envolto a ódio e palavrões. Podemos
até fazer um paralelo de quem poderia ser seu correlato na Liga do Mal. Tente
adivinhar quem seria o Lex Luthor, Espantalho, Gorila Grood, Capitão Frio,
Charada e Nevasca.
Chama a atenção alguns pontos. O ponto central, da acusação
de Moro, está esclarecido sobre a interferência. O Presidente fala sem sombra
de dúvidas em interferência, onde quer que seja, além de afirmar possuir um
sistema próprio de informações, que é mais grave. Bolsonaro e os filhos estão
cercados, em diferentes frentes de investigação, no STF e na Polícia Federal.
Marielle, rachadinhas, Queiróz, milícias, fake News e vídeo agrava ainda mais a
situação do presidente, porque confirma o Moro, no que toca a intervenção na
PF; já são mais de 36 os pedidos de impeachment. Um recorde. Aquela agenda de medidas anticorrupção feitas
como promessa de campanha, foi demonstrada que nunca foi interesse de ser
implementada. Agora, outra promessa, a de ser um herói solitário contra
corruptos também foi por água abaixo, tendo que fazer alianças política
duvidosa para permanecer-se no poder.
Outros pontos: O Ministro da Educação, chamando de
Vagabundos os Ministros do STF. O pior ministro da educação da história, que
recentemente negava o adiamento do ENEM, alegando que não é um ministério de
assistência social e teve votação recorde no senado contrário (apenas Flávio
Bolsonaro votou contra), falou de maneira inapropriada e criminosa contra as instituições
do país. Anteriormente, em redes sociais, já falou impropérios sobre a China e
tem teorias estapafúrdias sobre a história. Uma frase, que pode ser linkada com
o Ministro do Meio Ambiente, “Odeio esse negócio de povos indígenas. ”, mostra
o abismo em que estamos lidando. A vergonha alheia é tão grande que quando a
Coreia do Sul estava no meio de uma crise política e a beira de um impeachment,
o BTS lançou uma música indignada sobre a elite social e ainda usou falas do
ministro da educação.
A Ministra dos Direitos Humanos, falando em prender
governadores. Como se não bastasse a agenda conservadora baseada na religião evangélica,
defendida na reunião, pediu, criminosamente, a prisão de governadores. Curiosamente,
conseguiu reunir no mesmo contexto: ucranianos, ciganos, aborto e seringueiros.
O Ministro do meio ambiente, propondo, aproveitar a pandemia
para aprovar a passar a boiada, um pacote contra o meio ambiente. Nesse caso, o
próprio ministro pediu para unir esforços para tal crime, mas com não existem
planos ou estratégias, fica no discurso, para que exista o esforço apenas do
presidente que a devastação ocorra o mais rápido possível. Nunca se viu na
história do Brasil, uma devastação nesse grau de violência, descaso,
desarticulação de instituições de apoio e legislação para grileiros.
Dentre outras falas, como a do Ministro Paulo Guedes,
falando que o Servidor público é um problema, que auxílio emergencial gera
vagabundo, chama a atenção o nível de mais baixo calão usado entre seus
interlocutores. As cenas não liberadas, já podemos imaginar o que viria a ser.
Agora, o mais triste para a sociedade é a intenção de armar a população para
enfrentar uma guerra civil no futuro. Inaceitável. Mas o presidente que a todo
custo essa possibilidade. A insistência, lembra bastante um ídolo de Bolsonaro:
"Mussolini diz que só um povo armado é forte e
livre" (Correio da Manhã, 12/8/1937)