Muitas vezes o me encanta nos Estados Unidos também é o que
me assusta. Como não se empolgar com a vitalidade do país, a possibilidade de
seu projeto acontecer sem problemas orçamentários, o cinema sempre se
superando, a capacidade de buscar a ponta científica, assim como é impossível o
que ela custa ao mundo e a nós. O que o modo de vida em função apenas do
dinheiro faz a um país com fome de usurpar. Não é preciso ressuscitar chavões
anti-imperialistas, para se sentir nas entranhas do monstro.
Não dá para defender em nenhum momento a política contra
imigração americano, que beira a loucura nazista. A postura de tolerância zero
para qualquer imigrante, traz à tona muitas distorções e cada vez mais, uma
faceta aterrorizante de uma direita ultraconservadora americana, tendo um
presidente que foi filho de um membro da KKK. Para quem viu a série sobre o
Trump, que dá golpe até no irmão, tudo pode acontecer. Eu confesso que não
consegui assistir a tudo, pois o meu sistema gástrico me ajudou a não terminar
e tive que conversar com cellite bocão. Outro dia, uma corredora estava fazendo
seu treino na praia e quando passou a linha imaginária de fronteira, foi presa
sem recursos...em que tempos estamos vivendo?
Não há como não ficar chocado com a separação de crianças de
seus pais. Não tem justificativa plausível para isso acontecer. Apenas
ditaduras que não precisam se justificar perante ao país e ao mundo. Por que
não existe algum tipo de intervenção contra um ato bárbaro como esse? Crianças
imigrantes arrancadas de seus pais e enviadas para centros de detenção
separados, trancadas em gaiolas, sem nenhuma idéia de quando eles vão se reunir
com suas famílias. Uma catástrofe dos direitos humanos.
Se pensarmos, na formação americana, encontraremos, assim
como no Brasil, a formação de uma elite que pretende dominar os mais fracos
pela força, através da institucionalização de seus ideais. A escravidão nos
EUA, por exemplo, durou 250 anos e era uma atividade legal. O Holocausto era
legal. A escravidão era legal. A segregação era legal. A legalidade não é um
guia para a moralidade. Não só as crianças escravizadas eram rotineiramente
separadas de suas famílias, mas do final do século XIX até a década de 1970, as
crianças eram enviadas para as bárbaras “escolas indígenas”, onde seus cabelos
eram cortados e seus nomes e cultura eram arrancados. Muitos deles nunca viram
suas famílias novamente. Por isso, é fácil entender por que essa atitude do
governo tem apoio do Congresso. Na raiz da atual crise de direitos humanos nas
fronteiras americanas está a supremacia e a intolerância branca.
Afinal de que lado você está? Separar crianças de seus pais,
pondo-as em gaiolas, é demonstração de ódio à humanidade por parte dos EUA. E
nesse caso, você consegue se levantar contra seu dominador? Contra aquele que
explora seu país e você diz amém?
Os EUA anunciaram sua saída do Conselho de Direitos Humanos.
O problema são os direitos humanos ou uma política belicista sem precedentes
que estamos vendo renascer? A cultura do ódio disseminada como política,
destruindo como um trator tudo o que eles pregam como tendo justificativa na
Bíblia.
Mas agora, com o mundo fazendo críticas ostensivas, Trump
volta atrás e revoga a lei.
Mas o que vem depois?
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